Arquivos Mensais: agosto \31\-03:00 2010

WILSON BUENO Curtacine na Subsolo Terça 31/08/ 19:30h / curitiba

A VIDA SE INDO

Wilson Bueno: Meu tio Roseno, a cavalo

audiovisual curta-metragem dvd 15′

(de Ewaldo Schleder)

Curtacine na Galeria Subsolo *

Terça – 31/08 – 19:30h

Av Iguaçu, 2481

3019 8701


* Segue exposição “Arte Postal,Mail art” até 11/09.

Retrospectiva de Alex Cabral, Dario de Souza e Hélio Leites

JORNAL NACIONAL e o APOCALIPSE !

PARA O JORNAL NACIONAL, O BRASIL É UM HORROR!

Se você acordar de manhã com a Miriam Leitão e dormir com o William Waack, no dia seguinte pede asilo à Embaixada do Haiti.
No
Amapá – onde começou a série patrocinada pelo Bradesco -, em Pernambuco e no Paraná,
onde o jornal nacional pousar haverá sempre uma desgraça haitiana.
Com um jatinho da
Embraer e o patrocínio do Bradesco.

Interessante que o Bradesco, neste segundo trimestre de 2010, tenha lucrado a bagatela de R$ 2,5 bilhões.
Neste segundo trimestre de
2010, quando Lula tem 80% de popularidade, o Bradesco se aproveitou, segundo Luis Carlos Trabuco Capri, (jornal ValorGlobo -, pág D6, de 29 de julho de 2010) , presidente do Bradesco, do “cenário de mobilidade social”:
“Nos últimos três anos,
dois milhões de clientes (do Bradesco) migraram das classes D e E para a classe C”, diz Trabuco.

“Dos atuais 20,6 milhões de correntistas pessoas físicas (do Bradesco) cerca da metade pertence À CLASSE  C”.

QUE HORROR!, dirá o Casal 45. (William Bonner e Fátima Bernardes).

E, por isso, não é difícil entender que o Lula tenha 80% de aprovação ou que a Dilma possa ganhar no primeiro turno. O que não se entende é o Jornal Nacional manipular o patrocínio do Bradesco para essas aventuras aero-rocambolescas pelo Brasil afora com o objetivo de mostrar que o Brasil não passa de um Haiti.

– “Fico imaginando quando este avião sobrevoar o Piauí, meu Deus!”, profetiza Zeferino Pinuca, morador de Campo Maior, cidade situada a 80 km da capital, Teresina, e uma das maiores do Estado. “Não ficará um pé de carnaúba em pé pra contar nossa históra!”, arremata o irrequieto Pinguim, figura folclórica e apavorado eleitor do Lula.

.

by jenipaponews.

LA MER de tonicato miranda / curitiba


para Jairo Pereira e Achille Claude Debussy

.

choro neste dia claro estas incontidas marinhas lágrimas

na ponta da pedra debruço-me em minhas vagas de mágoas

depois vou até os píncaros deste incandescente azul celeste

junto-me ao vôo do gavião e ao seu prestigioso bico agreste

.

Debussy e seus timbres marolam águas, marés indo e vindo

é La Mer no alto de mim, o céu daqui é este precipício lindo

vontade de me jogar céu abaixo, mar adentro, no olhar da raposa

para brilhar na água com o pó de ouro do poema de Cruz e Souza

.

mas não, Oh! Grilhões, por que me apertam como a um parafuso

meus pés presos ao chão estão, minha cara presa ao horário fuso

sou apenas a inveja dos pássaros no céu, das baleias no mar

dos acordes do músico a dedilhar notas em mim, soltas a farfalhar

.

preciso doar o ruído do vento ou a planície a quem passar manso

aquele que pingar sobre mim o amor ou a morte como descanso

preciso partir meu corpo em milhentos pedaços doando-o à minhoca

dá-me o penúltimo sorriso da flauta, para ir feliz a minha última toca

DILMA tem 51% e serra 27%, aponta IBOPE


Marina registra 7%. Margem de erro é de 2 pontos percentuais.
No cenário com segundo turno, Dilma tem 56%, e Serra, 32%.

Do G1, em São Paulo


INTENÇÃO DE VOTO PARA A PRESIDÊNCIA
Resposta estimulada e única, em %
Dilma (PT) 51%
José Serra (PSDB) 27%
Marina Silva (PV) 7%
Eymael (PSDC) * 0%
Ivan Pinheiro (PCB) * 0%
Levy Fidelix (PRTB) * 0%
Plínio (PSOL) * 0%
Zé Maria (PSTU) * 0%
Brancos e nulos 5%
Indecisos 9%
* não atingiram 1%
** O candidato Rui Costa Pimenta (PCO) não foi citado por nenhum entrevistado

DILMA e trabalhadoras de SP

A candidata Dilma Rousseff (PT) aparece na frente na corrida pela Presidência da República, segundo pesquisa Ibope de intenção de voto divulgada neste sábado (28). A petista tem 51% das intenções de voto contra 27% do adversário José Serra (PSDB).

De acordo com o Ibope, em terceiro lugar está Marina Silva (PV), com 7%. No  levantamento anterior do Ibope, realizado dos dias 12 a 15 de agosto, Dilma tinha 43%, Serra, 32%, e Marina, 8%.

A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos para mais ou menos. Isso indica que Dilma pode ter entre 49% e 53% e Serra, entre 25% e 29%. A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

Os eleitores que responderam que votarão em branco ou nulo somaram 5% e os que se disseram indecisos, 9%.

Dos demais candidatos, Eymael (PSDC), Ivan Pinheiro (PCB), Levy Fidelix (PRTB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) e Zé Maria (PSTU), nenhum alcançou 1% das intenções de voto. O candidato Rui Costa Pimenta (PCO) não foi citado por nenhum dos entrevistados.

O Ibope ouviu 2.506 eleitores com mais de 16 anos em 171 municípios de terça-feira (24) a quinta-feira (26). A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 26139/2010.

Votos válidos

De acordo com o Ibope, considerando-se apenas os votos válidos, excluindo brancos, nulos e indecisos, Dilma tem hoje 59% das intenções de voto, Serra, 32%, e Marina, 8%. Outros candidatos não atingiram 1%. O candidato do PCO, Rui Costa Pimenta, não foi citado pelos entrevistados. Nesse cenário, se as eleições fossem hoje, Dilma poderia ser eleita no primeiro turno.

Segundo turno
Em um eventual segundo turno entre Dilma e Serra, o Ibope apurou que a petista teria 56% e Serra, 32%. Brancos e nulos seriam 6%, e indecisos, 7% (a primeira versão deste texto apontava, erradamente, que Dilma teria 55% no segundo turno). Na pesquisa anterior, as taxas de Dilma e Serra eram de 48% e 37%, respectivamente.

Avaliação do governo
O levantamento também mostrou como os eleitores avaliam o governo Lula. Para 78%, o governo é ótimo ou bom; para 17%, regular; para 4%, ruim ou péssimo.

foto livre. publicação do site.

GETÚLIO E LULA por hamilton alves / ilha de santa catarina

Um articulista, Emir Sader, em breve análise da conjuntura política brasileira, desde os idos de Getúlio Vargas, cujo aniversário de morte (disparou um tiro contra o peito, no Palácio do Catete, no Rio, quando presidente) deu-se há dias – 24 de agosto de 1954 – destaca seu papel de ter promovido mudanças fundamentais na economia nacional, o que, na realidade, não se pode negar, não obstante ter que se ressaltar que fez tudo isso impondo uma ditadura que se caracterizou por ser de certo modo violenta, inclusive com cerceamento da liberdade de imprensa, elegendo-se Filinto Muller, conhecido por sua truculência, como Chefe do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que possuía o “physique de role” para o cargo, que veio a morrer num acidente de avião numa viagem a Paris pouco tempo depois.                                                     O articulista destaca a ação do governo de FHC, que terias sido diametralmente oposta à de Getúlio, que afirmara que ia virar a página do getulismo (FHC nunca, que eu saiba, mencionou essa linha política contrária à de Vargas, até porque como sociólogo sabia a dívida social que o Brasil tinha com o governo de Getúlio, com as mudanças estruturais havidas por essa época). Não seria tão tolo de não enxergar isso. Volta-se a dizer: só que Vargas impôs essa política com mãos de ferro, no vai ou racha.

O que FHC fez ou deixou feito foi o Estado desatrelado da economia, o que era a linha recomendada à época, com Margaret Tatcher, primeira ministra inglesa, revelando-se bem sucedida com a adoção do liberalismo econômico, em que o Estado tinha mínima intervenção, longe do estatismo, que era coisa  obsoleta. Sabendo-se quanto foi bem sucedida com tal método, a ponto de ser seguida por muitos estadistas em todo o mundo, inclusive FHC, que por duas vezes foi eleito presidente – e deixou um largo caminho aberto para que Lula praticamente nada mudasse em sua política econômica – o Plano Real está aí para demonstrá-lo cabalmente.

Dizer que FHC sabia que o neoliberalismo era incompatível com o processo estatizante de Getúlio, que pagou com a vida a estatização da Petrobras (não bate essa alegação com a verdade histórica – o suicídio de Getúlio não teve nada a ver com a estatização da Petrobras), é outra alegação infundada. Os tempos de ambos eram outros. A linha política de Vargas não era de caráter socializante; social, sim. A liberdade que se imprimiu, em seu governo (de FHC), ao capitalismo era triunfante à época, com alguns Estados europeus, Alemanha, França, Inglaterra e outros, revelando-se bem sucedidos, com os Estados socialistas caindo de podres (URSS à frente). Nem falar-se em Cuba.

O que Lula tem feito é permitir o Estado neoliberal por outros meios. Está aí o fato de que a rede bancária nunca ganhou tanto dinheiro. Bancos como o Itaú, Bradesco e o Banco do Brasil jamais faturaram tanto, com bilhões de lucros, além de ampla concentração de renda.

Além do mais, pretender comparar Lula a Vargas, da importância de um à de outro, no que diz respeito à reforma social brasileira, é ridículo.

O Brasil pintado (ou o governo Lula) pelo Sr. Emir Sader é simplesmente falso.

O LADRÃO CHIPADO por alceu sperança / cascavel.pr


Alguns acreditam que a educação é a resposta para todos os problemas do País. No entanto, a maioria dos grandes canalhas, aqueles que mais dão prejuízo ao povo, são gente muito bem educada.

Têm seus canudinhos desdobrados nas paredes de luxuosos escritórios, muitos ostentam um “dr” à frente do nome. Há pilantras com mestrado e doutorado, os barões assinalados da safadeza moderna.

Nos laboratórios desses espertos detentores do melhor conhecimento, perseguem-se vários sonhos de dominação e poder: como transmitir a mentira sem parecer que é coisa falsa? Como roubar o otário sem dar muito na vista dele? Como fazer com que ele pense o que queremos, acreditando que pensa por si mesmo?

Isso vem sendo feito, sempre, pela ideologia, com suas escolas, igrejas, imprensa, TV, publicidade. Ela faz o coitado acreditar que é contra ou a favor de tal coisa porque “pensa” aquilo. Ignora que desde ao nascer está sendo orientado para ter essa “idéia” e esse comportamento.

É assim que “escolhe” time, crença, igreja, partido, candidato. De acordo com aquilo que meteram na cabeça dele enquanto ainda era um mamador de leite e depois tomador de Coca. Alguns acordam e mudam, outros ficam escravos a vida toda.

Isso dá em que o iludido participa alegremente de eleições compradas e fortemente viciadas (caixa 2, mensalões, financiamento privado), e julga isso democrático. Aí, desanda a falar mal sobre o que não conhece, como as eleições na Suíça e em Cuba, onde nenhum dirigente governa sem antes ter sido eleito por sua comunidade.

Aqui, o sujeito pega um balaio de dinheiro, encomenda um mandato e ele é entregue na data aprazada por uma empresa de marketing. Às vezes vem um mais malandro e rouba o peixe já na rede, mas aí depende de quanto talento o dinheiro conseguiu comprar.

Dizia Graciliano Ramos: “Se o capitalista fosse um bruto, eu o toleraria. Aflige-me é perceber nele uma inteligência safada que aluga outras inteligências canalhas”.

Marx e Engels diziam que o capitalismo tornou a sabedoria, também ela, um objeto de compra e venda: “A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus servidores assalariados”.

Todos temos medo do ladrão chapado, que queima crack e vem nos infernizar. Mas os sábios que nos induziram a inventar um montão de senhas para esconder os segredos têm técnicas que lhes permitem quebrar o código e ter à sua disposição o conteúdo de nossos computadores, contas bancárias, detalhes da vida pessoal etc.

São os ladrões chipados. Um grupo de pesquisadores dos EUA – claro, há muitos americanos decentes – comprovou que é moleza quebrar a inviolabilidade de informações armazenadas na memória de um computador.

É fácil detonar a BitLocker, da Microsoft (Windows Vista) ou o FileVault, da Apple (usado no Mac OS X). Não é de surpreender que alguns modernos penduricalhos tecnológicos da Petrobrás tenham sido roubados esses tempos.

Os sábios do crime lêem os segredos ocultos por senhas eletrônicas como os moleques lêem gibis do Surfista Prateado. O que acontece ao sair do banco depois de digitar a senha e a máquina não é desligada para sumir a memória RAM?

O ladrão tecnológico recupera a chave e tem acesso aos dados armazenados. Esse ladrão chipado me dá mais medo que o tal Bush e seu seguidor Obama. E quando se juntam os pequenos e grandes ladrões, os chipados e os chapados, ai de nós!

Getúlio e Lula: o mesmo combate – por emir sader / são paulo


Há pouco mais de meio século – em 1954 -, em um dia 24 de agosto, morria Getúlio Vargas, o mais importante personagem da história brasileira no século passado. Ele havia sido antecedido na presidência do país por Washington Luis (como FHC, carioca recrutado pela elite paulista), que se notabilizou pela afirmação de que “A questão social é questão de polícia”, que erigiu como brasão de seu governo, produto da aliança “café com leite”, das elites paulista e mineira (essa que FHC queria reviver).


Getúlio liderou o processo popular mais importante do século passado no Brasil, dando inicio à construção do Estado nacional, rompendo com o Estado das oligarquias regionais primário-exportadoras, e começando a imprimir um caráter popular e nacional ao Estado brasileiro.

Um país que tinha tido escravidão até pouco mais de 4 décadas – o ultimo a terminar com a escravidão nas Américas – , que significava que o trabalho era atividade reservada a “raças inferiores”, passava a ter um presidente que interpelava os brasileiros no seu discurso com “Trabalhadores do Brasil”. Fundou o Ministério do Trabalho, deu inicio à Previdência Social, fazendo com que a questão social passasse de “questão de policiai”, a responsabilidade do Estado.

Começou a aparelhar o Estado para ser instrumento fundamental na indução do crescimento econômico que, junto às políticas de industrialização substitutiva de importações, deu inicio ao mais longo ciclo de expansão da história do Brasil. Promoveu a expansão da classe operária, criou as carreiras públicas no Estado, impulsionou a construção de um projeto nacional, de uma ideologia da soberania nacional, organizou um bloco de forças que levou a cabo o processo de industrialização, de urbanização, de modernização do Brasil.

Getúlio pagou com sua vida a audácia da fundação da Petrobrás, no seu segundo mandato. Foi vítima dos tucanos da época, com o corvo mor Carlos Lacerda como golpista de plantão. Tal como agora, detestavam tudo o que tivesse que ver com o povo, com nação, com Estado. Resistiram à campanha “O petróleo é nosso”, como entreguistas e representantes do império norteamericano aqui. A direita nunca perdoou Getúlio.

Os corvos daquela época – tal como os de hoje – desapareceram na poeira do tempo. Seu continuador, FHC, afirmou que ia “virar a página do getulismo”, porque sabia que o neoliberalismo seria incompatível com o Estado herdado do Getúlio. Fracassou seu governo e o projeto de Estado mínimo dos tucanos.

A figura de Getúlio permanece como referência central do povo brasileiro e se revigora com o governo Lula. Com a consolidação da Petrobrás, com a retomada do papel do Estado indutor do desenvolvimento econômico, da afirmação dos direitos sociais dos trabalhadores e da massa da população.

São Paulo, que promoveu uma tentativa de derrubada do Getúlio em 1932 – movimento caracterizado por Lula como uma tentativa de golpe -, promove Washington Luis e o 9 de Julho (de 1932), com nomes de avenidas, estradas e ruas, mas não tem nenhum espaço público importante com o nome do Getúlio. Não por acaso São Paulo representa hoje o ultimo grande bastião da direita, das forças e do pensamento conservador, no Brasil.

Getúlio foi um divisor de águas na história brasileira, como hoje é Lula. Diga-me o que pensa de Getúlio e de Lula e eu te direi quem você é politicamente. O dia 24 de agosto encontra o Brasil reencontrado com o Estado nacional, democrático e popular, com a soberania na política externa, com o regaste do mundo do trabalho, com mais uma derrota da direita. O fio condutor da história brasileira passa pelos caminhos abertos e trilhados por Getúlio e por Lula.

ALEXANDRE FRANÇA e EDSON FALCÃO convidam: / curitiba

SELO LITERÁRIO DEZOITO ZERO UM CHEGA COM A PROPOSTA DE LANÇAR A NOVA POESIA CURITIBANA.

Dia 2 de setembro a livraria Arte e Letra recebe o lançamento dos livros ‘de doze em doze horas’, de Alexandre França, e a ‘fachada e os fundos’ de Edson Falcão. E no dia 14, no Wonka Bar, será celebrado o lançamento do selo Dezoito Zero Um Cultura e Arte.

O selo Dezoito Zero Um – Cultura e Arte começa as suas atividades lançando dois poetas representativos de Curitiba: Edson Falcão e Alexandre França. É a Coleção Poesia – Dezoito Zero Um que pretende publicar, dentro em breve, mais poetas da nossa cidade, sempre com um apelo visual único, seguindo a tendência de publicações de ponta no Brasil e no exterior. Com a idéia de materializar no objeto livro a idéia central da publicação, os livros da Dezoito Zero Um não possuem texto de contra-capa, logomarcas ou signos que interfiram na apreciação visual de suas concepções: tudo é confeccionado pensando no conceito principal da obra. Na capa do livro do poeta Edson Falcão, por exemplo, temos uma brincadeira com o título “a fachada e os fundos”, quando percebemos que, na contra-capa, este título encontra-se invertido.

LEPREVOST, J B VIDAL E ALEXANDRE FRANÇA, poetas, músicos, atores, dramaturgos, contistas, compositores e amigos.

“Tudo começou com a idéia de criar um selo de música”, conta Alexandre França, editor e criador do selo. “Até então não tinha um nome, daí me veio a idéia de pegar o mesmo nome da minha companhia de teatro, formando mais um braço de produção cultural”. Apoiada pela lei do mecenato da Fundação Cultural de Curitiba, e com design gráfico assinado por Giovanni Dameto da G de Gato, a Dezoito Zero Um pretende, no futuro, publicar coleções de prosa e dramaturgia. Alguns nomes já estão cotados para futuras publicações, como o escritor Luiz Felipe Leprevost, o poeta Rodrigo Madeira, entre outros. “Queremos no futuro formar um bom painel do que aconteceu na cidade nestes anos”, conta Alexandre. Perguntado sobre o significado do nome Dezoito Zero Um, França explica: “é o número do meu apartamento”.

