Sampa é uma festa (auto)móvel. Sumpa, uma festa junina. – ewaldo schleder / ilha de santa catarina
Sampa é uma festa (auto)móvel.
Sumpa, uma festa junina.
Presente célere: passado. Instala-se o inverno, 24 de junho, dia de São João.
Mas faz calor de primavera em São Paulo – posso ficar em casa
de camiseta e bermudas (acostumado com Florianópolis).
Na rua venta um pouco e deixa o sábado especialmente agradável.
Tati descansa de nosso percurso solo: ônibus urbano e demorada espera
pós-aeroporto, depois da viagem tranquila desde Curitiba.
Incongruências no transporte, na interação entre ar e terra =
uma hora de avião + 40 minutos no desembarque e bagagens
+ uma hora e dez de espera do ônibus urbano + 35 minutos
entre aeroporto e Tatuapé + 15 minutos de táxi até a Mooca.
Sampa, sumpa – o que vim fazer aqui?, além de acompanhar a Tati
em sua transição de trabalho daqui a curita.
Moro em floripa e lá eu deveria estar, em minha casa, sossegado.
Arrependimento não se aprende, ouso concluir.
Noutro dia faz frio e chove. Gelam os pés, a alma, as cobertas.
Só Tati, minha namorada, é preciso, somos precisos.
As atrações culturais e boêmias da metrópole não compensam
as aberrações da sub-urbe densa de gente. Os apelos da famosa
movida paulista não valem o impacto poluente
(som, imagem, movimento, detritos) de lata e borracha, do ar chumbado,
proporcional à escala automobilística: e o consumo estimulado
nas classes sócio-econômicas ascendentes, sofisticado nas elites,
consagrado nas camadas compactadas pela vox media, vox populi.
Emergente realidade no País novo-rico e mal-educado;
grande por fora e pequeno por dentro – como a Casa Feres, lá dos pinheirais.
Domingo na paulicéia – a desvairada, a airosa. Garoa. Mudo de assunto, mas nem tanto.
Penso nos brasis: dos pinheiros, das palmeiras, da soja, das matas,
das águas doces e salgadas. A fartura natural incomoda a tecnologia e o capital;
ainda que, respectivamente, a sirva e o sustente. Escassez, finitude, nem pensar.
Aceleramos a demolição: tijolos partidos, madeira aos retalhos, vidros trincados,
ferros retorcidos, cimento rachado, pedras lascadas, entulhos;
a energia motriz da industrialização a recortar a natureza, a extinguir espécies;
os cálculos estruturais superam a sensibilidade, a sabedoria popular,
o instinto animal dos trópicos. Nada de novo debaixo do sol.
De janeiro a janeiro corre o rio Tietê.
Repartimos o que há no horizonte mais próximo. Buscamos e nos acomodamos,
enfim, aos nossos dois metros quadrados de felicidade. Ou de possibilidade.
De segurança? Locamos e assistimos filmes, lemos livros, revistas e jornais,
Ouvimos músicas. Bebemos. Mastigamos. Ruminamos. Mergulhamos na internet.
Bate o pânico, síndrome planetária.
Tati, paixão hibernal, colo! Teu colo. Sou hóspede da centenária
Mooca (tupi: fazer oca), bairro do clube ítalo-brasileiro Juventus.
Vila adotada por imigrantes lituanos e iuguslavos. Espaço histórico,
do Cine Santo Antonio, anarquista e comunista, berço da pizza tropical.
Pedimos uma de 2 sabores: nota dez. Durmo até achando que aqui mesmo
terminam os descasos brasileiros: a velha, a boa, a cúmplice pizza.
Nostalgia do futuro: – éramos cordiais aqui, Tati, minha paixão transcendental!
Germano Rigotto lança livro na Capital – porto alegre
Tarso Genro e Olívio Dutra estiveram na sessão de autógrafos da publicação na qual o autor faz uma reflexão sobre os rumos que o Brasil deve seguir para se tornar uma potência.
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