RUMOREJANDO – por juca (josé zokner) / curitiba
PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.
Constatação I
Quem estuda cálculo infinitesimal e integral se depara com o capítulo “função de função” que é expresso da seguinte maneira: y = f(x) que se lê como y é função de x e, por sua vez, x = f(z) que é lido como x é função de z. Logo, y = f [f (z)], ou seja, y é função de função de z. Bem, quando da época da ditadura militar no Brasil, numa certa fase, o país estava sendo presidido pelo general Costa e Silva. Seu vice-presidente era o civil Pedro Aleixo. Eis que um enfarte mata ogeneral Costa e Silva. O vice Pedro Aleixo se veste com um terno de corte impecável para ocasiões muito especiais e sai de casa, lépido e, digamos, gracioso, para assumir a presidência, no que é impedido pelos três ministros militares que assumem o comando do país. O que, sem dúvida, se constituiu num golpe função de outro golpe. Em suma, numa função de função. O que se infere, de imediato, que é elementar, minha gente, o que é função de função. Mais elementar, ainda, era dar golpes em certos países, continentes, e outros assemelhados… Em alguns, ainda é…
Constatação II (De conselhos úteis).
Tomar um chimarrão, dentre outros e/ou outras, ouvindo uma música clássica de Mozart, Bach, Vivaldi e autores outros da preferência do cidadão ou cidadã é uma excelente terapia para esses tempos tempestuosos do país com um altíssimo grau de violência e outros também assemelhados imperando. Naturalmente desde que seja uma erva não muito forte para não deixar o pobre do mortal muito mais elétrico do que o coitado já anda. De nada.
Constatação III (Via pseudo-haicai).
Um resquício
Na conta corrente.
Que suplício!
Constatação IV
Pai! Não os perdoai, porque eles continuam não sabendo o que fazem…
Constatação V
Rico emagrece no spa; pobre, não precisa tomar quaisquer providências.
Constatação VI
Não se deve confundir enjoado com enojado, muito embora existam atitudes que nos deixam nas duas condições simultânea e indistintamente.
Constatação VII
“Tá escrito aqui que o euro voltou a cair e tem o menor valor em quatro anos”, disse a mulher que estava lendo o jornal de domingo. “E ele se machucou?” perguntou o marido que não tirava os olhos da televisão que tava transmitindo o desfile das misses em maiô para a rainha de qualquer coisa (Não foi possível apurar exatamente para quê. Perdão, leitores por essa nossa omissão).
Constatação VIII
Declaração recente e oficial da Unesco, Organismo das Nações Unidas: “O tango é Patrimônio Cultural da Humanidade. Este assim chamado escriba, que tem paixão pelo tango, acha “merecedíssima” a outorga da Unesco. Vale lembrar que o argentino R. Ostuni no seu Trinta versos para sentir o tango incluiu que “O tango é tão antigo como o homem, nasceu com a primeira dor da alma”. Provavelmente também com dor de cotovelo que o nosso Lupicinio Rodrigues foi um digno representante. Rumorejando, sem qualquer inveja dos hermanos, cuja diferença se resume apenas – e não mais que apenas – ao futebol – acha – data vênia, é claro – que o nosso samba também mereceria ser Patrimônio Cultural da Humanidade. Ao contrário do tango, pela sua alegria da alma. Tenho sem patriotada dito!
Constatação IX (De uma senhora em dúvida meio crucial).
“Foi a horrível
Da petulante
Que, por incrível
Que pareça,
Me disse algo interessante:
“Não esmoreça
Na crise atual,
Nem pereça
Com a situação.
Mude o visual,
Fazendo unha e cabelo,
Com muito desvelo.
Apareça
Lá no meu salão.
Preço de ocasião!”
-“Sei, não…”
Constatação X (Grande Monteiro Lobato).
Mostrou pertinácia
Ao dizer que no Brasil
Havia petróleo,
“Basta que se sonde”,
O criador de Tia Anastácia
No livro infantil
O poço do visconde.
Constatação XI
Resvalo,
Sem querer
Na gatona.
Que dona!
Não precisava
Nem eu esperava
Ela me dizer:
“Cavalo!”
Constatação XII
Rico especula preço, terras, prédios, casas e dólar; pobre, não tem porque, em que, com que e para que especular.
Constatação XIII
Quando o goleiro começou, no final da partida, justificar como deixou passar aquele chute despretensioso do meio do campo, permitindo que a partida que parecia ganha e que terminou empatada, Rumorejando ficou com uma dúvida crucial: Se ele quis dizer que o jogo só termina quando acaba ou se o jogo acaba quando termina. Quem escutou a entrevista e puder esclarecer, por favor, comentários no blog indicado a seguir: http://rimasprimas.blogspot.com
Penhoradamente nossos efusivos e respeitosos agradecimentos.