Sobre os livros

Edson Falcão nos apresenta, nos 44 novos poemas desta obra e nos outros 23 retirados de outros livros e incluídos nesta publicação, uma profunda visão do homem contemporâneo nos seus mais diferentes aspectos. Com uma poética seca, na qual o poeta, a partir de uma análise do próprio fazer poético, e de sua infância vivida no interior do Paraná, Edson tece um painel do individuo no meio urbano. O prefácio ficou por conta do poeta Jaques Brand, em que diz: “ Falcão decididamente não tem aquelas qualidades pessoais que levam, no Brasil de 2010, ao sucesso institucional; não é um alcoolista com algum beatnik na ponta da língua, não fala sempre alguns decibéis acima do normal, não morreu, aliás goza de boa saúde (…) A despeito de lhe faltarem esses trunfos, sendo além de tudo um tímido e um discreto, sobra-lhe contudo legitimidade para interessar o leitor que busca, fora da feira literária das vaidades, o fazer poético mais autentico, que vê como água cristalina, que brota de uma fonte situada no interior.”

Alexandre França apresenta seu ‘de doze em doze horas’, que segundo Márcio Matanna ; “ se abre ao leitor como um convite(…), embora Alexandre França nos ofereça um ciclo de manhã, tarde e noite, há sempre uma sensação meio noturna a brotar de seus versos. A manhã se mistura a madrugada, e quase tudo é vivido dentro de salas e quartos, oscilando entre o sono e a insônia. Se cada cidade madura tem seus mitos, então poderíamos afirmar que Curitiba cultiva em si mesmo o mito da solidão e o mito do suicida, a poesia de França cava um túnel rumo ao fundo dessa mitologia. A solidão é um quarto trancado por dentro. E cada vez que um olhar desvia de outro olhar e se olha para o chão, dá-se mais uma volta na chave.”

Serviço

Lançamento dos livros “a fachada e os fundos” de Edson Falcão e “de doze em doze horas” de Alexandre França


Data: 02/09/2010
Horário: 19h30
Local: Livraria Arte e Letra (Lucca Café)
Endereço: Rua Presidente Taunay, 40
Fone: 30166675

Festa de lançamento do selo Dezoito Zero Um Cultura e Arte

Show com a banda Confraria da Costa – e a presença dos poetas Edson Falcão, Alexandre França e Luiz Felipe Leprevost.

Data: 14/09/2010
Horário: 22h00
Local: Wonka bar
Endereço: Rua Trajano Reis, 326
Fone: 30266272

“COISAS DE MARIA-JOÃO” apresenta neste fim de semana (27 e 28/8/10) – ilha de santa catarina

PELA METADE de omar de la roca /são paulo

Pela metade,me dou por inteiro.
querendo preencher o vazio
do corpo,da mente,da vida.
Querendo que o meio vazio
fique meio cheio.
Pela metade me entrego inteiro.
Tanto quanto me permitem
as convenções,os pudores.
Então não me entrego.
Por inteiro cedo as meias palavras,
aos meio pensamentos
meio concretizados.
Por inteiro choro meias lagrimas,
que (re) marcam a trilha ja funda,
na qual a agua nega correr.
Por inteiro recebo o vento que corta.
Me corta ao meio e me divide.
Mas me divide apenas com ele mesmo,
por inteiro.
E sigo assim,aos pedaços.Separado de mim
e unido a mim por inteiro.
Num desenho sinuoso,calcado em papel vegetal,
em multiplas telas,unidas em partes
maiores que o inteiro.

DILMA tem 49%, e Serra, 29%, aponta Datafolha


Marina Silva (PV) alcançou 9% das intenções de voto, segundo o instituto.
Margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

Do G1, em Brasília

INTENÇÃO DE VOTO PARA A PRESIDÊNCIA
(resposta estimulada)
%
Dilma (PT) 49
Serra (PSDB) 29
Marina (PV) 9
Plínio (PSOL) 0
Zé Maria (PSTU) 0
Eymael (PSDC) 0
Rui Costa Pimenta (PCO) 0
Ivan Pinheiro (PCB) 0
Levy Fidelix (PRTB) 0
Branco/nulo/nenhum 4
Não sabe 8
Fonte: Datafolha
0 – Não atingiu 1%

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (26) mostra a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, com 49% das intenções de voto, contra 29% do candidato do PSDB, José Serra. A candidata do PV, Marina Silva, obtém 9% no levantamento.

Dos demais candidatos (Plínio, PSOL, Zé Maria, PSTU, Eymael, PSDC, Rui Costa Pimenta, PCO, Ivan Pinheiro, PSB, e Levy Fidelix, PRTB), nenhum atingiu 1% das intenções de voto. De acordo com a pesquisa, brancos e nulos totalizam 4% e os que não sabem, 8%. Veja os números ao lado.

A pesquisa tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Levando em consideração a margem de erro, Dilma pode ter entre 47% e 51%, Serra, entre 27% e 31%, e Marina, entre 7% e 11%.

O levantamento foi encomendado pela TV Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Foram realizadas 10.948 entrevistas em 385 municípios entre segunda-feira (23) e terça-feira (24). A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número 25.473/2010.

Na pesquisa anterior do Datafolha, feita no dia 20 deste mês, Dilma teve 47%, Serra, 30%, e Marina, 9%.


Votos válidos
Considerando apenas os votos válidos, ou seja, descontando brancos e nulos, a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta (26) afirma que Dilma alcança 55%, o que seria suficiente para elegê-la já no primeiro turno. Serra fica com 33%, e Marina, com 10%.

Na pesquisa anterior, a taxas de Dilma, Serra e Marina eram de 54%, 34% e 10%, respectivamente.

Segundo turno
De acordo com o Datafolha, num eventual segundo turno entre Dilma e Serra, a petista teria 55% e o tucano, 36%. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 53% das intenções de voto, e Serra, 39%.

Avaliação do governo
O levantamento também mostrou como os eleitores avaliam o governo Lula. Para 79%, o governo é ótimo ou bom; para 17%, regular; para 4%, ruim ou péssimo.

Na pesquisa anterior, esses percentuais eram de 77%, 18% e 4%, respectivamente.

Segundo o instituto, com a taxa de 79%, Lula bate novo recorde, tornando-se o primeiro presidente da República a alcançar esse percentual de popularidade nas pesquisas do
Datafolha. O recorde anterior, também de Lula, 78% de aprovação, foi no início de julho.

Fotógrafo cego, esloveno, tem exposição em São Paulo – por luis felipe orlando / são paulo

Evgen Bavcar é considerado um dos mais importantes artistas contemporâneos vivos

Filósofo, cineasta e fotógrafo, o esloveno Evgen Bavcar é considerado um dos mais importantes artistas contemporâneos. Cego desde os 12 anos, ele foi um dos protagonistas do documentário Janela da Alma, de João Jardim e Walter Carvalho, em 2002, e tem agora uma exposição com 15 de suas fotos em São Paulo.

A mostra Estética do (in)visível tem 10 imagens em preto e branco e cinco coloridas do esloveno, além de trabalhos dos alunos do curso de fotografia para deficientes visuais oferecido pelo Senac.A exposição tem miniaturas das imagens feitas em relevo, o que permite ao público deficiente visual “enxergar” as obras.  “A luz do espírito nos permite fotografar o invisível”, diz Bavcar, que também é doutor em estética pela Universidade de Sorbonne, em Paris.

Bavcar nasceu em 1948 e perdeu a visão em dois acidentes diferentes: o primeiro em uma queda e o segundo envolvendo uma mina terrestre. Naturalizado francês, está sempre com um chapéu preto de abas largas e um pequeno espelho na lapela – “para matar a curiosidade das mulheres que perguntam se estão bonitas”. A técnica utilizada depende da foto. Ele faz os retratos sozinho, medindo com o braço a distância até o fotografado e posicionando a máquina na altura dos olhos. Para fotos mais complexas, precisa de um ajudante, que lhe descreve e monta o que será fotografado. “Descrição é algo vital, tem toda uma metodologia”, conta. Não se trata, no entanto, de uma descrição convencional. “A arte de exprimir com palavras uma realidade visual é como um caminho pelo invisível”, discorre. Sobre o resultado final, Bavcar diz que a descrição do objeto fotografado é diferente do que aparece na foto, “não coincide nunca, é como o amor”. Perguntas especificas, o fotógrafo não responde, “tecnicamente não digo tudo, é um segredo”.

Estética do (in)visível
De 26/8 a 17/9. De segunda a sexta, das 9h às 21 h; sábados, das 9h às 16 h. Senac: R. Scipião, 67, Lapa, tel.: 3475-2200. Grátis.

UM clique no centro do vídeo:

by E.

JOÃO de DEUS “N E T T O” e suas CARICATURAS DIGITAIS / curitiba

HILDA HILST

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

Rosa DeSouza lança “A CHAVE do GRANDE MISTÉRIO” em 3D na BIENAL do LIVRO em SP / por osmar lazarini

Revista Exame:  Áudio livros em 3D

Uma ideia que me fisgou é a onda de áudio livros que tem chegado ao mercado.Já falei sobre isso por aqui. Eu encaro várias horas de carro por dia nessa minha trip maluca de morar em Santos e trabalhar em São Paulo. São horas preciosas porque fico só e esse é o tempo das boas ideias, da música que se quer ouvir, das reflexões.

E a grande sacada, áudio livros 3D!

Para explicar em poucas palavras, é uma técnica de gravação de áudio que mistura equipamentos adequados, posicionamento, panorama, que simula os sons da narração como se fosse o ambiente real da cena com toda profundidade e alcance, ouça um exemplo -talvez o mais famoso-no vídeo acima, com fones a experiência é ainda melhor.
3D am áudio livros é novidade mundial. O primeiro foi de Stephen King. No Brasil o primeiro foi lançado na Bienal “A chave do grande mistério” da genial autora luso-americana Rosa de Souza. Rosa é portuguesa, passou a vida nos Estados Unidos e hoje em dia vive em Santa Catarina.
Profunda conhecedora das ciências ocultas, neste trabalho, Rosa mistura ocultismo, suspense, egiptologia, numa trama intrincada e que envolve naturalmente o ouvinte pela quantidade de conhecimentos. Quem já leu “O código da Vinci” sabe a atração que os assuntos herméticos exercem.
Possível candidato a best-seller. No carro a sensação é indescritível, dá pra esquecer do trânsito numa boa.
Pra quem não o tema “realismo fantástico” a editora Audiolivros promete lançar grandes clássicos também em 3D.
http://audiolivro.net.br/a-chave-do-grande-misterio.html

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na foto a escritora Rosa DeSouza e seu marido o jorn. e ator Naldo Souza. (ilustração do site)

Por que apoiamos Dilma? por mino carta / são paulo


Resposta simples: porque escolhemos a candidatura melhor

Guerrilheira, há quem diga, para definir Dilma Rousseff. Negativamente, está claro. A
verdade factual é outra, talvez a jovem Dilma tenha pensado em pegar em armas, mas nunca chegou a tanto. A questão também é outra: CartaCapital respeita, louva e admira quem se opôs à ditadura e, portanto, enfrentou riscos vertiginosos, desde a censura e a prisão sem mandado, quando não o sequestro por janízaros à paisana, até a tortura e a morte.

O cidadão e a cidadã que se precipitam naquela definição da candidata de Lula ou não perdem a oportunidade de exibir sua ignorância da história do País, ou têm saudades da ditadura. Quem sabe estivessem na Marcha da Família, com Deus e pela Liberdade há 46 anos, ou apreciem organizar manifestação similar nos dias de hoje.

De todo modo, não é apenas por causa deste destemido passado de Dilma Rousseff que CartaCapital declara aqui e agora apoio à sua candidatura. Vale acentuar que neste mesmo espaço previmos a escolha do presidente da República ainda antes da sua reeleição, quando José Dirceu saiu da chefia da Casa Civil e a então ministra de Minas e Energia o substituiu.

E aqui, em ocasiões diversas, esclareceuse o porquê da previsão: a competência, a seriedade, a personalidade e a lealdade a Lula daquela que viria a ser candidata. Essas inegáveis qualidades foram ainda mais evidentes na Casa Civil, onde os alcances do titular naturalmente se expandem.

E pesam sobre a decisão de CartaCapital. Em Dilma Rousseff enxergamos sem a necessidade de binóculo a continuidade de um governo vitorioso e do governante mais popular da história do Brasil. Com largos méritos, que em parte transcendem a nítida e decisiva identificação entre o presidente e seu povo. Ninguém como Lula soube valer-se das potencialidades gigantescas do País e vulgarizá-las com a retórica mais adequada, sem esquecer um suave toque de senso de humor sempre que as circunstâncias o permitissem.

Sem ter ofendido e perseguido os privilegiados, a despeito dos vaticínios de alguns entre eles, e da mídia praticamente em peso, quanto às consequências de um governo que profetizaram milenarista, Lula deixa a Presidência com o País a atingir índices de crescimento quase chineses e a diminuição do abismo que separa minoria de maioria. Dono de uma política exterior de todo independente e de um prestígio internacional sem precedentes. Neste final de mandato, vinga o talento de um estrategista político finíssimo. E a eleição caminha para o plebiscito que a oposição se achava em condições de evitar.

Escolha certa, precisa, calculada, a de Lula ao ungir Dilma e ao propor o confronto com o governo tucano que o precedeu e do qual José Serra se torna, queira ou não, o herdeiro. Carregar o PSDB é arrastar uma bola de ferro amarrada ao tornozelo, coisa de presidiário. Aí estão os tucanos, novos intérpretes do pensamento udenista. Seria ofender a inteligência e as evidências sustentar que o ex-governador paulista partilha daquelas ideias. Não se livra, porém, da condição de tucano e como tal teria de atuar. Enredado na trama espessa da herança, e da imposição do plebiscito, vive um momento de confusão, instável entre formas díspares e até conflitantes ao conduzir a campanha, de sorte a cometer erros grosseiros e a comprometer sua fama de “preparado”, como insiste em
afirmar seu candidato a vice, Índio da Costa. E não é que sonhavam com Aécio…

Reconhecemos em Dilma Rousseff a candidatura mais qualificada e entendemos como injunção deste momento, em que oficialmente o confronto se abre, a clara definição da nossa preferência. Nada inventamos: é da praxe da mídia mais desenvolvida do mundo tomar partido na ocasião certa, sem implicar postura ideológica ou partidária. Nunca deixamos, dentro da nossa visão, de apontar as falhas do governo Lula. Na política ambiental. Na política econômica, no que diz respeito, entre outros aspectos, aos juros manobrados pelo Banco Central. Na política social, que poderia ter sido bem mais ousada.

E fomos muito críticos quando se fez passivamente a vontade do ministro Nelson Jobim e do então presidente do STF Gilmar Mendes, ao exonerar o diretor da Abin, Paulo Lacerda, demitido por ter ousado apoiar a Operação Satiagraha, ao que tudo indica já enterrada, a esta altura, a favor do banqueiro Daniel Dantas. E quando o mesmo Jobim se arvorou a portavoz dos derradeiros saudosistas da ditadura e ganhou o beneplácito para confirmar a validade de uma Lei da Anistia que desrespeita os Direitos Humanos. E quando o então ministro da Justiça Tarso Genro aceitou a peroração de um grupelho de fanáticos do Apocalipse carentes de conhecimento histórico e deu início a um affair internacional desnecessário e amalucado, como o caso Battisti. Hoje apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff com a mesma disposição com que o fizemos em 2002 e em 2006 a favor de Lula. Apesar das críticas ao governo que não hesitamos em formular desde então, não nos arrependemos por essas escolhas. Temos certeza de que não nos arrependeremos agora.

.

MINO CARTA é Diretor/Editor da revista CARTA CAPITAL.

CINE CULTURA em SANTO ANTONIO de LISBOA /ilha de santa catarina

ATENÇÃO DISTRITO DE SANTO ANTONIO DE LISBOA!

Toda nossa comunidade que engloba o nosso distrito de Santo Antonio de Lisboa (Ponta do Sambaqui, Sambaqui, Barra, Barreira, Cacupé, Caminho dos Açores e o centrinho de S.Antonio), terão a oportunidade de ter um Cine-Clube no Bairro.

A Associação Cultural Baiacu de Alguém depois de ter sido contemplada em 2009 com um Ponto de Cultura, agora em 2010 também foi contemplada com um Cine Clube no Programa Cine Mais Cultura do Ministério da Cultura.

Sua inauguração será na próxima Quinta Feira cfe. cartaz abaixo. A partir daí todas as Quintas Feiras teremos sessão de Cinema  ininterruptamente sempre no horário das 20 horas, aberto a toda a comunidade e completamente GRATUIDO. A programação será a da Produtora Brasil (responsável pela programação do Canal Brasil da TV a Cabo) mais filmes, documentários Catarinenses e de outros países, principalmente do Cinema Latino Americano, além de outras produções que podem ser sugeridas pela Comunidade.

Queremos viabilizar parcerias com as Escolas Públicas, Privadas, Associação de Moradores, Empresas,Clubes Sociais e Esportivos, enfim todas a Entidades da nossa comunidade e a população em geral para viabilizarmos este projeto. O Sucesso dele depende da participação de tod@as!!!!

Então agendem-se, convidem os vizinhos, amigos, ajudem a divulgar e vamos voltar a ter aquele “gostinho”de ver um filme numa tela de cinema….naquele “escurinho”…os filmes e a pipoca estão garantidos para os próximos 3 anos, tempo da duração do Projeto.

Daniela Ribeiro Scnheider

Coordenadora Geral da Associação Cultural Baiacu de Alguem.

Maiores informações no site e fones abaixo:

WWW.baiacudealguem.com.br

pcultura.baiacudealguem@gmail.com

48-3204.9341 e 48- 9162.4298

Nelson Brum Motta

48 32351183  e 91011183

Rua Padre Lourenço Rodrigues de Andrade, 650

88.050.400 – Florianópolis – SC.

NA FLORESTA PERMITIDA DO FUTURO de jairo pereira / quedas do iguaçu.pr


Minha floresta permitida

do futuro tem verdes expansivos

para tudo quanto é lado

verdes de pássaros sobre os galhos

verdes de rastejanças miúdas

e roeduras de animais nas tocas

verdes que despencam por cima

das pedras verdes que adentram

as águas do rio verdes que enfeitam

as manhãs e clorofilam o lugar

em todos os dias da

minha vida

verdes invertidos de lugar

tombados estirados no horizonte

verdes de sóis refletidos

nos gomos das taquaras

verdes de vestes arbóreas

verdeforescentes onde os frutos

nascem crescem e são comidos

pelos bichos verdes onde

as abelhas

fazem mel nos ocos de paus

verdes que me convidam

a mascar ervas para ter sempre

em mim a substância verde

da mata e seus signos.

