“E para que ser poeta
em tempos de
penúria?”
Insepulta jaz a pergunta acima
e bem acima do motivo
supostamente íntimo
visto no verso de um dos últimos poemas de Roberto Piva.
A inquirição, franca, fende a fina porcelana de cera dos ouvidos.
Sabemos da penúria,
porém não queremos saber dela.
Plantamos a flor carnívora,
mas desviamos a vista
quando o jardim do pecado
castiga com isso:
indiferença, acídia, tédio mortal
no peito de avestruzes
(os do estômago forte
para literatura feita
com lixo).
Fernando Monteiro, eu leio sempre no “Rascunho”, todos os meses na BIblioteca Pública. Ele, para mim, é um alto poeta e escritor talvez para poucos (pois sua “praia” não é fazer gracinhas para o mercado, como, por exemplo, um Carpinejar)…