Constatação XIV (De uma dúvida, não necessariamente crucial, de quem não sofre de complexo de perseguição e julga que tem “desconfiômetro” que funciona às mil maravilhas).
Por que será que me perseguem e nunca me convocam para defender a seleção de quaisquer esportes que se pratica por esse mundo afora? Quem souber, por favor, etc. Obrigado.
Constatação XV
Deu na mídia: “Ronaldo Fenômeno se reconcilia com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira”. Taí mais uma notícia de transcendental importância para o futuro da Humanidade.
DÚVIDAS CRUCIAIS
Dúvida I (De uma fofoqueira, atingindo dois, ou melhor, duas coelhas com uma só cajadada).
É a caquética
Que é aparentada
Da atlética
Espiantada ?
Dúvida II
Foi a tomada que espalhou que o plugue andava tomando viagra ?
Dúvida III(Via pseudo-haicai).
A turma nem fica lívida
Com sua dolarizada
Impagável dívida ?
Dúvida IV (Meio surrealista).
O carreto pra levar o lápis
Da Terra até a Lua
Não saiu grátis ?
Dúvida V
Foi a aranha
Que não creu na patranha,
Estranha,
Contada pelo “aranho”,
Fazendo manha ?
“Estranho !?”
Dúvida VI
Pingue-pongue
Ela tava jogando,
Tudo mostrando
Só de “sarongue” ?
Dúvida VII
Essa crise geral
Deixou a emergente
Soturna e noturnal
Igual
A todo mortal,
Como a gente ?
Dúvida VIII (por atacado).
A tangente é por pouco uma quase secante ? E o arco tem complexo por não ser diâmetro ? E foi o raio que mandou o diâmetro para o raio que o parta ? E no teorema de Pitágoras todo mundo é quadrado ? Quem nasce circunferência nunca freqüentará o circulo ? O lado do quadrado é uma diagonal dividido por uma certa ou incerta raiz quadrada ? O cone tem complexo de inferioridade por valer apenas 1/3 do volume do cilindro ? O trapézio está para o retângulo assim como o camelo está para o cavalo ? A Lemniscata de Bernouilli é um oito cansado ? Ou o infinito é um oito deitado ? A elipse, a parábola e a hipérbole de figuras geométricas passaram a figuras de retórica ? 69 também é número cabalístico ? O número pi ao quadrado é somente o produto de 3,14159 por ele mesmo ? O tetraedro não tem nada a ver com o icosaedro ? O pentágono despreza o hexágono, o heptágono e o octógono só porque se julga importante já que tem o seu nome usado na maior potência do planeta ?
Dúvida IX
Era naquele cartaz que estava escrito: “Não escrevemos nada aqui porque não temos nada a escrever” ?
Dúvida X
Ela fez firula
Para não comer
Por temer
O pecado da gula ?
Dúvida XI
A tua perda, com a desvalorização do real, foi uma rima rica ?
Dúvida XII (Via pseudo-haicai).
Acha o sonhador
Que com a euro
O aplicador
Não
Ficará tão
“Neuro” ?
Dúvida XIII (Perdão, leitores, o péssimo latim).
Nosso triste destino é ser, para todo o sempre, por “seculae seculorum”, “ad eternam”, o país com um futuro sem corruptos ? (De acordo com estudo da Fiesp, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, “o custo” da corrupção pode variar entre R$ 41 bilhões e R$ 69 bilhões por ano).
Dúvida XIV
Quem dominar
O computador
Deverá se tornar,
No futuro,
O grã-senhor
De tudo que é burro?
RONALDINHO por hamilton alves / ilha de santa catarina
Vou dar uma de cronista esportivo, função que exerci na distante juventude, nos bons tempos da Rádio Guarujá e de uma folha no jornal Diário da Manhã, que era dirigido por Zedar Perfeito da Silva, tradicional nome do nosso jornalismo, para cujo trabalho fui convocado pelo Pedrinho Luz, meu particular amigo.
Hoje, vi uma notícia na TV que o organizador da Copa estranhou (e lamentou) que Ronaldinho, que é fora de dúvida um craque (diga-se o que se quiser dizer dele), não foi convocado.
Burrice de Dunga.
Houve a burrice histórica de Felipão, que não convocou Romário, que se hoje joga ainda a bola que joga, imagine-se naquele tempo. Quanto poderia ter sido útil à seleção. Felizmente, o escrete, sem Romário, foi campeão do mundo. Não fosse, Felipão teria seu ingresso de retorno ao Brasil vetado. Provocaria a revolta da torcida, de certo. E bem feito para ele. Torci para o Brasil perder por essa inominável burrada. Mas tudo deu certo, no fim, para o teimoso Felipão. Alegou que Romário era indisciplinado. Não admitia que um jogador o fosse. Ora, para que tem psicólogo dando sopa por aí. Era só conversar com Romário e lhe dizer que no time de Felipão quem dava as cartas era ele. Romário chorou para figurar na seleção. Mas as lágrimas dele não comoveram o coração de pedra do técnico.