GLAUBER É UMA IDÉIA de ewaldo schleder / ilha de santa catarina

glauber é uma idéia

.

a luz natural

será outra em alguns segundos

outra e outra mais

ou caso não haja nuvens

nem sol a se esconder

ou só nuvens plúmbeas

chapadas no céu

a frisar o horizonte com negritude

nem tarde nem cedo demais

tem vez que ela – estática extasiante

se sai cônica e firme

como a luz segura

de uma fresta no breu

pode vir de um poste elétrico

quando em noite sem vento

sem chuva sem sereno

.

a luz se faz do lado de cá

nesta sublime falsificação

da realidade

virá do facho largo da lâmpada

calculada em micro watts

ou estreita como o foco no confessor

ela vem da chapa de espelhos

multiplicada e inebriante

como um dia ensolarado

e poderá ser rebatida e morta

apagada na escuridão e no silêncio

.

uma câmera

o que poderá uma câmara na mão

sem uma idéia na cabeça?

o que sentirão os olhos injetados

de cansaço e angústia

veios carmim prestes a estourar?

o coração? o que irá ver e lhe bater

em média 24 quadros por segundo?

o peso sobre os ombros débeis

ou rijos e calejados tal o peso da pá

do trabalhador noturno

a câmera nas mãos

no olho da grua

a idéia alta e bom som

ressoa no ar de encomenda

as mãos formigam como alheias

ao empunhar sem parar

a metralhadora de olhares

.

agora um zoom depois uma grande angular

travelling vai: a menina vem passar

e só uma vez o homem e a velhinha

profundidade e foco preciso

sem tremedeira

um pintor em devaneio boêmio

a visualizar a própria mente

até refratar aos sentidos

o subjetivo olhar da imaginação

sair e viajar com bilhete de volta

a cada cena

até o embarque da platéia em fantasia

e o sonho nunca acaba

.

ação – depois da reação à idéia: a ação

fiat lux o olhar o ator a paisagem o cenário

a precisão visual a desvendar o processo

em preto e branco

ou nas cores daquele século

chora mulher – faz cara de puta

faz cara de dor imbecil

.

achar intérpretes já talentosos

antes do registro da experiência

puros como o sonho das estrelas

seduzir abdicar sofrer atuar calar

verbalizar os bastidores

incendiar mentes e corações

não contar com a chuva

se livrar dela – antes a seca

como a vida que se entrega

enrijecer a face e depois sorrir

racionalizar o mito e pronunciar a verdade

nascida da angústia de perfeição

de sua busca nos ensaios perfeccionistas

como pegar agora aquele passado

e deixá-lo com cara de futuro?

a seqüência de imagens senão mapas

de uma geografia humana

a contar sua história

a conter uma idéia

na cabeça

Mentiras estreladas, cândidos crédulos – por alceu sperança / cascavel.pr



O que nos espera para os próximos meses? Pelo visto, uma redução no ritmo de crescimento da economia, um enorme desespero nos EUA ,ainda não se sabe exatamente de que tamanho, pois aquele pessoal dá nó em pingo d’água. E, como sempre, uma enxurrada de mentiras nas campanhas eleitorais tanto de lá quanto de cá.

É espantoso o volume de mentiras que circulam na mídia em geral, sobre os mais diversos temas. A maioria delascercada pela sagrada aura da “liberdade de opinião”.

Certa vez, o sagaz Adlai Stevenson, que tentou duas vezes ser presidente dos EUA e perdeu para os mesmos de sempre, disse: “Se meus inimigos pararem de dizer mentiras a meu respeito, eu paro de dizer verdades a respeito deles”.

Daí que diante da enxurrada de mentiras que circulam por aí é preciso que a gente diga algumas verdades.

Só um texto de agência de notícias, ao comentar as recentes eleições municipais cubanas, repetiu onze vezes a palavra “ditador” para se referir a Fidel Castro, um velho absurdo que se encaixa na sistemática nazista de que a mentira mil vezes repetida se torna verdade.

Discurso cansado

Por onde a gente vai, há pessoas crentes de que o presidente Hugo Chávez é um “ditador”. Há quem acredite que o golpe ocorrido na Venezuela foi ele que deu, e não o contrário.

Quem tem um pingo de informação sabe que o presidente eleito Chávez foi deposto por uma quadrilha pró-EUA. Foi preso em cárcere privado e quando os golpistas acabaram enxotados pelo povo do palácio do governo, deixaram para trás os cofres limpos. Aliás, foi o que também aconteceu na Ucrânia: o presidente-salvador era um ladrão.

Chávez já tem um cabedal de conquistas importantes para o povo venezuelano. Em menos de uma década, varreu o analfabetismo do País, com o reconhecimento oficial da Unesco.

Lógico, lá estavam ditadores, perdão, educadores cubanos dando a maior força. Em 1998, mais de 20% da população venezuelana vivia em pobreza extrema e em 2007 esse índice caiu a menos da metade: 9,4%. O salário mínimo subiu de 75 mil bolívares para 614,79 mil. A educação média aumentou de 26,9% para 41%. A alimentação escolar chegou a mais crianças, de 252,2 mil para 1,81 milhão.

Os nossos irmãos venezuelanos ainda terão um longo caminho até vencer diversos problemas – hoje, a inflação, pois o consumo disparou, e, decorrente disso, a ameaça de desabastecimento é ainda muito presente.

Lentes cor-de-rosa

Há uma crise mundial, e quem ainda não a sentiu é porque está vendo o mundo com as lentes róseas do Dr. PangLUloss. Mas a Argentina já está fornecendo boa comida em troca de bom petróleo e a vida segue.

Bom petróleo que também será trocado por médicos e equipamentos para aprimorar o sistema de saúde da Venezuela, e vai movimentar os ônibus que o Brasil vai vender a Cuba.

A duras penas, ainda com governos contraditórios e pequeno-burgueses, bombardeados por um poderoso inimigo, os povos do Sul do mundo vão rompendo a magia da mentira midiática e lutando para construir suas nações.

Em Portugal, na França, nos EUA, onde há gente procurando a melhor informação, ocorre uma crescente consciência de que o mundo vai mal.

Aquilo que conhecemos como supremacia absoluta do vencedor, o tal “fim da história”, despenca ladeira abaixo. E isso vai significar mais uma enxurrada de mentiras para tentarem nos convencer de que nada vai mudar: a eles cabe mandar e, a nós todos, apenas calar e obedecer.

O PROBLEMA DOS EX por marcos coimbra /são paulo


Poderíamos aprender com os americanos a lidar com os que ocuparam a Presidência da República. Lá eles não incomodam

Um dos problemas brasileiros (certamente não o maior) são nossos ex-presidentes. Vira e mexe, um deles causa algum embaraço. Fala o que não deve, se comporta de maneira inconveniente, dá maus exemplos.
Poderíamos aprender com os americanos a lidar com eles. Lá, faz tempo que não incomodam. Os contribuintes pagam para que não sejam forçados a lutar pela sobrevivência, lhes dão um gordo estipêndio e provêm a todos de amplas condições para que se dediquem a fazer nada.

Ficam à frente de suas fundações, disponíveis para missões humanitárias, participações esporádicas no debate público e, se tiverem aptidão, enriquecer no circuito internacional de palestras e consultorias. Os que terminam bem seus mandatos, como Bill Clinton, continuam a merecer o carinho de todos. Os que não, somem (como o último Bush).

Por aqui, quanta diferença! José Sarney zelava pela liturgia do cargo até no corte de seus jaquetões. Se tivesse o mesmo cuidado com verbas públicas e nomeações depois que saiu do Planalto, ninguém reclamaria dele. Fernando Collor era tão jovem e ficou tão pouco tempo no cargo que era natural que quisesse disputar outras eleições. O que não precisava é que fossem tantas, desde projetos bizarros como a prefeitura de São Paulo, ao de agora, de mais uma tentativa de voltar ao governo de Alagoas. Nessa vontade de permanecer a todo custo na vida política, Itamar Franco se parece com ele. Já foi governador de Minas Gerais e, neste ano, pretende ser senador outra vez, mesmo sabendo que o tempo passa para todos.

Ainda bem que os presidentes-ditadores tiveram a boa educação de morrer. Dá para imaginar o que seria se tivessem a longevidade de um Oscar Niemeyer? Contando todos, inclusive os três da Junta Militar, até seis poderiam estar vivos, dois (Geisel e Figueiredo) provavelmente. Quantas conspirações e articulações não estariam fazendo!

E Fernando Henrique? O mais recente e mais ilustre?

Faz tempo, mas FHC já foi considerado o mais importante cientista social do País. Todos gostavam dele, alguns com a exuberância de Glauber Rocha, que o chamava de “príncipe da sociologia brasileira”. E não era só no Brasil que tinha renome. Era respeitado internacionalmente, autor de livros que marcaram mais de uma geração.

De quem esperar uma atuação notável como ex-presidente senão daquele que mais se distinguira antes de assumir o cargo? Com sua biografia, era natural esperar que estabelecesse o padrão para seus sucessores. Depois dele, todos saberiam o que era ser um ex-presidente da República.

Semana passada, Fernando Henrique publicou mais um artigo, como tem feito com frequência nos últimos meses. É sua maneira de intervir no debate sucessório, pois a campanha Serra vê com preocupação qualquer movimento seu de maior aproximação. Ela já tem problemas de sobra com a administração da imagem negativa do ex-presidente e não quer que o candidato seja ainda mais identificado com ele.

No texto, intitulado “Eleição sem maquiagem”, FHC rea-liza uma proeza de malabarismo intelectual: consegue ser, ao mesmo tempo, um sociólogo que abdicou da sociologia e um ex-presidente que não governou.

Chega a ser fascinante ver como descreve os graves riscos que confrontam hoje o Brasil, aos quais o governo Lula estaria respondendo com uma atitude de otimismo irresponsável: “Tudo grandioso. Fala-se mais do que se faz”. Para ele, “a encenação para a eleição de outubro já está pronta. Como numa fábula, a candidata do governo, bem penteada e rosada, quase uma princesinha nórdica, dirá tudo o que se espera que ela diga, especialmente o que o mercado e os parceiros internacionais querem ouvir”.

O comentário é misógino, pois ele nunca se referiria a questões de aparência se o PT tivesse um homem como candidato (por mais vaidoso e preocupado com a aparência que fosse) e não uma mulher. Seu tom choca quem conheceu o Fernando Henrique soció-logo, sempre progressista.

Mas o mais extraordinário é ver como apagou da memória o que foi seu governo e as duas eleições presidenciais que ganhou. Será que esqueceu de como aconteceu sua primeira vitória, uma avalanche provocada pelo Real- lançado 90 dias antes, naquela que foi a eleição onde fatores não políticos mais interferiram no resultado? Será que não lembra como foi a reeleição, escorada em um câmbio artificialmente mantido pelos “parceiros internacionais”, que estourou três meses depois da apuração dos votos?

É ótimo que proponha eleições sem maquiagem. Mas é impossível levá-lo a sério, enquanto não estiver disposto a enfrentar suas verdades. Como ele mesmo diz: assumir a responsabilidade pelo que fez e deixou de fazer, mais do que falar.

T H O M A S . J O N E S

ANTÍFONA de cruz e souza / ilha de santa catarina


Ó Formas alvas, brancas, Formas claras

De luares, de neves, de neblinas!…

Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas…

Incensos dos turíbulos das aras…

.

Formas do Amor, constelarmente puras,

De Virgens e de Satãs vaporosas…

Brilhos errantes, mádidas frescuras

E dolências de lírios e de rosas…

.

Indefiníveis músicas supremas,

Harmonias da Cor e do Perfume…

Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,

Réquiem do Sol que a Dor da luz resume…

.

Visões, salmos e cânticos serenos,

Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes…

Dormências de volúpicos venenos

Sutis e suaves, mórbidos, radiantes…

.

Infinitos espíritos dispersos,

Inefáveis, edênicos, aéreos,

Fecundai o Mistério destes versos

Com a chama ideal de todos os mistérios.

.

Do Sonho as mais azuis diafaneidades

Que fujam, que na Estrofe se levantem

E as emoções, todas as castidades

Da alma do Verso, pelos versos cantem.

.

Que o pólen de ouro dos mais finos astros

Fecunde e inflame a rima clara e ardente…

Que brilhe a correção dos alabastros

Sonoramente, luminosamente.

.

Forças originais, essência, graça

De carnes de mulher, delicadezas…

Todo esse eflúvio que por ondas passa

Do Éter nas róseas e áureas correntezas…

.

Cristais diluídos de clarões álacres,

Desejos, vibrações, ânsias, alentos,

Fulvas victórias, triunfantes acres,

Os mais estranhos estremecimentos…

.

Flores negras do tédio e flores vagas

De amores vãos, tentálicos, doentios…

Fundas vermelhidões de velhas chagas

Em sangue, abertas, escorrendo em rios…

.

Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,

Nos turbilhões quiméricos do Sonho,

Passe, cantando, ante o perfil medonho

E o tropel cabalístico da Morte…

CIRANDA da ANIMA EMPEDERNIDA por josé delfino silva neto / natal

No espaço-tempo específico, onde estou, fico. E a memória vestigial, em gestação, se especifica, se sincroniza e se adapta. E sua estrutura atemporal, como um temporal, me domina. Mineral, carvão, sou. A única pedra que pensa e raciocina. Há vinte bilhões de anos, num universo em expansão, frágil matéria que gira, parada, em torno de si própria . Urdida estrela, estou. Eu, uma só. A um tempo sólida e etérea presa, confinada a um mundo em movimento aparentemente parado, que gira, em torno de si e de outra estrela: ela, um sol. Pó em redemoinho de vento, da alma sou as lembranças; os elos que sobrevivem em nós, por duas gerações, apenas: lembra da sua trisavó? Decerto terei dez bilhões de anos mais, assim iguais. Desatando nós. Só espero. No norte, uma escuridão de brilho mais luminoso. Pois há bilhões de anos explodida em luz, em cor, serei sempre cinza, de supernova extinta. Ávida à vida, no onipresente claro/escuro, em que durmo e acordo; me acendo e me apago; no nariz de minha neta, no queixo do meu filho, num pires de porcelana, difícil ser mais explícito: fujo, pelejo, mato a fome; a sede, o amigo, o inimigo; talho, crio a cria em doce e fria luta, à noite em sexo, só um detalhe. De luto pesado, de alívio fico leve, corro em frente e sobrevivo, como um facho. Pois tudo é sempre em frente. O tempo ocorre do passado ao presente. A energia corre, morre, do quente pro frio. Do frio ao frio, melhor dizendo, pois um fogo morto, de quinhentos mil anos, controla a claridade noturna em meu domínio. A minha vida. A herança atávica de girar em hipérbole da direita à esquerda, em tudo. Como cabeças que giram, e minha vulva avulta, ao nascerem. Como a minha mais remota andança, me deslocando a pé entre continentes; nas danças juninas com minha amada; nas aeróbicas corridas em círculo; no infarto de amor, pau-a-pau com a dor do coração, vinda da direita adormecer o meu doído braço, esquerdo. Nada interessa. Só escrever, se como Deus e o Diabo (a quatro), se como macho ou fêmea, não importa o que. Me é caro, benéfico, na verdade um barato. Como um chapéu que me esconde. E me protege o olho.

QUEM É DILMA ROUSSEFF? por hamilton alves / ilha de santa catarina

Agora que essa senhora, Dilma Rousseff, atingiu o patamar de 43% na preferência dos eleitores, podendo ser considerada, assim, virtualmente, eleita ao maior cargo público deste país, que é de Presidente, formulo as seguintes perguntas: 1) você conhece quem é Dilma Rousseff? Qual seu estado civil, se casada, solteira, separada ou tico-tico no fubá? Terá filhos? Qual a relação que mantém com os filhos? E o marido? Que faz ele? Que profissões exerceu ao longo da vida, antes de chegar à Ministra da Casa Civil do governo Lula? Que curso universitário seguiu? Ou será como seu antecessor ou o atual Presidente uma autodidata, de que o PT está cheio? Ou segundo ainda seu antecessor (ou futuro antecessor, provavelmente) a leitura lhe provoca dor de cabeça? Tudo o que sei dela são três fatos apenas: 1) que foi guerrilheira nos tempos da ditadura militar; 2) ministra do Lula; 3) teve um conflito ou atrito com a chefe da Receita Federal a quem convocou a seu gabinete para lhe pedir ou exigir que botasse uma pedra em cima do caso (procedimento administrativo) contra Fernando Sarney (filho sabe-se de quem) para certamente angariar os votos do PMDB, que está correndo com ela (ou parte significativa do partido).

Se é tão desconhecida assim, que ninguém sabe nada de parte considerável de sua vida pessoal, como admitir que dispare nessas pesquisas?

Tem aí algum mistério que não consigo entender.

Será que é o índice de aceitação do governo Lula que garantirá sua eleição? Ou essa preferência por seu nome ou por sua candidatura? Isso basta? Lula poderia ter indicado um cavalo para presidente, como foi o caso de um imperador romano, e  seria eleito?

Mas o que fez Lula assim tão impressionante em seu governo a merecer essa aprovação? Segundo índice recente, proclamado num noticiário da imprensa, o Brasil mantém um nível de miséria que só não é suplantado pelo Haiti e por outras republiquetas iguais. O povo nordestino, de onde veio, ainda vive o drama da seca. E é ainda de uma pobreza alarmante. A educação e a saúde, neste país, continuam rendendo taxas de ampla ruindade.

O que é que acontece que permite a mantença desse quadro preferencial?

Será que a bolsa família promove um efeito desses? A economia vai bem, mas o povo vai mal. A concentração de rendas é enorme. Os bancos nunca ganharam tanto quanto nesse governo Lula.

Quem é a senhora Dilma Rousseff?

Cartas à redação , plise.

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RESPONDENDO À HAMILTON ALVES

DA REDAÇÃO:

Caro Hamilton, agradeço a oportunidade que me concedes em esclarecer, de público, as tuas dúvidas ou desconhecimentos.

1) “você conhece quem é Dilma Rousseff? Qual seu estado civil, se casada, solteira, separada ou tico-tico no fubá? Terá filhos? Qual a relação que mantém com os filhos? E o marido? Que faz ele? Que profissões exerceu ao longo da vida, antes de chegar à Ministra da Casa Civil do governo Lula? Que curso universitário seguiu?”

R- Hamilton, cá entre nós, você não anda lendo nada confiável há mais de um ano pelo menos. A imprensa nacional e a rede mundial (net) vem publicando todas essas informações que são necessárias para decidir teu voto.

Dilma é divorciada de Carlos Franklin Araújo, advogado trabalhista com banca instalada em Porto Alegre há muitos anos. Dilma é economista formada pela URGS, foi secretária da Fazenda do município de Porto Alegre, depois foi nomeada Secretária de Minas e Energia do Estado do Rio Grande do Sul, Ministra de Minas e Energia e finalmente Ministra Chefe da Casa Civil. É mãe de Paula Rousseff Araújo, filha de Carlos, que morava com ela até o casamento em abril de 2008 com Rafael Covolo, presume-se, portanto, que o relacionamento era e continua excelente.

Após essa pergunta você faz algumas considerações, suas, apenas suas, que não cabe respondê-las por não serem de interesse público.

 

2- “Tudo o que sei dela são três fatos apenas: 1) que foi guerrilheira nos tempos da ditadura militar; 2) ministra do Lula; 3) teve um conflito ou atrito com a chefe da Receita Federal a quem convocou a seu gabinete para lhe pedir ou exigir que botasse uma pedra em cima do caso (procedimento administrativo) contra Fernando Sarney (filho sabe-se de quem) para certamente angariar os votos do PMDB, que está correndo com ela (ou parte significativa do partido)”.

R- Só os dois primeiros itens já deveriam ser suficientes para você decidir seu voto por Dilma.

1)Jovem estudante no Rio Grande do Sul, lança-se de corpo e alma juntamente com milhares de jovens, homens e mulheres  na luta contra a ditadura cruel que se instalou no país prendendo, torturando e assassinando qualquer brasileiro que se atrevesse  falar em democracia, você lembra disso. Enfrentou a vida duríssima da clandestinidade, combatente destemida, enfrentou quase quatro anos de cadeia (que tal pensar nisso?) e pior, enfrentou a tortura sanguinária dos militares sedentos de ouvirem seus gritos de horror durante o eletro-choque seguido de corte das paredes vaginais. Formava-se, assim, uma grande mulher brasileira.

2) Ministra do Lula. Sim, a melhor, como todos sabem.

 

3) é óbvio que esse fato aconteceu somente para aqueles que o criaram: os jornais paulistas (porque serrá?). É preciso que se diga, que a tal senhora fazia parte de um plano sujo dos tucanos, ela foi dar uma entrevista, “graciosamente”, que ninguém pediu, para atingir Dilma. Foi descoberto a tempo e redundou apenas na choradeira do Sérgio Guerra (presidente da tucanada).

 

3- “Se é tão desconhecida assim, que ninguém sabe nada de parte considerável de sua vida pessoal, como admitir que dispare nessas pesquisas?

Tem aí algum mistério que não consigo entender.”

 

R- Só a você, ao que parece, “é tão desconhecida assim”. Você criou um “mistério” agora decifre-o.

 

4- “Será que é o índice de aceitação do governo Lula que garantirá sua eleição? Ou essa preferência por seu nome ou por sua candidatura? Isso basta? Lula poderia ter indicado um cavalo para presidente, como foi o caso de um imperador romano, e seria eleito”?

 

R- é óbvio que com todas as realizações, enfrentamento positivo da crise financeira mundial, o presidente Lula tem força para transferir votos. Veja que agora, na campanha eleitoral, o Serra e a Marina passam a dizer – “vou continuar a obra do Lula” – por quê?

É claro que o Lula não indicaria um cavalo! Ele não é burro!

 

5- “Mas o que fez Lula assim tão impressionante em seu governo a merecer essa aprovação? Segundo índice recente, proclamado num noticiário da imprensa, o Brasil mantém um nível de miséria que só não é suplantado pelo Haiti e por outras republiquetas iguais. O povo nordestino, de onde veio, ainda vive o drama da seca. E é ainda de uma pobreza alarmante. A educação e a saúde, neste país, continuam rendendo taxas de ampla ruindade.

O que é que acontece que permite a mantença desse quadro preferencial?

Será que a bolsa família promove um efeito desses? A economia vai bem, mas o povo vai mal. A concentração de rendas é enorme. Os bancos nunca ganharam tanto quanto nesse governo Lula.”

R- Hamilton, você esteve fora do país por 8 anos? Essas tuas considerações, vou colocá-las no âmbito do discurso eleitoral ingênuo. É impossível respondê-las dada a negativa de aceitar que as precede. Em respeito aos leitores alguns dados:

a)   35.000.000 (trinta e cinco milhões) de brasileiros passaram da pobreza para a classe média. (irrelevante, diria você?)

 

b)  30.000.000 (trinta milhões) saíram da miséria absoluta. (irrelevante?) todos esses dados documentados pela área econômica, pública e privada.

 

c)    Em meio a crise mundial a economia brasileira cresce  de tal maneira que alcança o patamar de OITAVA potência econômica, ultrapassando a Espanha. (não interessa?)

 

d)  O salário mínimo passou de 80 dólares para 300 ! (não me diz respeito?)

 

e)   Quanto aos bancos, lembras a dinheirama que o teu presidente FHC, patrão do serra, deu para salvar os bancos falidos pela roubalheira? Não? Eu lembro, 9 BILHÕES de reais !! e o Lula sabes quanto deu mesmo considerando a crise financeira? ZERO !! NADA!!

 

Enfim seria exaustivo enumerar o que ocorreu no Brasil nesses 8 anos em que estivestes fora, mas ao longo dos meses, te colocarei ao par das mudanças, caso queiras te inteirar.

 

 

6- “Quem é a senhora Dilma Rousseff?

Cartas à redação , plise”.

 

R- acho que satisfiz a tua curiosidade. A Redação não esperou, respondeu ao amigo e colaborador da casa, nos limites que o espaço permite.

 

J B VIDAL

Editor

a candidata a PRESIDENTE, DILMA ROUSSEFF,  com mulheres trabalhadoras. (08/2010)

DILMA com empresários paulistas. (06/2010)

D’ Eus – de tonicato miranda / curitiba


para Hamilton Alves e Manoel de Andrade


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Será que amando esta tarde

no encontro dela com a ponta da noite

estaria eu lhe amando?

.

Será que desprezando minha vida

estaria conspurcando o que dizem

ser sua maior obra?

.

Será que nada sei de mim, eu

com o chinelo velho no pé e a altivez

debruçada na beira do precipício?

.

Será a morte descanso ou início

da nossa provação a vagar qual alma

liberta no calendário infinito do tempo?

.

Será seu outro nome tempo

onde retornar é história e a nossa

chama saudade e é casa da tristeza?

.

Estou ainda por aqui, nada sei

do Sol, este astro invencível,

nada sei de pedras rolando no espaço.

.

Uma criança perguntou sobre mim

lembrei do rapaz vestido de velho contanto

histórias para uma plateia infantil.

.

O que importa quem eu sou, o que fui?

para muitos fui por breves momentos

igual a você, permita-me tratá-lo assim.

.

Algumas vezes erigi um templo

conduzi mudanças nos homens de poder,

mas não consegui recriar o mundo.

.

Jamais consegui o calendário retroceder

muito menos no tempo matar a morte

ou estancar sua adaga ceifando a pobreza.

.

Talvez não fosse digno como você

talvez não fosse mesmo sombra a você

nem um anjo seu, fui apenas sua tolerância.

.

Eu que de você duvidei, e tudo materializei

fui apenas seu competidor, milhas e milhões

de ano luz atrás, igual a outros mortais.

.

Por isto agora, sucumbido na derrota

mesmo sendo tarde para amá-lo

reservo o direito de amar suas criações.

.

Quão bela está esta tarde

lindas estão as cores nela distribuídas

nas borboletas, nas flores e no arco-íris.

.

Deixo a você, Deus, um Grande Abraço

e um pedido de vaga no alojamento ali

na porta do céu, mas com sacada para a Terra.

POETA EUNICE ARRUDA convida para o LUGAR PANTEMPORÂNEO / são paulo

MONDRIAN FALSO de sylvia beirute / portugal


café às dez da manhã, porque outro início me

não ocorre agora neste lastro de fome e o escrito

deve começar, aqui numa londres primitiva

onde a transparência duplica a memória,

a inocência mata de olhos muito claros e em toda

a parte vê mondrians falsos; aqui onde

a raiz expande até ao caudal do quando-exílio

e o sistema do corpo e respectivo pulso preliminam

a máscara infinitiva inconjugável com as coisas da arte.

às nove da manhã, antes da medula que agora existe

e que me afasta o corpo do sentir mais sedentário,

alguém me acordou com uma palavra hirsuta-

-mente insana e tão sem esperança

que me pareceu ter nascido de costas voltadas

para qualquer um dos seus significados.

AMOR SACRÍLEGO de vera lúcia kalaari / portugal

No meu negro pretérito já passado

Há a sombra triste dum amor imenso.

Imenso mas cruel por ter deixado

O perfume doce do seu incenso.

Amei-o, sim, em doce chama

Meu coração de menina lhe concedi.

Perdi a fé, a paz, perdi a alma,

E era um sacrilégio amar assim.

Era um sacrilégio, mas no seu todo,

Nosso amor era um raro sortilégio…

Criamo-lo neve e era lodo,

Criamo-lo santo e era sacrilégio.

Esse amor, esse amor, foi todo meu.

Em mim, seus laços ficaram impressos.

Nosso amor era luz e era sombra

E eram prantos e risos os nossos beijos.

E foi um sacrilégio e foi loucura

Foi loucura de amor, foi um lamento,

Como um hino imenso de amargura

Como um imenso, lento tormento.

VEJA DILMA ROUSSEF na TV hoje à noite (17/08/10)

UM clique no centro do vídeo:

A escritora Rosa DeSouza CONVIDA para o lançamento de seu livro na BIENAL de são paulo:

BATALLA DE ACOSTA ÑU ou CAMPO GRANDE, 16 de agosto de 1869 – por jaime galeano y hugo montero / paraguay

Dia del Niño – Acosta Ñu

En Paraguay la fecha del Día del Niño tiene otro significado, porque se recuerda a los niños caídos en la Guerra de la Triple Alianza y tiene su origen en la batalla de Acosta Ñu, librada el 16 de agosto de 1869. En dicha batalla, niños y adolescentes paraguayos combatieron, precariamente armados, contra las fuerzas invasoras brasileñas y fueron masacrados sin piedad. En la contienda intervinieron también las fuerzas armadas argentinas, cuyo gobierno de entonces carga con el baldón más negro de la historia. El Día del niño en Paraguay es entonces un homenaje al extraordinario acto de heroísmo realizado por esos niños caídos en combate. El mundo entero, y especialmente los países que integraron la Triple Alianza, deberían rendir honores a esas criaturas paraguayas que cayeron inmolados frente a ejércitos veteranos de Brasil y Argentina.

Los chicos de la guerra

El tan comercial entre nosotros Día del Niño se conmemora con desfiles y homenajes en Paraguay el 16 de agosto, en recuerdo de los tres mil quinientos niños exterminados en la batalla de Acosta Ñú librada en 1869. Los chicos masacrados llevaban las caras pintadas con barbas y bigotes, las cabezas cubiertas con quepis militares y sus manos con palos y maderas simulando fusiles.

Muchos años han pasado desde el final de la guerra del Paraguay; el genocidio organizado por los británicos y ejecutado por argentinos, brasileños y uruguayos, que tuvo en una batalla su síntesis más sangrienta.

El viento que cruzaba entonces el Cerro Gloria, jugaba con el pelo de los niños, sucio de sangre y de tierra, cuerpos esparcidos por la pradera, desgarrados por el fuego de las balas y las cargas de soldados profesionales y mercenarios bien entrenados bajo la bandera de la Alianza. Los derrotados en la batalla de Acosta Ñú, ese 16 de agosto de 1869, eran chicos, pibes paraguayos de entre nueve y quince años de edad, y sobre ellos el viento del cerro pasaba rasante, silencioso. A lo lejos, soldados brasileños comenzaban a cumplir las últimas órdenes del Conde D’Eu y azuzaban el fuego entre las matas para no dejar rastros de la masacre, para evitar cargar con los heridos, para apagar definitivamente la luz de un genocidio inédito en la historia de América del Sur. Y ese fuego escondió la sangre para siempre.

La batalla de Acosta Ñú, donde fueron asesinados cerca de tres mil quinientos niños paraguayos, no sólo representó el símbolo máximo de un genocidio que devastó a un floreciente país sudamericano, sino que continúa siendo hoy uno de los hechos más vergonzosos en la historia de los países responsables y cómplices de la guerra de la Triple Alianza, Argentina entre ellos. Una historia que suele omitirse en los manuales escolares que leen los niños de esos mismos países.

“Si queremos salvar nuestras libertades y nuestro porvenir tenemos el deber de ayudar a salvar al Paraguay, obligando a sus mandatarios a entrar en la senda de la civilización”, exhortaba Domingo Sarmiento, meses antes del comienzo de la guerra. La conclusión de esa entrada en la senda de la civilización que representaban entonces civilizados países como Argentina, Brasil y Uruguay, significó para el Paraguay el aniquilamiento del noventa y nueve por ciento de su población masculina mayor a los quince años y del setenta y seis por ciento del total de sus habitantes durante la etapa 1865-70.

La guerra redujo la población del Paraguay de un millón trescientos mil habitantes a doscientos mil y a un ejército de cien mil hombres a apenas cuatrocientos soldados sobrevivientes. También representó, claro, la pérdida de ciento sesenta mil kilómetros cuadrados de su territorio a manos de los vencedores, la aceptación del tratado de libre navegación en sus ríos (principal motivo de la guerra), el pago de mil quinientos millones de pesos en concepto de indemnizaciones, la privatización de sus tierras, fábricas y servicios a precios de remate y el comienzo de un endeudamiento crónico producto de un préstamo otorgado por la misma banca que costeó los gastos de guerra de Brasil: la británica Baring Brothers. Esta compañía fue, en realidad, la única ganadora del conflicto: el préstamo de tres mil libras esterlinas a un Paraguay en ruinas se transformó tres década después en una deuda de siete millones y medio de libras, por ejemplo.

“¿Cuánto tiempo, cuántos hombres, cuántas vidas, cuántos elementos y recursos necesitaremos para terminar esta guerra, para convertir en humo y polvo a toda la población paraguaya, para matar hasta el feto en el vientre de cada mujer?”, se preguntaba el Marqués de Caxias, mariscal del ejército brasileño, en una carta dirigida al emperador Pedro II, antes de resignar su cargo a manos del asesino Conde D’Eu. Pero para zanjar la crisis interna de Pedro II en Brasil y también del presidente argentino Bartolomé Mitre, la guerra debía prolongarse hasta el final, y el final era la masacre.

Por eso la mañana del 16 de agosto el mariscal Francisco Solano López ordenó organizar una resistencia en Acosta Ñú para permitir su retirada hacia Cerro Corá, cuando las derrotas paraguayas se sucedían una tras otra. El general Bernardino Caballero fue el encargado de armar y vestir a un batallón de tres mil quinientos niños y apostarlos, junto con quinientos veteranos, en el paraje de Ñú Guassú, frente a un ejército brasileño de veinte mil hombres, alineados con mercenarios provenientes del Uruguay. Pese a las cargas reiteradas de los brasileños desde los cuatro flancos y a la debilidad lógica de la heroica resistencia paraguaya, la batalla de Acosta Ñú demoró toda una tarde en resolverse. Allí fue cuando las madres de los niños comenzaron a bajar del monte para sumarse a la batalla con las armas de sus hijos caídos. Con los últimos vestigios de sol, el Conde D’Eu no titubeó al ordenar el incendio de la pradera, con heridos y prisioneros incluidos, antes de continuar la marcha.

Con la muerte de Solano López en Cerro Corá, la guerra había terminado y la batalla de Acosta Ñú pasó a formar parte de la historia olvidada del continente. Sin embargo, el vergonzoso papel de los gobiernos de Argentina, Brasil y Uruguay en defensa de los intereses comerciales británicos tardaría mucho en apagarse. Al igual que el fuego que consumía de a poco los restos de la masacre en el Cerro Gloria.

a BATALHA de CAMPO GRANDE chamada de BATALLA de los NIÑOS ou de ACOSTA ÑU pelos paraguaios. óleo sobre tela de Pedro Américo.

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COMENTÁRIO:

Corria a Guerra do Paraguai, que já derrotado, tinha seu líder, o ditador Solano, em fuga. Duque de Caxias, líder do exército brasileiro, sugeriu que o Brasil propusesse acordo de paz, mas D. Pedro II recusou-se, ordenando que o exército achasse e eliminasse Solano. Em 16 de agosto de 1869, o exército brasileiro, agora liderado pelo Conde d’Eu, cunhado do Imperador, saía à caça do líder paraguaio. Num lugar chamado Acosta Ñu, 20.000 homens cercaram um “exército” paraguaio com aproximadamente 3.500 crianças (até 15 anos) e outras pessoas que procuravam proteger ou esconder Solano. Conta-se que estavam no meio deste grupo adultos feridos e velhos. As crianças, para passarem-se por adultos, pintaram bigodes com carvão. Quando a cavalaria invadiu, e as crianças começaram a ser mortas, suas mães saíram do meio da mata e também foram mortas, degoladas, pisadas. Daqui para frente, as versões variam. Alguns dizem que os paraguaios colocaram fogo na mata para dificultarem a ação do brasileiros.

Outros dizem que, não sendo suficiente a matança, Conde d´Eu, na metade do dia, mandou colocar fogo na mata para que tivesse menos trabalho.

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ilustração do site.

I N C O N V E N I E N T E de marilda confortin / curitiba

Mas o que é que você faz aqui
no meu pensamento à uma hora dessas?
Quem lhe deu consentimento?
Tá  pensando que é festa?

Mas não há de ver,
que o atrevido fez isso comigo!
A poeira estava assentada,
os sentimentos organizados,
cada qual em sua gaveta.
Todos lacrados com etiqueta
para que nada os confundisse.
O relógio de parede parado
descansava sem compromisso…

Daí me chega esse visitante
e num instante me faz reboliços!

Desarruma minha cama,
abre as portas do armário,
cheira meu pijama,
invade meu sacrário
atrasa meu sono,
dilata e contrai as horas ao bel prazer,
aparece e some na hora que quer,
como se ele fosse  o homem
e eu apenas uma mulher!

A VISITA DE CAMUS por hamilton alves / ilha de santa catarina

Em “O Príncipe e o Sabiá”, Otto Lara Resende conta pormenores da visita meio malograda que Albert Camus fez ao Brasil, que, segundo ele, foi marcada pela depressão e pelo tédio do visitante. Até o Cristo no Corcovado o desalentou, segundo Otto o diz nesse depoimento. Agendou um jantar com o escritor, que, a essa altura, não tinha ainda sido contemplado com o Nobel (a visita deu-se em 1949, onze anos depois foi Sartre que nos visitou, depois de ter passado por Cuba e escrito um livro resultante disso, “Furacão em Cuba”, que a Editora do Autor, de Rubem Braga e Fernando Sabino, editaram em prazo recorde. Quem tem um exemplar desse livro raríssimo? Poucos, muito poucos, certamente).

A travessia pelo Atlântico deixou-o já nauseabundo, não pela viagem em si, mas por tudo que lhe foi dado ver e viver dessa experiência. Esteve na iminência de suicidar-se, segundo se comentou a sua chegada ao Rio.

Os brasileiros lhe pareceram, segundo se depreende da leitura dessa resenha de Otto, excessivamente formalistas e provincianos.

Chegou aos ouvidos de Sartre o fracasso da visita do colega e amigo. Sartre teria comentado: “Bem feito, quem mandou aceitar o convite de uma visita oficial”.

O jantar com Otto não deu certo porque caiu na asneira (confessado por ele) de convidar o editor do “Correio da Manhã” à época. Quando Camus se inteirou do esquema, despistou, alegou qualquer coisa para não comparecer ao jantar. No fundo, suspeitava que Otto quisesse, de algum modo, lhe obter uma entrevista. Camus detestava repórteres e jornalistas.

Veio a ter contato com Augusto Frederido Schmidt. Não houve meio de simpatizar com Schmidt, o senhor gordo que o enfastiou, até mesmo quando conduzido no seu Chrysler. Imagino o tipo de conversa que Schmidt deve ter querido provocar com Camus.

Podia perguntar a Camus como é que foi sua temporada de goleiro no Racing, time em que atuou na juventude. Mas certamente deve ter querido que justificasse por que, afinal, Meursault matou o árabe, quando cego pelos raios do sol numa praia de Argel, em “O estrangeiro”. Ou coisas chatas desse tipo.