Agora, repete-se a história. Dunga não convocou Ronaldinho. Corre um risco enorme. E, pior, enfraquece o poderio do time. A seleção ainda precisa do futebol de Ronaldinho.
É um craque consumado.
Ainda há pouco, num jogo do Milan, na Copa dos Campeões da Europa, vi o lance magistral de dar um passe para o Pato, apenas com um leve toque na bola, sem deixar que tocasse o chão, de bate pronto; colocou o companheiro em condições de marcar um belo gol. Que outro jogador seria capaz de executar um lance com essa categoria? Pouco, pouquíssimos.
Mas o diabo é que os técnicos se arvoram em donos da verdade. Quando batem pé numa decisão, mesmo que seja burra, não há o que os demova.
Dunga vai se arrepender de bancar o teimoso.
Felipão ainda teve a sorte de levar o caneco para o caso de não ter convocado Romário.
E como é que vai ficar Dunga se o Brasil não se classificar nem para as quartas de final?
Terá seu retorno vetado ao Brasil, certamente.
Ou na melhor das hipóteses a torcida vai ficar de mal com ele. E vaiá-lo à chegada.
Atenção: alguém bate palmas no portão – por alceu sperança / cascavel.pr
Mesmo os mais ferrenhos inimigos de Darwin tremeram nas bases quando morreu o macaquinho no Parque Ecológico. A paranóia da febre amarela evidenciou comportamentos contraditórios mas muito humanos, como a corrida aos postos de saúde para vacinação, mesmo que durante meses a fio os agentes de saúde tenham ido de casa em casa avisar e deixarfolheto exortando para a vacinação no posto de saúde mais próximo.
Passado o primeiro terror, veio o departamento das culpas: é do prefeito? É do mosquito? É da falta de vacina no posto? Deve ser do vizinho que deixa o pneu com água, do desafeto, da sogra. Mas essas são, talvez, as pequenas culpas. A grande culpa mora fora do alcance imediato de nossos brados e braços.
O biólogo francês Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, de Paris, que em 1983 identificou o vírus causador da Aids, avisou o que virá depois dela: os políticos que tanto criticamos se tornarão apenas joguetes manipulados por oligarquias econômicas crescentemente maiores, com um poder muito superior ao deles. Essas oligarquias tendem a aprofundar o descontrole sobre as modificações ambientais.
Além de sermos um enorme fazendão, lotado de peões de gravata ou pé descalço a serviço de tais interesses, todos tossem e se envenenam com a produção de alimentos industrializados sobre os quais o consumidor não tem o menor controle.
Está aí à vista uma agropecuária que pensa com amor no animal europeu e com ódio e gana assassina no compatriota sem-terra. E todos sofrem uma poluição química avassaladora que, diz Montagnier, “conduz a desastres de saúde por exposição a produtos carcinogênicos, doenças respiratórias e depressão do sistema imunológico”.
Tal poluição se evidencia pelas dioxinas disseminadas por incineradores de lixo e pela indústria pesada, pesticidas com efeitos cancerígenos, a doença da vaca louca, gripes aviária, suína e vai por aí.
Como resolveremos isso xingando o prefeito, o vizinho ou a sogra? Eles devem ter lá suas culpas, debilidades e omissões, mas essa coisa toda vai continuar, a menos que haja uma radical transformação no plano mundial. Terá que ser radical, sim. Primeiro anticapitalista e em seguida pós-capitalista.
As pessoas são bombardeadas a todo instante por mensagens subliminares segundo as quais não podemos nem há sentido em lutar contra os donos do mundo. O máximo que podemos fazer é agredir o vizinho, xingar o prefeito, brigar com a sogra.
O funâmbulo da TV, o bom-samaritano do rádio, o padre, o pastor, as ongs de todos os tipos, os empresários bonzinhos e sua responsabilidade social nos dizem, ano após ano, década após década, que somos impotentes diante de uma realidade que nos esmaga e tudo que podemos fazer é confiar neles. Como nada resolvem, só restam a indiferença, a desistência, a submissão.
Mas fé cega é faca amolada. A combinação de submissão, que é falta de juízo, com indiferença, que é egoísmo, e desistência, falta de patriotismo, é concordar que os donos do mundo continuem sendo os patrões deste enorme fazendão no qual nossa cidade, nosso Estado e nosso País se transformaram, com a conivência de “democratas”, “trabalhistas”, “verdes”, “socialistas”.
O sofrimento dos nossos concidadãos, se não for mitigado, cedo ou tarde baterá palmas no portão, apertará a campainha da porta ou arrombará nossa janela.
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