O brasileiro deslumbra-se facilmente diante de celebridades. Não sabe, em geral, manter a naturalidade.

Otto revela que Camus, por toda parte, não podia impedir-se de expressar no olhar o tédio que o consumia.

Em Recife, quando deu uma palestra numa universidade, ao fim, Camus terminou-a com estas palavras: “Il y a quelqu,un que voudrait poser une question?” Diz-se que um engraçadinho espetou o dedo no ar. Camus disse: “Allez, monsieur”.

O sujeito respondeu: “Quel l,heure est-il?”

Nada mais faltava para Camus encerrar sua viagem decepcionante ao Brasil.

Entrevista com OLGA SAVARY, a poeta do erotismo

Primeira mulher do país a publicar um livro de poesias eróticas, Olga Savary, 77 anos, pensa muito em sexo. Musa do poeta Drummond e de artistas como Siron Franco, ela é uma espécie de Mona Lisa de Copacabana. Atrás do sorriso enigmático, guarda retratos e poemas de admiradores famosos e histórias picantes, profundas e divertidas

Olga Savary é o retrato de um Brasil que pouco valoriza sua cultura. Primeira mulher do país a publicar um livro de poesias eróticas e a se dedicar à escrita de haicais (a sintética poesia japonesa), a escritora paraense tem em seu currículo 20 livros, mais de 40 prêmios de literatura — entre eles, dois Jabutis — e traduções de Pablo Neruda, Julio Cortazar e Mário Vargas Llosa. Mas vive com um salário mínimo por mês, espólio risível dos anos em que trabalhou na Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. “No Brasil, poeta morre de fome. Mas sou apaixonada por este malandro chamado Literatura e não viveria sem ele”, diz.

Para falar desta e de outras paixões, Olga recebeu Marie Claire em seu apartamento, no Rio de Janeiro. E, antes disso, por telefone, questionou a competência desta jornalista. “Tem certeza de que quer me entrevistar?”, perguntou. “Não suporto jornalista que escreve ‘pra’ em vez de ‘para’.” Dois encontros depois, bem mais à vontade, Olga falou sobre a amizade amorosa construída com Drummond, a dor de ter perdido um filho para as drogas e a descoberta tardia de sua sexualidade. Para Ferreira Gullar, fã e amigo de Olga, é justamente o fato de “viver às voltas com as contradições mais profundas da existência” que faz dela uma grande poeta, capaz de falar do sexo com uma “cautela de veludo”.

Marie Claire Adélia Prado disse que, quando leu Clarice Lispector pela primeira vez, pensou: “Essa mulher é tão boa que parece um homem”. Você, que tem uma literatura tão feminina, concorda com ela?
Olga Savary Clarice é o maior escritor do Brasil. E digo escritor, no masculino, porque ela é o maior entre homens e mulheres. Mas dizer que a literatura de qualidade é coisa de homem não tem cabimento.

MC Na sua opinião há uma literatura feminina e outra masculina?
OS Há homens que, de tão delicados, escrevem como mulheres. E mulheres que, por sua vez, escrevem como homens. O Jorge Amado, em 1974, para me elogiar, disse que eu escrevia como homem, mas eu o corrigi: “Não escrevo como homem, mas como uma mulher forte, sem melindres”. Ele falou com a melhor das intenções, mas achei bom reforçar que a mulher pode, sim, ser vigorosa.

MC Quando você começou a escrever Magma, o primeiro livro de poesia erótica feito por uma brasileira, qual foi sua inspiração?
OS Lancei o Magma em 1982, mas os poemas já estavam na minha cabeça, fermentando, havia anos. Só concluí o livro quando fui passar um fim de semana com a Hilda [Hilst, escritora] na fazenda dela, em Campinas, e fiquei um mês. Eu gostava tanto da poesia dela que decidi organizar sua antologia. Mas Hilda não trabalhava aos domingos e, durante a semana, mergulhava na sua escrita. Então, eu, que me desespero se não escrever, me dediquei mais ao livro do que fazia em casa, com crianças e marido [Olga era casada com o cartunista Sérgio Jaguaribe, o Jaguar, pai de seus filhos, Flávia e Pedro]. Os poemas estavam todos no plano das ideias. Só faltava escrever. O caminho é esse: cabeça, braço, mão, caneta e papel. Jorge Amado também escrevia à mão. Hoje, todo mundo usa computador para tudo. Eu só digito quando as editoras exigem.

MC Como era sua relação com a Hilda, outra grande escritora erótica?
OS Muito boa. Ela não gostava de mulher. Gostou de mim porque não sou competitiva e deixei-a à vontade para trabalhar enquanto admirava a paisagem. Dizia a Hilda que até disco voador havia ali. Ela gravava voz de gente morta, sabia? Uma vez, me mostrou a gravação. Não acredito nessas coisas, mas ouvi as vozes. Tinha a da mãe de uma escritora, a de um amigo. Acontecia cada coisa mirabolante ali… Um dia, o marido da Hilda [o escultor Dante Casarini] propôs que fôssemos os três a um puteiro. Eu nunca tinha ido, mas morria de vontade de conhecer. Pura besteira: não tem a menor graça. É só uma casa, com música, gente que dança e mulheres vistosas que, de repente, desaparecem com os clientes.

MC Esse erotismo a influenciou?
OS Não. A gente só foi ver como era e voltou rápido para casa. O erotismo é anterior e posterior a isso. Sou um ser erótico. Gosto disso. Uma vez me perguntaram se eu escrevia poesia erótica por ser ninfomaníaca. Claro que não! Quando o poeta fala em erotismo, fala porque não teve na dose que precisava. É mais falta do que excesso.

MC O Fernando Pessoa dizia que “o poeta é um fingidor…”
OS “… finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.” Isso é lindo. É avesso do avesso. Pessoa era a pura verdade em poesia.

MC Li que seu pai era russo. O que o trouxe para o Brasil?
OS Ele era engenheiro e veio trazer a luz elétrica para várias cidades do Norte e do Nordeste. Era um romântico, lindo e sonhador. E também era de Escorpião, como o [Carlos] Drummond [de Andrade]

MC Drummond era seu amigo?
OS Amicíssimo. Nunca me atraiu como homem, mas sempre mexeu comigo. Como poeta, era de tirar o fôlego. Tinha vontade de pegá-lo no colo, como uma mãe, mas ele não gostava nada dessa história. Eram outras as suas intenções [risos]. Uma vez, na fila do banco, eu disse para ele que adorava a amizade amorosa que havíamos construído. Ele ficou furioso: “Amizade amorosa coisa nenhuma, isso é amor!”. Fiquei muda, passada. Drummond era discretíssimo, tímido, mas naquele momento se tornou um alucinado, gritava em plena fila de banco.

MC Como vocês se conheceram?
OS Aos 19 anos, fui com minha cara de pau, e meu livrinho embaixo do braço, ao antigo Ministério da Educação e Cultura, no Rio, onde ele trabalhava. Havia 100 poemas e ele teve paciência de ler todos! Cheguei sem jeito, mas a empatia foi imediata. Drummond tinha 53 anos e, mais tarde, confessou ter ficado balançado. Ficamos amigos e começamos a trocar poemas. Ele me chamava de Olenka, diminutivo de Olga, em russo, e fez um lindo poema para mim, que nunca foi publicado.

(Leia abaixo)

Miragem

Chegou, impressentida e silenciosa,
Com uma saudade eslava nos cabelos
E um ritmo de crepúsculo ou de rosa.

Os olhos eram suaves e eis que ao vê-los,
Outra paisagem, fluída, na distância,
Sugeria doçuras e desvelos.

No coração, agora já sem ânsia,
paira a serenidade comovida
que lembra os puros cânticos da infância.

Logo depois se foi, mas refletida
nesse espelho interior, onde as imagens
se libertam do tempo, além da vida,

Olenka permanece, entre miragens.

Carlos Drummond de Andrade, 1955

MC Quanto tempo depois você começou a namorar o Jaguar, um dos fundadores do Pasquim?
OS Nessa época, nós já namorávamos e o Jaguar, que adorava Drummond como poeta, passou a odiá-lo. Um não suportava ouvir falar do outro [risos].

MC Você chegou a trabalhar com o Jaguar no Pasquim?
OS Os louros ficaram com os homens da redação, mas eu fui uma das fundadoras do Pasquim. Criei a famosa coluna Dicas, com notas sobre o universo da cultura, comentários e sugestões. Fui a primeira jornalista a dar preço para restaurantes.

MC Você teve muitos namorados?
OS Na minha época, tinha todo aquele ritual: namoro, noivado e casamento. Ou seja, só fui namorar mesmo depois que me separei, aos 46 anos. Fiquei dois anos e meio com um jogador de futebol de 22, louco por mim. Ele me pediu em casamento e ficou indignado porque não aceitei. Mas eu estava a mil por hora. Tinha acabado de me separar, depois de casar virgem, e não casaria de novo nem por decreto! Queria só aproveitar aquele prazer imenso. Foi esse jogador que me deu um dos orgasmos mais intensos da minha vida, aos 46 anos…

MC Antigamente não se falava em prazer feminino, falava?
OS Não. As mulheres não tinham vez, voz ou libido. Felizmente acordamos.

MC Quanto tempo faz que você teve seu último relacionamento?
OS Há 20 anos não quero saber de namoro. Como dizia Agatha Christie, nem se eu encontrasse um arqueólogo [risos]. É tão bom viver só que eu escreveria um elogio à solidão. Eu me distraio e me divirto sozinha nesta casa.

“Sou refém de sexo, mas não de homem; me viro muito bem sozinha”

MC Você não sente falta de sexo?

OS Meu corpo não aguenta mais. No meu último namoro, já doíam o joelho, a lombar [risos]. O bom é que não sou refém de homem. Sou refém do sexo, mas não de homem. Me arranjo muito bem sozinha. Sei como me dar orgasmos deslumbrantes [risos].

MC Quando você descobriu que queria ser escritora?
OS Meu sonho era ser bailarina, mas meus pais diziam que eu ia morrer pobre. E eu consegui ser coisa pior [risos]. Escritor, sim, morre de fome. Vivo praticamente com um salário mínimo por mês, um benefício do tempo em que trabalhei na Secretaria de Cultura. De tão apaixonada pela literatura, achei que poderia viver só da relação com os livros. Hoje sei que não é assim, mas é tarde. Por isso trabalho tanto. Faço traduções, resenhas, antologias. Não paro e vivo bem. Não tenho luxos e não preciso deles. Nunca saí do país com o meu dinheiro, mas meu talento já me levou a representar o Brasil na Holanda, em Portugal…

MC O que você poderia ter feito para viver mais confortavelmente?
OS Me arrependo de não ter pedido ajuda aos amigos que estavam no poder. Tive muitos e fui deixando-os morrer, por puro orgulho. Não existem mulheres que se apaixonam por bandido? [reflexiva] Eu me apaixonei por um malandro chamado Literatura [risos]. E, no Brasil, quem leva dinheiro na cueca se dá bem, quem é honesto não. A literatura, essa paixão que me suga, esse vampiro chamado poesia, consome toda minha energia. Leio e escrevo tanto que não tenho tempo de ir a oculista, ginecologista, dentista…

MC O tempo interior dos intelectuais parece ser diferente do de seres humanos normais…
OS E é. O bom poeta é um pensador, um filósofo. Reflete e questiona tudo.

MC Isso não traz infelicidade?
OS Tenho a vida sacrificada, mas não sofro. Meu pai morreu quando eu tinha 28 anos e minha mãe alguns anos depois. Perdi tudo muito cedo, sou filha única, e aprendi a me entreter lendo e rindo sozinha.

MC Do que eles morreram?
OS Meu pai caiu e fraturou o fêmur. Um ano e meio depois, morreu. Ele era um ótimo homem, não era como a minha mãe. Ela me detestava. Dizia que eu não era sua filha, mas de um casco de tartaruga. Está aí um bom título para sua matéria: “A escritora que era filha do casco de tartaruga”.

“Minha mãe me detestava, me deixou em carne viva  de tanto me bater”

MC Por que ela a tratava assim?
OS Quando eu nasci, minha mãe tinha 20 anos, gostava de festas, viagens e de tudo que as mocinhas dessa idade gostam. Inclusive de badalar. Por isso se separou do meu pai, numa época em que o divórcio não existia. Ela queria viver a vida e eu a atrapalhava. Era uma grande mulher, tocava violão e cantava, mas uma péssima mãe. Vivia me dando surras. Uma vez, chegou a me deixar em carne viva por 15 dias, de tanto me bater. Naquela época eu sofria horrores. Hoje, morro de rir porque sou a única pessoa do mundo que nasceu do casco de uma tartaruga. Que maravilha! Que grande biografia eu tenho! Do casco de tartaruga aos Jabutis [prêmios de literatura que Olga ganhou duas vezes, em 1971 e 1994]. Viu só como é bom rir de si mesma?

MC Ao criar seus filhos você pensou que queria ser o mais diferente dela que pudesse? Tentou reescrever essa história de outra forma?
OS Sempre fui muito dura com meus filhos, mas nunca agressiva. Dei um único tapa no Pedro [morto, aos 41 anos, em 1999] e me arrependo disso até hoje. Mas ele era drogado. Dava um trabalho absurdo e, um dia, acabei perdendo a cabeça. Com a Flávia [Savary], que é uma excelente escritora de livros infantis, sou muito crítica. Quando ela me mostrou um dos seus primeiros poemas falei: “Olha, filha, poesia tem métrica, forma e você não pode fazer aleatoriamente, sem ritmo…”. Ela ficou furiosa. Depois, entendeu que era para o seu bem. Ficou em silêncio trabalhando e, cinco anos mais tarde, me apareceu com um livro belíssimo, que me deixou de queixo caído. É bom levar tombos. Amadurece.

MC Quando o Pedro começou a se envolver com drogas?
OS Até os 17 anos, ele parecia um menino normal. Era lindo, magro e vivia pegando ondas. Mas não gostava de estudar e foi expulso de várias escolas — afinal, o pai se vangloriava de ter sido expulso de todos os colégios e filho imita pai. Só que o Jaguar tinha um talento nato e o Pedro não. Conclusão: nunca trabalhou e começou a pirar na maconha. Depois, tornou-se religioso. Frequentava todas as igrejas e religiões do Rio. E, embora vivesse do dinheiro do pai, com quem eu só falava o necessário, morava comigo. Mas, aos 40 anos, Pedro fugiu de casa e foi para o Rio Grande do Norte. Jaguar mandou buscá-lo, mas não teve jeito. Ele fugiu de novo para Natal. Morreu lá e eu só fiquei sabendo uma semana depois…

MC Do que ele morreu?
OS Ele morava numa pensão de uns amigos e vivia pegando onda. Um dia, dormiu e acordou morto. Falo assim, “acordou morto”, para atenuar essa dor. O Jaguar, que foi avisado da morte dele, mandou dinheiro para o enterro, mas não compareceu e não me avisou. Só falou com a Flávia, que foi quem me contou. É duro dizer, mas graças a Deus ele morreu, pois devia sofrer muito. Era louro dos olhos azuis, parecia com meu pai. Lindo…

MC Você não foi buscá-lo em Natal?

OS Não. Sempre fui uma mulher conformada. Se eu pudesse escolher, teria morrido no lugar dele, porque filho morrer antes de mãe é uma crueldade. No auge do problema com as drogas, pensei que, se pudesse, compraria algo para matá-lo e, em seguida, me mataria. Não aguentava mais aquilo.

MC Hoje, olhando tudo isso, do que você mais sente falta? Existe algo que gostaria de fazer antes de morrer, para ir tranquila?
OS Adoraria entrar para a Academia Brasileira de Letras. Primeiro, porque eu tenho obras para isso, e muita gente não tem. São 20 livros e mais de 40 prêmios. Mas, mais do que isso, gostaria de entrar para a Academia porque… sou uma dama solitária e adoraria ter aquela turma toda de amigos, seria a minha família literária. Um sonho. E, depois, tem uma coisa: aqueles chazinhos são deliciosos [risos]. Já pensou que delícia você se reunir com sua família e discutir literatura? Ali há pessoas que eu admiro muitíssimo. São pessoas maravilhosas.

Votando no bom João e elegendo o Malvadão – por alceu sperança / cascavel.pr

O parlamentarismo surgiu com a decapitação sangrenta de um soberano (Carlos I, 1649, Inglaterra). Entre nós poderia começar da mesma forma: decapitando, preferencialmente sem uma gota de sangue, o atual presidencialismo semi-imperial que vigora no País.

As pessoas mais humildes e também as arrogantes desinformadas ignoram que nas eleições há dois tipos de voto: omajoritário, em que o eleitor vota em apenas um candidato, e o proporcional, que é um voto dado ao partido ou coligação.

Entendem bem como funciona o primeiro voto: “Eu voto em Fulano e fim de conversa”. Mas se atrapalham muito com o voto proporcional: acham que estão apenas votando em uma pessoa e excluindo outras, sem saber que ao votar em algum candidato estão também votando em todos os outros nomes que integram aquela chapa.

Digamos que na coligação XQP eu opte por um nome de minha predileção, mas dentro dessa mesma coligação haja dois ou três candidatos que eu simplesmente abomino. Com o voto proporcional, pode ocorrer que esse meu voto não eleja o meu candidato predileto, mas ajude a eleger os três que eu detesto.

Os eleitores desavisados não compreendem como seu candidato não se elegeu e alguns safados da mesma chapa se elegeram: não percebe que seu voto ajudou a eleger os odiosos…

Porque o voto proporcional é dado ao partido e no caso de coligação vai para o bloco inteiro. O número partido é a primeira dezena do número do candidato.

Só depois dela vem o nome do candidato, representado pelos números que seguem. Com o voto proporcional, o que mais acontece é você votar num candidato do interior e esse voto acabar elegendo um candidato da capital, por exemplo.

Digamos que um certo Hermínio Jiacob Sciorra seja candidato a deputado estadual por um partido intitulado PSDU, seja lá o que tal sigla queira dizer, dessa nossa coligação XQP.

Como o nosso candidato HJS entrou no partido apenas recentemente, porque acha que pode ser eleito com menos votos que em outro partido mais tradicional, seu peso no interior da agremiação é pequeno.

Ele não teve militância partidária nem controla os mecanismos de poder na agremiação. Apenas conseguiu uma legenda para concorrer.

No entanto, um certo Pastor dos Anzóis, que tem domicílio na capital, controla o partido desde seu nascimento. Manda na liberação de recursos do fundo partidário, na distribuição do espaço disponível no rádio e na TV e na promoção de encontros, reuniões e convenções do partido.

Aí você vota no candidato de sua cidade, o HJS, que consegue ser o mais votado da região. Aleluia! Sucesso! Mas a sigla consegue apenas uma cadeira no parlamento e a gente vê que o figurão da capital aparece no mapa com um voto a mais que os do interior.

Nesse momento você acabou de eleger o figurão da capital mesmo votando no HJS, que mesmo tendo muitos votos foi derrotado. Mas entenda que também foi você que elegeu o cacique da capital ao votar no seu candidato predileto, pois o voto contou para a chapa toda.

A única maneira de tornar realmente útil o ato de votar em “candidato daqui” seria haver o voto distrital, que é próprio do parlamentarismo. Com o sistema proporcional, a maioria dos votos, mesmo dados em candidatos “daqui”, vão ajudar a eleger os candidatos de lá.

Por ingenuidade ou má-fé, tenta-se no interior criar uma reserva de mercado para candidatos da elite, que são os mais conhecidos, despolitizando as eleições e fazendo pouco dos partidos, chegando ao cúmulo de até combater o voto mais consciente de todos – o de legenda.

Sempre que há despolitização e desprezo aos partidos políticos, que são intermediações da sociedade para a conquista ou repartição legítima do poder, a democracia é ameaçada, as ditaduras cruéis chocam seu ovo serpentino, o cidadão tem seus direitos humanos agredidos, limitados e até extintos.

A história é pródiga em exemplos desse tipo. A ascensão do nazifascismo foi apenas um de tantos casos escabrosos que levaram a humanidade à dor e ao desespero.

Quem quer de fato eleger candidatos do interior precisa mergulhar de cabeça na proposta do parlamentarismo, do voto distrital puro (como na Inglaterra) ou misto (como na Alemanha, que parece melhor).

Do contrário, votar em candidato do interior com pouco peso dentro do partido é o mesmo que canalizar votos das urnas das cidades interioranas para os candidatos e caciques dos grandes centros.

POEMA PARA JOÃO de joão batista do lago / são luis

Para ele a vida era apenas um começo!
Tudo era descoberta. Tudo.
Mas a algoz violência calou João.
João está mudo!
Antes mesmo do deserto da vida calaram João.
Mataram João.
Agora João, a esperança, está mudo.
Agora tudo está mudo.

O calvário de João
Tomado de assalto pelo ladrão, que
Sem qualquer perdão
Arrastou o corpo de João pela
Cidade Maravilhosa,
Começou no semáforo,
Anticorpo das artérias da cidade…
Da cidade de João.

Chicoteado pelo asfalto,
Arrastado pelo sonho do consumo,
João desfilava sua dor
Entre os gritos das gentes:
– Párem… párem… párem,
Pelo amor de Deus, párem!
Mas Deus não estava ali
Para salvar o pequeno João.

Golias venceu Davi!
Agora João está mudo, e
Não está mais aqui, e
Não terá mais o Rio para
Batizar a Vida, e
Não terá mais o mundo – este deserto -,
Para deblaterar contra
A insensatez da miséria.

Quanta pilhéria nos
Revela o calvário do pequeno João!
João está mudo,
Mas se instala em cada coração
Para dizer a toda gente:
– prestem atenção senhores dono do mundo,
Eles não têm razão, e vós, que razões querem ter?
Escutai, escutai com coragem a voz do Ser.

Ah, João não está mudo!
João agora é cada um… é cada ser.
E cada João não quer esquecer
Que em cada ser há um “bom” ladrão…
Ladrões de joões e josés, de marias e madalenas
Que revelam em suas cantilenas
O sofrimento da hora, da agonia de agora,
Mas logo em seguida esquecem a Maria que chora.

João não está mudo!
Está plantado no alto do morro,
De braços abertos, está
Gritando ao mundo, está
Pedindo socorro, está
A toda gente, a todo crente,
E aos donos do mundo, está
Dizendo: menos riqueza… dai conta da miséria e da pobreza.

Datafolha mostra Dilma com 41% e Serra com 33%

Marina aparece com 10%. Margem de erro é de dois pontos percentuais.

Na pesquisa anterior, em julho, Dilma estava com 36% e Serra com 37%.

Pesquisa Datafolha para presidente da República divulgada neste sexta-feira (13) mostra os candidatos Dilma Rousseff (PT) com 41% e José Serra (PSDB) com 33%das intenções de voto. Marina Silva (PV) aparece em terceiro lugar com 10%.

Como a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, Serra pode ter entre 31% e 35% e Dilma, entre 39% e 43%, e Marina, entre8% e 12%.

O Datafolha realizou 10.856 entrevistas em 382 municípios. O levantamento foi encomendado pela TV Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo” e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral com o número 22734/2010.

Em maio, Dilma Rousseff tinha 36% das intenções de voto. Foi a 37%, na virada de junho para julho. Em julho, voltou a 36% e agora tem 41%.

José Serra tinha 36% em maio. Na virada de junho para julho, foi a 39%. Em julho, 37% e agora, em agosto, tem 33%.

Marina Silva, do PV, tinha 10% em maio, depois, 9%. Em julho, foi a 10% e agora se manteve em 10%.

Os outros candidatos não chegaram a 1% cada. Brancos e nulos somaram 5% e os que não sabem, 9%. Segundo o Datafolha, excluindo-se os indecisos, brancos e nulos – e considerando apenas os votos válidos, Dilma Rousseff estaria hoje a três pontos percentuais de uma possível vitória no primeiro turno.

Segundo turno
A simulação de segundo turno efetuada pelo Datafolha aponta Dilma com 49% e Serra com41%. Os indecisos são 5%, e outros 5% votariam em branco ou anulariam o voto.

Avaliação do governo
De acordo com a pesquisa, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é avaliado como ótimo/bom por 77% dos entrevistados; como regular por 18%; e como ruim/péssimo por 4%.

Do G1, em São Paulo e Brasília

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COMENTÁRIO:

comitê do zé serra se transforma em paiol de pólvora ! tucanalha querem se livrar do vice (indio) dos DEMOS. creditam a ele a queda vertiginosa nas pesquisas a partir das suas calúnias “bombásticas”.  o menino, filho do césar maia, que é presidente ventríluquo dos demos, ensaia com os caciques como dominar os tucanos na cacetada! sérgio guerra, o presidente da tucanada ameaça deixar a coordenação geral da campanha. FHC diz que o barco da campanha já fez água e lavou as mãos na mesma. enfim, estabeleceu-se o caos. zé serra, completamente perdido, segue beijando criancinhas e velhinhas na periferia de são paulo e prometendo 400 km de metrô para o Brasil inteiro !!!

fotos e comentário do site.

M E U C A V A L O de solivan brugnara / quedas do iguaçu.pr

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Meu cavalo é veloz
acompanha a nascente
cavalgo sempre no amanhecer.

L U X Ú R I A de josé delfino / natal

úmido canto onde teu cio aflora

carne e sangue de espuma a poça

odre túrgido viscoso molusco caravela

em mar vermelho de desejo que se abre

à beira de lábios que se colam na busca

da vulva salobra  onde quase me provo

um rio largo de amor e aconchego

feito a alça arriada no ombro

que realça grudada em meu corpo

o rastro da língua que adentro apossa

esse dedo essa mão nesse claustro

onde cá me termino e te possuo

RUDI BODANESE e suas fotos e poemas V / ilha de santa catarina

BIENAL do LIVRO é aberta em SÃO PAULO


Convidados visitaram o Pavilhão do Anhembi, nesta quinta (12/08/10).
Público poderá visitar o evento a partir de sexta (13/08/10).

A 21ª edição da Bienal do Livro de São Paulo foi aberta oficialmente nesta quinta-feira (12), no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na Zona Norte da capital paulista. O acesso do público será permitido a partir desta sexta-feira (13), mas alguns convidados, como grupos de alunos de escolas da cidade, foram convidados para visitar a feira em primeira mão (Foto: Juliana Cardilli/G1)

O prefeito Gilberto Kassab e o governador Alberto Goldman participaram da cerimônia de abertura. A feira terá 350 expositores e 4,2 mil lançamentos. O evento vai até o dia 22 de agosto (Foto: Juliana Cardilli/G1)

G1.

MOBILIZAÇÃO RELÂMPAGO ESTÁ SENDO PLANEJADA PARA A BIENAL do LIVRO DE SÃO PAULO

o site PALAVRAS, TODAS PALAVRAS convida seus amigos e leitores a participarem, com a presença, se possível, e divulgando na rede mundial


Uma mobilização relâmpago está sendo planejada para ocorrer durante a 21ª Bienal do Livro de São Paulo e começa a tomar cada vez mais corpo via Twitter e Facebook

Iniciada no dia 02/08, através das redes sociais Twitter e Facebook, uma mobilização relâmpago (denominação conhecida mundialmente por Flash Mob) começa a adquirir a cada dia mais adeptos, além de apoio de veículos de mídia cultural. Essa mobilização objetiva mostrar aos visitantes da 21ª Bienal de São Paulo, às 15 horas do dia 14/08, como é que as pessoas leem? Respondendo a essa pergunta, por meio de uma ação estática e pacífica, os organizadores – os escritores Claudio Parreira, Homero Gomes e Mauro Siqueira – pretendem chamar “a atenção para a importância da leitura e não apenas da compra de livros” em um dos principais eventos do mercado editorial brasileiro.

Esse flash mob estático que será realizado a partir do corredor H, do pavilhão do Anhembi, terá um formato simples e, diferente de muitos que já foram realizados pelo mundo. Não demanda grande organização, pois não possui coreografia. Seus organizadores afirmam que os participantes não precisam se preocupar, ninguém vai precisar dançar, nem inventar dança, apenas escolher uma posição interessante para ficar imóvel por alguns minutos. Tudo começará com um sinal único de apito, depois as pessoas que participarem dessa manifestação pública, deverão pegar um livro e ficar imóveis em posição de leitura – seja sentados no chão, de pé, ajoelhados ou até deitados, “vai da criatividade e da vontade de aparecer de cada um”, orienta Homero Gomes, escritor curitibano e idealizador do evento. Após um sinal duplo de apito a mobilização deverá encerrar e os participantes devem dispersar como se nada houvesse acontecido.

Os organizadores sabem que ainda há muito para ser feito para que essa intervenção pública chamar a atenção do grande público que é esperado na 21ª Bienal de São Paulo, mas como todo flash mob, essa mobilização é essencialmente uma criação coletiva, descentralizada, que se espalha viralmente em prol de um único objetivo, nesse caso: a leitura. Por isso, os organizadores acreditam que “a mobilização terá repercussão positiva, abrindo um espaço maior ao debate de ideias em torna do leitura no país”, prevê Homero Gomes.

Querendo saber mais, digite #flashmobule ou #bienalSP no “search” do Twitter ou procure por informações junto aos organizadores. Se, por acaso, você não puder estar na Bienal nesse dia, ajude na divulgação dessa ação para quem você conhece. A prática da leitura no país agradece.

Características da mobilização:

Local – pavilhão do Anhembi, com núcleo no corredor H.

Horário de início – 15 horas.

Sinal para ação – um toque de apito dado pelos 3 organizadores: Cláudio Parreira, Homero Gomes e Mauro Siqueira.

Duração – pelo menos 2 minutos, até o toque duplo dos apitos, que indicará o fim da ação.

Ação – após sinal, ficar imóvel em posição de leitura (a escolher).

Encerramento – depois do sinal duplo dos apitos, dispersar com se nada tivesse acontecido.


Serviço:

Organização – Claudio Parreira, Homero Gomes e Mauro Siqueira.

Apoio:


PALAVRAS, TODAS PALAVRAS – ARTE & CULTURA (palavrastodaspalavras.wordpress.com)
O Bule [ http://www.o-bule.blogspot.com ]
Substantivo Plural [ http://www.substantivoplural.com.br ]
Zunái [ http://revistazunai.com/blog ]
Página Cultural [ http://paginacultural.com.br ]
Germina [ http://www.germinaliteratura.com.br ]
Livros e Afins [ http://debolso.livroseafins.com ]
O Mundo Circundante [ http://omundocircundante.blogspot.com ]

Contatos – pelo Twitter: @ClaudioParreira, @sisifodesatento e @maurovss. Pelo Facebook: Claudio Parreira, Homero Gomes, Mauro Siqueira e do blogue O Bule.

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ilustração deste site:  Livro gigante, foi uma das atrações da 20ª Bienal de São Paulo (Foto: Carolina Iskandarian/ G1 )

A música alegre mergulha nas ruas de Santa Maria – de regis fernandes / santa maria.rs

Para: Letícia

A música alegre mergulha nas ruas de Santa Maria,

Visito suas mãos com passos cegos

Tormentas

Vespertinas publicadas no seu olhar

Entes figurados na extensão burlesca da 24horas

A brisa leve levanta a poeira

Dos fregueses

‘Últimos pedidos’- seu José: encerra o café Cristal

Cansado.

Gosto arenoso, fachadas e prédios

À viga mestra percorre os limites do coração

Na esquina da Rua São Paulo onde

Nossos olhos serpenteiam

Acampamentos remotos

Desfigurado

Existe um sujeito que dorme

Frente a uma farmácia

Onde antes havia

Outra farmácia

Nos olhos que não enxergamos

Desfilam avôs e seus netos

Demolições e construções

Eu, você.

Veredas:

E a milonga segue só

‘Possuo duas alianças e um olhar repleto de memórias’

Quem construiu a Vila Belga?

E colocou seus trilhos na direção dos meus dedos?

Itaimbé recolhia seus bichos de madeira

Enquanto Imembuí amamenta o

Futuro xamã dos

Êxodos

Estação em ruínas, Joana

Aguarda Gustave

Sua espera é como um dragão

Dilacerado ou

Uma música sem compasso

Lágrimas que brotam do seu rosto

Formam ondas quando

Alcançam o extinto riacho

Do Itaimbé

As malhas de aço foram costuradas

Conforme o tamanho dos seus

Braços:

Restam apenas lembranças

Crescendo

Entre suas engrenagens

O ruído calou,

A sineta rachada: nos trilhos

Sinuosos

A locomotiva

E o ferrugem do

Seu corpo atravessa

A cidade

O estado: seu corpo

Trançados como algodão

Indo

Até o meridional de suas pernas

Mariano escuta

O grito da Maria-fumaça,

Enquanto espera o ônibus

Com outros estudantes para o

Camobi.

Bozano prova da

Água-ardente e não

Faz idéia do que

Vai lhe acontecer cinco dias

Depois do nascimento

Do salvador…

Isaias mesmo inseguro

Manteve a pistola erguida

Ao vê-lo cair.

Americanos cogitaram ‘tomar a Amazônia’ no século XIX, revela livro


Chefe do Observatório Naval queria expandir ‘plantations’ em área brasileira.
Revelação está em livro de Gerald Horne, que falou ao G1 sobre o caso.

Daniel Buarque Do G1, em São Paulo


Capa do livro ‘O sul mais distante’ de Gerald Horne,
que revela o interesse americano na Amazônia no
século XIX (Foto: Reprodução)

Pesquisadores norte-americanos costumam chamar de paranoia a preocupação que os brasileiros têm com a ideia de intervenção dos Estados Unidos na Amazônia. Por mais que atualmente não haja nenhum indício real deste tipo de interesse na região da floresta tropical no Brasil, a história revela pelo menos um momento, no século XIX, em que políticos dos EUA discutiram a ideia de ocupar o território no norte do Brasil.

Foi em 1850, quando o chefe do Observatório Naval dos Estados Unidos, Matthew Fontaine Maury, sugeriu que seu país evitasse a Guerra Civil e continuasse expandindo sua produção de algodão com mão de obra escrava levando toda a estrutura, incluindo os escravos africanos, para a região da Amazônia brasileira. A revelação é parte do livro “O sul mais distante” (Cia. Das Letras), escrito pelo pesquisador de escravidão nas Américas Gerald Horne, professor da Universidade de Houston, no Texas. Segundo ele, Maury era interessado em deportar escravos norte-americanos para desenvolver a região com um plano de “tomar a Amazônia do Brasil”.

saiba mais

Em entrevista ao G1, Horne explicou que este plano de “invadir a Amazônia” surgiu no contexto da consolidação dos Estados Unidos como uma potência violenta, que fazia da conquista territorial seu destino manifesto, então “não é uma surpresa” que cobiçassem também a Amazônia. O projeto de incorporar a floresta, disse, ganhou força especialmente no Estado da Virgínia, que era o centro do poder político dos Estados Unidos na época e onde Maury continua a ser visto como um herói até hoje.

Ele comentou que, por mais que o país continue se envolvendo em guerras pelo mundo, a situação mudou e nenhuma ação do tipo é sequer cogitada pelos americanos. “Hoje, não é necessário nem dizer, não há possibilidade desse tipo de intervenção. Especialmente por conta da ascensão do Brasil, que está desafiando a liderança americana na América Latina. O Brasil é mais forte, o mundo mudou”, disse Horne ao G1.

Separação e anexação
Maury costuma ser citado como tendo sugerido que os políticos americanos deveriam forçar o Brasil a permitir a livre navegação de barcos americanos na Amazônia porque o Rio Amazonas era “uma extensão” do rio Mississippi.

Hoje, não é necessário nem dizer, não há possibilidade desse tipo de intervenção”

Gerald Horne, historiador

Em “O sul mais distante”, livro de 2007 que acaba de ser publicado no Brasil, Horne explica que as relações entre Brasil e Estados Unidos americana foram muito intensas por conta da escravidão nos dois países. A proximidade diminuiu com a Guerra Civil, iniciada uma década depois do plano de Maury de transferir as plantações para a Amazônia.

Segundo Horne, os escravistas mais radicais do sul norte-americano defendiam fortemente a separação do país e “colocavam o Brasil próximo ao centro do seu sonho de um império transcontinental de escravidão, particularmente nos anos 1850, quando parecia que a escravidão encontrava um bloqueio em sua expansão para o Oeste”. Para eles, o futuro estava em um império “unido com o Brasil”.

Maury via a Amazônia como “válvula de segurança da União” e planejava deportar os escravos africanos dos Estados Unidos junto com seus proprietários para a região ainda não desenvolvida. “É mais fácil e mais rápido’, argumentou Maury, ‘para navios da Amazônia fazerem a viagem a Nova York de que ao Rio’”.

Segundo Horne, a proposta de Maury foi vista como provocativa e discutida no Brasil, o que fez com que o então secretário de Estado dos Estados Unidos, William Marcy, respondesse de forma superficial garantindo ao Brasil que não precisava levar a sério os argumentos de Maury. O pesquisador da Universidade de Houston, entretanto, diz que Maury gerou um forte interesse norte-americano em dominar a região amazônica, fazendo com que milhares de norte-americanos viajassem o Brasil investigando o país e analisando a possibilidade de se apropriar do território da floresta.

Em outras ocasiões no final dos anos 1850 e mesmo durante a Guerra Civil, em 1862, um comitê da Câmara de Deputados dos Estados Unidos chegou a considerar a possibilidade de deportar os negros para a Amazônia, o que foi ponderado pelo governo brasileiro e negado por a lei brasileira “não admitir negros livres em seu território”. O Brasil, diz Horne, teve um papel importante na mente de líderes do sul escravista dos Estados Unidos, que foi apoiado pelo governo brasileiro, servindo até mesmo como refúgio quando a Guerra Civil terminou com vitória do Norte do país.

Brasileira é condenada por ‘sexo consensual’ em Abu Dhabi


Segundo a imprensa local, menina tem 14 anos.
Itamaraty e embaixada não confirmaram o caso.

Uma adolescente brasileira de 14 anos foi condenada à prisão em Abu Dhabi e à deportação por ter feito “sexo consensual” com um motorista de ônibus escolar paquistanês, informa a imprensa local nesta quarta-feira (11). O Itamaraty e a embaixada brasileira de Abu Dhabi não confirmaram o caso.

A jovem foi condenada a seis meses de prisão depois que os promotores a acusaram de ter feito “sexo consensual” e ter combinado o encontro com o paquistanês, por meio do que chamaram de mensagens de texto “eróticas”.

“A garota de 14 anos, que inicialmente alegou ter sido estuprada (…) foi condenada na terça-feira a seis meses de prisão, seguido pela deportação”, informa o “Gulf News”.

A adolescente se retratou da acusação de estupro durante uma audiência na corte no fim de julho, de acordo com o jornal The National.

O Gulf News também destaca que o homem, um motorista de ônibus escolar paquistanês de 25 anos, foi condenado a um ano de prisão e também será deportado. O National afirma que o homem tem 28 anos.

Os advogados da garota solicitaram que o paquistanês fosse acusado de estupro estatutário, de acordo com o mesmo jornal. Em muitos países, a adolescente seria considerada menor de idade para ter uma relação sexual, mesmo consensual.

Mas nos Emirados Árabes Unidos, lembra o National, crimes relacionados ao sexo são analisados de acordo com a sharia, lei islâmica, segundo a qual os acusados que já passaram pela puberdade são julgados como adultos.

Sexo fora do casamento é considerado ilegal nos Emirados Árabes Unidos.

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Da France Presse

GINGA do MANÉ hoje na LAGOA da CONCEIÇÃO/ ilha de santa catarina

AS VERGONHAS NACIONAIS QUE O POVO, PORTUGUÊS, DESCONHECE por vera lucia kalaari / portugal

De facto, Portugal está a atravessar uma situação que se torna cada vez mais difícil para o Povo, moribundo, resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, que se vai transformando em burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de miséria, sem uma rebelião, sem um protesto digno de se registar, enfim, umpovo que desistiu de reclamar os seus direitos, que se vai embriagando com o futebol, como se tudo o que  diz respeito a uma sobrevivência digna, deixasse de ter interesse.Mas não é o futebol que lhes dá pão…

Enchemos de bandeiras nacionais as nossas janelas, homenageando a nossa Selecção..

Mas vistas as coisas e, principalmente, caindo na nossa realidade, devíamos era enfeitar todas as nossas casas com bandeiras negras de protesto contra esse futuro que nos preparam, e que nós, inconscientemente, deixamos que aconteça porque quem cala, consente. Mobilizamo-nos por determinadas causas que não nos dizem respeito, mas nada fazemos em prol de nós próprio… Tornámo-nos num Povo de ‘’otários’’ silenciosos, quando, mais do que nunca, devíamos ter consciência das palavras de Zeca Afonso, que nunca foram tão oportunas:’’Eles comem tudo e não deixam nada.’’

Mas passemos aos factos, que acho deverem ser do conhecimento de todos:

NOVO PENSIONISTA: MARQUES MENDES

Aos 50 anos e com 20 anos de desconto como Deputado, este senhor acaba de requerer a Pensão a que tem direito, no valor mensal vitalício de 2.905 euros mensais.

Contudo, um trabalhador normal, tem de trabalhar até aos 65 anos e ter uma carreira contributiva completa durante 40 anos, para obter uma reforma de 80% da remuneração média da sua carreira contributiva.

CAMPOS E CUNHA, ex-ministro das Finanças, recebeu durante os dois meses em que esteve no Executivo, 4.600,00 euros mensais de ordenado e uma reforma de 8.000 euros do Banco de Portugal.

MIRA AMARAL saiu da Caixa Geral de Depósitos com uma reforma de gestor de 18.000,00 euros. Na altura acumulava outra pensão de 1.8 mil euros como deputado e ainda uma terceira de 16.000 euros como líder executivo da CGD. E o mais interessante é que esta reforma paga pelo povo era auferida ao fim de…pasme-se: um ano e nove meses.

PAULO TEIXEIRA PINTO com 46 anos passou à reforma por incapacidade, decretada por Junta Médica, com uma pensão no valor de 35000 euros mensais. Mas apesar desta incapacidade,  já arranjou um cargo numa consultora financeira. Teixeira Pinto nega ter recebido uma ‘’indemnização pela rescisão do contrato’’ com o BCP, garantindo que APENAS recebeu a ‘’remuneração total referente ao exercício de 2007: 9.732 milhóes de euros em ‘’compensações’’ e ‘’remunerações variáveis´´.

Estas Juntas Médicas são as mesmas que recusam reformas a funcionários com doenças graves, inclusive cancro. Que moral é esta?

ANTONIO CARRAPATOSO, figura de proa da Telecel/Vodafone,  foi bafejado pela sorte, quando viu a sua  dívida de 7000.000.00 de IRS prescrever. Porque raz~qo ela prescreveu? Porque razão não se fez a cobrança coerciva da mesma, se este senhor nunca saiu do país e nunca o seu paradeiro foi desconhecido , aparecendo, aliás, diversas vezes na televisão, para entrevistas e comentários, onde fez questão de defender sempre as virtudes do ‘’sistema’’ em que vivemos presentemente. Mas lembremo-nos todos, que esta dívida nunca poderia prescrever, porque somos nós todos, contribuintes, os credores deste senhor.. Mas ao povo, o que acontece? Qualquer pequena dívida ao fisco e aí temos as penhoras…

CARLOS HORTA E COSTA um exemplo de como o dinheiro de todos nós, é desbaratado, sem que disso ninguém tenha conhecimento: No dia 14 de Janeiro de 2005 no Pavilhão Atlântico, em Lisboa, durante um Encontro dos Correios de Portugal, os CTT pagaram 19.00000 euros a Luís Felipe Scolari por uma palestra de 45 minutos cujo tema era ‘’Como fortalecer o espírito de grupo.’’.

Nestas comemorações, gastaram-se mais de 430.000.00 euros.

Também a despesa com as remodelações do gabinete e sala de visitas deste senhor, rondaram os 430.691.00 euros.

Sempre na linha das grandezas o sr.Horta e Costa tinha à sua disposição um Jaguar S. Type ,  e um Mercedes Benz S320CDI totalizando em rendas 50.758.00 euros  mais 84.000.00 euros.

Assim, o Relatório da Inspecção Geral concluiu haver ‘’indícios de má gestão’’ e ‘’falta de contenção de uma empresa que gere dinheiros públicos’’.Que se adiantou com isso?

VITOR CONSTANCIO,  ex-governador do Banco de Portugal com um ordenado anual de 272.628.00  euros anuais.

Estes alguns exemplos entre dezenas doutros. E por estes abusos, estas vidas de luxo, com os gestores mais bem pagos do mundo, que nunca são responsabilizados pelos erros que cometem, está o nosso País a debater-se com a crise que todos nós conhecemos, pedindo-se, não àqueles que muito contribuíram para a mesma – não podemos responsabilizar só a crise financeira mundial- mas sim ao pobre povo, ‘’sacrifícios’’, cortando-lhes pensões, subsídios, e o que muito bem lhes apetece.

E esses outros? Esses que se encheram e continuam a encher e que ainda têm a veleidade de nos tapar os olhos com belos discursos?

É urgente que  todos tenhamos consciência que este, é o País que temos. As contas, que os outros desequilibraram, têm que ser agora suportadas por todos nós. Uma vergonha…

POETAS e ARTISTAS MINEIROS se apresentam na ILHA DE SANTA CATARINA / Florianópolis

BICO de josé alexandre saraiva / curitiba


Era chefe do serviço de protocolo em importante repartição pública de Curitiba. Anos 80. Elegante no físico, roupas moderadas, sereno nos gestos. O polaco magrelão era o mais atencioso com os colegas e com o público. Cinquentão, ganhava o suficiente para manter a casa e os dois filhos na faculdade. Fusquinha impecavelmente encerado, tinindo de novo. Um barnabé feliz. Contas em dia, aposentadoria bem ali, pertinho. Gabava-se de suas qualidades de orador. Certa vez, em brincadeira de fim de ano na seção, foi eleito “O Mais Mais” na arte de Cícero.

Ano 2000. Vejo-o agora carregado com os fardos do tempo. Voz minguada, distribui folhetos comerciais nas esquinas da cidade. Inexplicavelmente, valendo-se da multidão, ele tenta esquivar-se de mim. Não consegue. Dêmo-nos as mãos. O mesmo sorriso recatado, a mesma simplicidade. Parece conter uma história pessoal. Incontável, talvez. Ares de resignação, diz: “Somando com os panfletos da noite, ganho mais que a aposentadoria. Sem imposto de renda na fonte e com direito a vale-transporte”. Pergunto sobre o fusca. Nostálgico, responde: “vendi há três anos”.

Num gesto discreto mas suspeito, que ele tenta disfarçar encostando-se à parede, coloca um papel colorido e acetinado no bolso do meu paletó. Com uma mão côncava no canto da boca, como quem revela algo secreto, sentencia baixinho, porém convicto:  “Aproveita, vale a consumação!”

P R E C E de jorge lescano / são paulo



Oratório para Gerente (solo recitativo) e Balconistas (coreto gregoriano)

SOLO

Nós te louvamos, ó, Grande Deus dos Homens de Comércio!

CORO

Nós te louvamos e Te imploramos

SOLO

que neste dia que começa, nos envies fregueses complacentes e cheios de boa vontade para estes

CORO

os últimos dos Teus servos!

SOLO

E que nossos patrões

CORO

digníssimos filhos Teus

SOLO

fiquem satisfeitos com a profissão que escolheram. Se assim fizeres, nós

CORO

humildemente

SOLO

derramaremos, sobre Teus alvos pés de mármore, lágrimas de gratidão sincera. A Ti

CORO

ó, Grande Pai do Lucro!

SOLO

que jogas voluptuosamente em nossas mãos uma cascata de papel moeda

CORO

que nunca é nosso e não é como se fosse

SOLO

a Ti, que tens o tato certo e indicas certeiramente aos fregueses o que devem comprar e pagar, sem reclamar, em cada dia de suas existências

CORO

remetemos nossa humilde prece.

SOLO

Tu, que distribuis singelamente o valor das prestações

CORO

que a Tua Graça devemos

SOLO

Tu, que a ninguém negas a ilusão colorida dos cartazes de propaganda

CORO

estampas milagrosas

SOLO

TU!

CORO

A quem nós todos

SOLO

igualados pelo consumo

CORO

pagamos!

SOLO

Direta

CORO

e indiretamente

SOLO

o tributo por Ti designado e codificado com a claríssima sigla ICM

CORO

impressas em nossas testas com letras de fogo!

SOLO

Tu, Todo Poderoso Rei das Caixas Registradoras

CORO

Plin, plin, TRAC!

SOLO

Música de Tua Igreja, não deves, no dia de hoje, negar Tua infinita bondade a estes

CORO

Teus servos incondicionais

SOLO

sempre dispostos a render-Te culto

CORO

dando cada vez menos e pedindo cada vez mais

SOLO

e não guardando para nós nada além do que Teus sacerdotes

CORO

nossos patrões!

SOLO

achem por bem nos conceder como preço de nossa honestidade.

CORO

Nós te imploramos, ó, Grande Deus!

SOLO

um dia de bem-aventurança nas transações que faremos

CORO

de-sin-te-re-sa-da-men-te

SOLO

para Tua maior glória e sublime satisfação. E que Teus sacerdotes, sempre alegres e esfregando as mãos, não menosprezem

CORO

a nossa mísera função de escravos!

SOLO

E que os fregueses

CORO

esse mal necessário de Tua liturgia

SOLO

Não nos compliquem a vida com exigências além do que humanamente poderemos lhes oferecer. Esclarecei-os, também

CORO

só isso te pedimos!

SOLO

Sobre as verdadeiras intenções dos out-doors e displays.

CORO

Enfia-lhes

SOLO

em suas cabeças ocas, o senso de percepção correto dos reclames, para que não cheguem, depois, dizendo que os produtos por nós vendidos em Tua Honra, não são os mesmos anunciados nos jornais. E por último

CORO

Ó, Grande Deus das Vitrines! Dono do Rádio e da Televisão! Pai das Revistas e Jornais

SOLO

sem descartar, é claro, os folhetos e similares

CORO

Espírito da Casa da Moeda! Suprema Divindade dos Bancos e Financiadoras

SOLO

esses templos subsidiários

CORO

Rei dos céus vastos e poluídos das megalópoles, Príncipe das Plantações e das manadas, Padroeiro de festejos familiares

SOLO

do Dia das Mães, e das Vovós, e das Criancinhas

CORO

tão bonitinhas!

SOLO

e de todo relacionamento comerciável, nós te suplicamos

CORO

de joelhos

SOLO

que não nos deixes cair em tentação e que afastes

CORO

de nossas ingratas mãos

SOLO

todo e qualquer contato herético com a doutrina de Carlos Marx

CORO

aquele alemão

SOLO

anticristo de Tua Igreja, se assim fizeres

CORO

Ó, Grande e Poderoso Mercúrio!

SOLO

não teremos mais nada a te implorar e trabalharemos, séria e servilmente

CORO

para maior glória de Tua raça Divina

SOLO

e para maior Lucro dos teus ministros seculares

CORO

nossos patrões

SOLO

sairemos daqui para te oferecer nossos salários na primeira loja que encontremos

TODOS

MONEY!!!

2010 : “ANO NACIONAL RACHEL DE QUEIROZ” / fortaleza

banner caricatura do artista visual gráfico NETTO.

.

O ano de 2010 está sendo instituído como Ano Nacional Rachel de Queiroz, em homenagem ao centenário da escritora. A iniciativa foi do Senado Federal, manifestando publicamente o reconhecimento da singular contribuição para a literatura brasileira. Mulher, nordestina, cearense, escritora. Rachel de Queiroz natural de Fortaleza, nasceu dia 17 de novembro de 1910.

.

“[…] tento, com a maior insistência, embora com tão
precário resultado (como se tornou evidente), incorporar
a linguagem que falo e escuto no meu ambiente nativo à
língua com que ganho a vida nas folhas impressas.  Não
que o faça por novidade, apenas por necessidade.
Meu parente José de Alencar quase um século atrás vivia
brigando por isso e fez escola.”



Rachel de Queiroz
, nasceu em Fortaleza – CE, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna — “dona Miliquinha” — era prima José de Alencar, autor  de “O Guarani“), e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família de raízes profundamente lançadas em Quixadá, onde residiam e seu pai era Juiz de Direito nessa época.

Em 1913, voltam a Fortaleza, face à nomeação de seu pai para o cargo de promotor. Após um ano no cargo, ele pede demissão e vai lecionar Geografia no Liceu. Dedica-se pessoalmente à educação de Rachel, ensinando-a a ler, cavalgar e a nadar. As cinco anos a escritora leu “Ubirajara“, de José de Alencar, “obviamente sem entender nada”, como gosta de frisar.

Fugindo dos horrores da seca de 1915, em julho de 1917 transfere-se com sua família para o Rio de Janeiro, fato esse que seria mais tarde aproveitado pela escritora como tema de seu livro de estréia, “O Quinze“.

Logo depois da chegada, em novembro, mudam-se para Belém do Pará, onde residem por dois anos. Retornam ao Ceará, inicialmente para Guaramiranga e depois Quixadá, onde Rachel é matriculada no curso normal, como interna do Colégio Imaculada Conceição, formando-se professora em 1925, aos 15 anos de idade. Sua formação escolar pára aí.

Rachel retorna à fazenda dos pais, em Quixadá. Dedica-se inteiramente à leitura, orientada por sua mãe, sempre atualizada com lançamento nacionais e estrangeiros, em especial os franceses. O constante ler estimula os primeiros escritos. Envergonhada, não mostrava seus textos a ninguém.

Em 1926, nasce sua irmã caçula, Maria Luiza. Os outros irmãos eram Roberto, Flávio e Luciano, já falecidos).

Com o pseudônimo de “Rita de Queluz” ela envia ao jornal “O Ceará“, em 1927, uma carta ironizando o concurso “Rainha dos Estudantes”, promovido por aquela publicação. O diretor do jornal, Júlio Ibiapina, amigo de seu pai, diante do sucesso da carta a convida para colaborar com o veículo. Três anos depois, ironicamente, quando exercia as funções de professora substituta de História no colégio onde havia se formado, Rachel foi eleita a “Rainha dos Estudantes”. Com a presença do Governador do Estado, a festa da coroação tinha andamento quando chega a notícia do assassinato de João Pessoa. Joga a coroa no chão e deixa às pressas o local, com uma única explicação “Sou repórter”.

Seu pai adquiri o Sítio do Pici, perto de Fortaleza, para onde a família se transfere. Sua colaboração em “O Ceará” torna-se regular. Publica o folhetim “História de um nome” — sobre as várias encarnações de uma tal Rachel — e organiza a página de literatura do jornal.

Submetida a rígido tratamento de saúde, em 1930, face a uma congestão pulmonar e suspeita de tuberculose, a autora se vê obrigada a fazer repouso e resolve escrever “um livro sobre a seca”. “O Quinze” — romance de fundo social, profundamente realista na sua dramática exposição da luta secular de um povo contra a miséria e a seca — é mostrado aos pais, que decidem “emprestar” o dinheiro para sua edição, que é publicada em agosto com uma tiragem de mil exemplares. Diante da reação reticente dos críticos cearenses, remete o livro para o Rio de Janeiro e São Paulo, sendo elogiado por Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade. O livro logo transformaria Rachel numa personalidade literária. Com o dinheiro da venda dos exemplares, a escritora “paga” o empréstimo dos pais.

Em março de 1931, recebe no Rio de Janeiro o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha, mantida pelo escritor, em companhia de Murilo Mendes (poesia) e Cícero Dias (pintura). Conhece integrantes do Partido Comunista; de volta a Fortaleza ajuda a fundar o PC cearense.

Casa-se com o poeta bissexto José Auto da Cruz Oliveira, em 1932. É fichada como “agitadora comunista” pela polícia política de Pernambuco. Seu segundo romance, “João Miguel“, estava pronto para ser levado ao editor quando a autora é informada de que deveria submetê-lo a um comitê antes de publicá-lo. Semanas depois, em uma reunião no cais do porto do Rio de Janeiro, é informada de que seu livro não fora aprovado pelo PC, porque nele um operário mata outro. Fingindo concordar, Rachel pega os originais de volta e, depois de dizer que não via no partido autoridade para censurar sua obra, foge do local “em desabalada carreira”, rompendo com o Partido Comunista.

Publica o livro pela editora Schmidt, do Rio, e muda-se para São Paulo, onde se aproxima do grupo trotskista.

Nasce, em Fortaleza, no ano de 1933, sua filha Clotilde.

Muda-se para Maceió, em 1935, onde faz amizade com Jorge de Lima, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Aproxima-se, também, do jornalista Arnon de Mello (pai do futuro presidente da República, Fernando Collor, que a agraciou com a Ordem Nacional do Mérito). Sua filha morre aos 18 meses, vítima de septicemia.

O lançamento do romance “Caminho de Pedras“, pela José Olympio – Rio, se dá em 1937, que seria sua editora até 1992. Com a decretação do Estado Novo, seus livros são queimados em Salvador – BA, juntamente com os de Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, sob a acusação de subversivos. Permanece detida, por três meses, na sala de cinema do quartel do Corpo de Bombeiros de Fortaleza.

Em 1939, separa-se de seu marido e muda-se para o Rio, onde publica seu quarto romance, “As Três Marias“.

Por intermédio de seu primo, o médico e escritor Pedro Nava, em 1940 conhece o também médico Oyama de Macedo, com quem passa a viver. O casamento duraria até à morte do marido, em 1982. A notícia de que uma picareta de quebrar gelo, por ordem de Stalin, havia esmigalhado o crânio de Trótski faz com que ela se afaste da esquerda.

Deixa de colaborar, em 1944, com os jornais “Correio da Manhã“, “O Jornal” e “Diário da Tarde“, passando a ser cronista exclusiva da revista “O Cruzeiro“, onde permanece até 1975.

Estabelece residência na Ilha do Governador, em 1945.

Seu pai vem a falecer em 1948, ano em que publica “A Donzela e a Moura Torta“. No ano de 1950, escreve em quarenta edições da revista “O Cruzeiro” o folhetim “O Galo de Ouro“.

Sua primeira peça para o teatro, “Lampião“, é montada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no Teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, no ano de 1953. É agraciada, pela montagem paulista, com o Prêmio Saci, conferido pelo jornal “O Estado de São Paulo“.

Recebe, da Academia Brasileira de Letras, em 1957, o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra.

Em 1958, publica a peça “A beata Maria do Egito“, montada no Teatro Serrador, no Rio, tendo no papel-título a atriz Glauce Rocha.

O presidente da República, Jânio Quadros, a convida para ocupar o cargo de ministra da Educação, que é recusado. Na época, justificando sua decisão, teria dito: “Sou apenas jornalista e gostaria de continuar sendo apenas jornalista.”

O livro “As Três Marias”, com ilustrações de Aldemir Martins, em tradução inglesa, é lançado pela University of Texas Press, em 1964.

O golpe militar de 1964 teve em Rachel uma colaboradora, que “conspirou” a favor da deposição do presidente João Goulart.

O presidente general Humberto de Alencar Castelo Branco, seu conterrâneo e aparentado, no ano de 1966 a nomeia para ser delegada do Brasil na 21ª. Sessão da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, junto à Comissão dos Direitos do Homem.

Passa a integrar o Conselho Federal de Cultura, em 1967, e lá ficaria até 1985. Depois de visitar a escritora na Fazenda Não me Deixes, em Quixadá, o presidente Castelo Branco morre em desastre aéreo.

Estréia na literatura infanto-juvenil, em 1969, com “O Menino Mágico“, em 1969.

No ano de 1975, publica o romance “Dôra, Doralina“.

Em 1977, por 23 votos a 15, e um em branco, Rachel de Queiroz vence o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e torna-se a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras. A eleição acontece no dia 04 de agosto e a posse, em 04 de novembro.  Ocupa a cadeira número 5, fundada por Raimundo Correia, tendo como patrono Bernardo Guimarães e ocupada sucessivamente pelo médico Oswaldo Cruz, o poeta Aluísio de Castro e o jurista, crítico e jornalista Cândido Mota Filho.

Seu livro, “O Quinze“, é publicado no Japão pela editora Shinsekaisha e na Alemanha pela Suhrkamp, em 1978.

Em 1980, a editora francesa Stock lança “Dôra, Doralina“. Estréia da Rede Globo de Televisão a novela “As Três Marias“, baseada no romance homônimo da escritora.

Com direção de Perry Salles, estréia no cinema a adaptação de “Dôra, Doralina“, em 1981.

Em 1985, é inaugurada em Ramat-Gau, Tel Aviv (Israel), a creche “Casa deRachel de Queiroz“. “O Galo de Ouro” é publicado em livro.

Retorna à literatura infantil, em 1986, com “Cafute & Perna-de-Pau“.

A José Olympio Editora lança, em 1989, sua “Obra Reunida“, em cinco volumes, com todos os livros que Rachel publicara até então destinados ao público adulto.

Segundo notícia que circulou em 1991, a Editora Siciliano, de São Paulo, pagou US$150.000,00 pelos direitos de publicação da obra completa de Rachel.

Já na nova editora, lança em 1992 o romance “Memorial de Maria Moura“.

Em 1993, recebe dos governos do Brasil e de Portugal, o Prêmio Camões e da União Brasileira de Escritores, o Juca Pato. A Siciliano inicia o relançamento de sua obra completa.

1994 marca a estréia, na Rede Globo de Televisão, da minissérie “Memorial de Maria Moura“, adaptada da obra da escritora. Tendo no papel principal a atriz Glória Pires, notícias dão conta que Rachel recebeu a quantia de US$50.000,00 de direitos autorais.

Inicia seu livro de memórias, em 1995, escrito em colaboração com a irmã Maria Luiza, que é publicado posteriormente com o título “Tantos anos“.

Pelo conjunto de sua obra, em 1996, recebe o Prêmio Moinho Santista.

Em 2000, é publicado “Não me Deixes — Suas histórias e sua cozinha”, em colaboração com sua irmã, Maria Luiza.

Em novembro deste ano, quando a escritora completou 90 anos de idade, foi inaugurada, na Academia Brasileira de Letras, a exposição “Viva Rachel“. São 17 painéis e um ensaio fotográfico de Eduardo Simões resumindo o que os organizadores da mostra chamam de “geografia interior de Rachel, suas lembranças e a paisagem que inspirou a sua obra”.

Rachel de Queiroz chega aos 90 anos afirmando que não gosta de escrever e o faz para se sustentar. Ela lembra que começou a escrever para jornais aos 19 anos e nunca mais parou, embora considere pequeno o número de livros que publicou. “Para mim, foram só cinco, (além de O Quinze, As Três Marias, Dôra, Doralina, O Galo de Ouro e Memorial de Maria Moura), pois os outros eram compilações de crônicas que fiz para a imprensa, sem muito prazer de escrever, mas porque precisava sustentar-me”, recorda ela. “Na verdade, eu não gosto de escrever e se eu morrer agora, não vão encontrar nada inédito na minha casa”.

Recebe, em 06-12-2000, o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

Em 2003, é inaugurado em Quixadá (CE), o Centro Cultural Rachel de Queiroz.

Faleceu, dormindo em sua rede, no dia 04-11-2003, na cidade do Rio de Janeiro. Deixou, aguardando publicação, o livro “Visões: Maurício Albano e Rachel de Queiroz”, uma fusão de imagens do Ceará fotografadas por Maurício com textos de Rachel de Queiroz.

Obras:

Individuais:

Romances:

– O quinze (1930)
– João Miguel (1932)
– Caminho de pedras (1937)
– As três Marias (1939)
– Dôra, Doralina (1975)
– O galo de ouro (1985) – folhetim na revista ” O Cruzeiro”, (1950)
– Obra reunida (1989)
– Memorial de Maria Moura (1992)

Literatura Infanto-Juvenil:

– O menino mágico (1969)
– Cafute & Pena-de-Prata (1986)
– Andira (1992)
– Cenas brasileiras – Para gostar de ler 17.

Teatro:

– Lampião (1953)
– A beata Maria do Egito (1958)
– Teatro (1995)
– O padrezinho santo (inédita)
– A sereia voadora (inédita)

Crônica:

– A donzela e a moura torta (1948);
– 100 Crônicas escolhidas (1958)
– O brasileiro perplexo (1964)
– O caçador de tatu (1967)
– As menininhas e outras crônicas (1976)
– O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
– Mapinguari (1964)
– As terras ásperas (1993)
– O homem e o tempo (74 crônicas escolhidas}
– A longa vida que já vivemos
– Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas
– Cenas brasileiras
– Xerimbabo (ilustrações de Graça Lima)
– Falso mar, falso mundo – 89 crônicas escolhidas (2002)

Antologias:

– Três romances (1948)

– Quatro romances (1960) (O Quinze, João Miguel, Caminho de Pedras,
As três Marias)

– Seleta (1973) – organização de Paulo Rónai

Livros em parceria:

– Brandão entre o mar e o amor (romance – 1942) – com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Jorge Amado.

– O mistério dos MMM (romance policial – 1962) – Com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Jorge Amado, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa.

– Luís e Maria (cartilha de alfabetização de adultos – 1971) – Com Marion Vilas Boas Sá Rego.

– Meu livro de Brasil (Educação Moral e Cívica – 1º. Grau, Volumes 3, 4 e 5 – 1971) – Com Nilda Bethlem.

– O nosso Ceará (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), relato, 1994.

– Tantos anos (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), auto-biografia, 1998.

– O Não Me Deixes – Suas Histórias e Sua Cozinha (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), 2000.

Obras traduzidas pela escritora:

Romances:

AUSTEN, Jane. Mansfield Parlz (1942).
BALZAC, Honoré de. A mulher de trinta anos (1948).
BAUM, Vicki. Helena Wilfuer (1944).
BELLAMANN, Henry. A intrusa (1945).
BOTTONE, Phyllis. Tempestade d’alma (1943).
BRONTË, Emily. O morro dos ventos uivantes (1947).
BRUYÈRE, André. Os Robinsons da montanha (1948).
BUCK, Pearl. A promessa (1946).
BUTLER, Samuel. Destino da carne (1942).
CHRISTIE, Agatha. A mulher diabólica (1971).
CRONIN, A. J. A família Brodie (1940).
CRONIN, A. J. Anos de ternura (1947).
CRONIN, A. J. Aventuras da maleta negra (1948).
DONAL, Mario. O quarto misterioso e Congresso de bonecas (1947).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Humilhados e ofendidos (1944).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Recordações da casa dos mortos (1945).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios (1951).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os irmãos Karamazov (1952) 3 v.
DU MAURIER, Daphne. O roteiro das gaivotas (1943).
FREMANTLE, Anne. Idade da fé (1970).
GALSWORTHY, John. A crônica dos Forsyte (1946) 3 v.
GASKELL, Elisabeth. Cranford (1946).
GAUTHIER, Théophile. O romance da múmia (1972).
HEIDENSTAM, Verner von. Os carolinos: crônica de Carlos XII (1963).
HILTON, James. Fúria no céu (1944).
LA CONTRIE, M. D’Agon de. Aventuras de Carlota (1947).
LOISEL, Y. A casa dos cravos brancos (1947).
LONDON, Jack. O lobo do mar (1972).
MAURIAC, François. O deserto do amor (1966).
PROUTY, Oliver. Stella Dallas (1945).
REMARQUE, Erich Maria. Náufragos (1942).
ROSAIRE, Forrest. Os dois amores de Grey Manning (1948).
ROSMER, Jean. A afilhada do imperador (1950).
SAILLY, Suzanne. A deusa da tribo (1950).
VERDAT, Germaine. A conquista da torre misteriosa (1948).
VERNE, Júlio. Miguel Strogoff (1972).
WHARTON, Edith. Eu soube amar (1940).
WILLEMS, Raphaelle. A predileta (1950).

Biografias e memórias:

BUCK, Pearl. A exilada: retrato de uma mãe americana (1943).
CHAPLIN, Charles. Minha vida (caps. 1 a 7 (1965).
DUMAS, Alexandre. Memórias de Alexandre Dumas, pai (1947).
TERESA DE JESUS, Santa. Vida de Santa Teresa de Jesus (1946).
STONE, Irwin. Mulher imortal (biografia de Jessie Benton Fremont (1947).
TOLSTÓI, Leon. Memórias (1944).

Teatro:

CRONIN, A. J. Os deuses riem (1952).


Os dados acima foram obtidos em livros de e sobre a autora, sites da Internet, jornais e revistas de circulação nacional.


T R Ô P E G O de josé delfino / natal

Trôpego

é que às vezes me sinto

bago de fruta azeda

caído em teus ombros

bêbado mar verde-absinto

deserto ardido em chama

jardim ao avesso

é que às vezes me acho

acha em teu corpo acesa

atirada em escombros

em véspera de cinza

F L O R de L I S B O A de jorge barbosa filho / curitiba


(para Ana Griffo Antunes Coimbra)

.

perguntei por cantar

por que canto?

enquanto encanto a dor

num espanto!

luas e sóis na minha voz

e a canção por um fio.

ah! fina flor de lis boa

ah, na boa, coimbra!

és leve águia e leoa

e soas entre as sílabas.

teço teu fado alado

por isto grifo teu mito

e teu sorriso de fato

finda meus conflitos,

a fúria dos ventos impunes

ante a tudo, que antes unes…

ah! naquilo que musico

há! ana, ana griffo

dá-me o teu charme castelã

deixa-me rei dos teus fãs.

oceânicas perguntas!

cavalos marinhos

acesos em nossas bocas,

azuis, azuis, azuis do mais íntimo

do espelho que despe-se a toa:

nunca vi tantas mulheres numa!

ah! braços de porto e gal

à sombras de caetanos

e caravelas amamos

em nossas praias de mel e sal.

contemporaneamente antigo,

é meu beijo de porquês,

pois este poema é um jeito

de viajar um pouco contigo

sem que as malas as tenha feito

assim te amo em português…

DEUS E O BÊBADO por hamilton alves / ilha de santa catarina

Numa cidade do interior em que morei alguns anos (dois ou três, já não me lembro exatamente), ia sempre, depois do expediente do trabalho, a uma ou duas livrarias localizadas na rua principal, que ficavam próximas de onde morava.

Em geral, minha coleta era boa. Lembro-me que em duas dessas investidas descobri, por acaso, uma obra de poesia de Wallace Stevens, que passei a conhecer, e fiquei familiarizado com seu grande poema, “O homem do violão azul”, e com outra obra mestra, “Bartleby, o escrivão”, com prefácio de ninguém menos que Jorge Luiz Borges. Foi uma festa, obviamente. Lembro-me que fazia frio. Enrolei-me num cobertor de lã numa boa poltrona e dei conta da novela de Melville, que li linha por linha, ou palavra por palavra, tal o encanto literário de que se reveste, como se cada palavra ou frase pingassem diretamente em nossa alma. Sem falar do imenso e grandioso poema de Stevens, que foi das melhores coisas que até então tinha descoberto.

Numa dessas idas à livraria, minha safra foi zero. Nada consegui de interessante para ler. Nem os jornais do dia, que ali também se vendiam, encontrei,

Por isso ou porque é meu hábito, vinha ruminando, na volta, atravessando uma rua pouco iluminada, que era a em que morava, com os postes de luz guardando certa distância entre um e outro – e por isso mesmo, em certos trechos, a escuridão era quase absoluta, esse sentimento de angústia diante do mistério das coisas criadas.

Entrava numa cogitação metafísica, querendo achar explicação para tudo. Ou sentido para o fenômeno universal. Mas a cada tentativa feita, pareciam-me baldados os meus esforços; tudo parecia-me estranho.

Foi quando, sem mais nem menos, surgiu-me como do próprio fundo das coisas ou da escuridão que se fazia um sujeito conduzindo a pé uma bicicleta, meio bêbado.

Logo encetou uma conversa comigo. Ou me provocou para tal, afirmando:

– Deus existe, sabias, não é? Ele está contigo.

Fiquei em silêncio. Mas o acompanhei lado a lado para não lhe passar um sentimento de hostilidade. Ou coisa parecida.

A esse pensamento seguiram-se outros mais ou menos na mesma linha:

– Deus está agora mesmo contigo.

Até o ponto em que, dando uma de cético, lhe retruquei:

– Se Deus existe, no que mudarão as coisas?

– Ah, então não crês, não é?

E concluiu, em seguida:

– Pois saibas que Deus existe; Ele está contigo.

Antecipando-me ao local em que deveria entrar, dobrei numa rua e me despedi dele, quando o ouvi dizer, cambaleando, a uma certa distância (houve um instante em que quase batemos ombro com ombro):

– Deus existe; Ele está contigo neste exato momento.

Cheguei em casa. Refiz todo o episódio que vivera com o bêbado. No fundo, senti pesar de tê-lo tratado de forma tão seca.

A farra do curral: compra e venda de votos em alta – por alceu sperança / cascavel.pr

Nunca se viu uma compra de votos tão fantástica. Em 2006, os candidatos endinheirados pediram votos oferecendo algo em troca, a começar pela gorja para “trabalhar” na campanha.

Os donos do poder mantêm as pessoas sem emprego estável, cultivam a miséria, liquidam direitos, precarizam o trabalho. Cresce, assim, o exército de reserva de mão-de-obra à espera de qualquerpossibilidade de ganho. É quando eles aparecem em “socorro” dessas pessoas, dando-lhes dinheiro e presentinhos nos períodos pré-eleitorais.

A compra de votos na campanha eleitoral de 2006 quase triplicou em relação à anterior, segundo pesquisa do Ibope, encomendada pela União Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacon) e pela organização não-governamental Transparência Brasil: 8% dos eleitores admitiram que foram procurados para vender seu voto, contra 3% nas eleições de 2002.

Centenas de políticos que hoje ocupam a cena e dão péssima e merecida fama à “classe” foram eleitos comprando votos. Mas a contratação de cabos eleitorais é só o último nível da compra de votos.

Há casos de compra de vereadores em lotes. Há partidos manipulados por controladores que que arrematam grupos inteiros de vereadores, suplentes e ex-vereadores, o que se pode notar pelo troca-troca partidário embalado por muito dinheiro, interesses egoístas e escassas idéias.

Mais importante que saber da existência de escroques comprando e vendendo votos é verificar o efeito final dessas tenebrosas transações sobre a nossa Pátria-mãe tão distraída.

Vende-se como democracia a falsa ideia de que basta eleger um adversário de quem está no poder para haver alternância. Ora, que alternância há entre os social-democratas neoliberalizados do PT e do PSDB? Que alternância há entre os conservadores oportunistas do PMDB e os do Dem?

As decisões que interessam à vida de todos nós sequer são tomadas por eles. As grandes organizações financeiras internacionais, o FMI, a OMC, o Banco Mundial e um batalhão de máfias locais, regionais, nacionais e mundiais não dão a mínima para a democracia, mas gostam da idéia de que trocar governantes em eleições é o supra-sumo da democracia. Por isso os mesmos grandes grupos financiaram há quatro anos Lula e Alckmin, Requião e Osmar, por exemplo.

Eleições constituem apenas eventos no calendário. A verdadeira política não é a campanha ou a eleição, mas a politização. E a politização, hoje, está sufocada pela ideologia, que é um balaio só: a capitalista.

As pessoas são levadas a pensar em “quem” será o próximo presidente, “quem” serão os senadores. Quem, quem. Nada sobre o quê, porquê. “Quem” só terá importância se sustentar idéias fortes com convicção e bravura, rompendo com as más práticas de hoje e ontem.

“Quem” só importa se politizar, se erguer a população contra a injustiça, se democratizar o poder. Se o “quem” estiver ligado ao atual ou retrógrado ex-governador ou ex-presidente serão mantidas todas as condições que eles criaram/sustentaram de ontem para hoje.

Sem romper com os velhos métodos tudo ficará como está, seja lá “quem” for o governador ou presidente. O máximo que se verá é um “quem” fazendo uma autopropaganda saponácea, dizendo que lava mais branco que os outros “sabões”.

Sem uma plataforma revolucionária, capaz de romper com a deletéria herança que aí está, “quem” vier, velho ou novo, homem ou mulher, será apenas um engabelador a mais.

FLORIANÓPOLIS: população se mobiliza contra emissário submarino !

a população da ilha de Santa Catarina se mobiliza e toma iniciativas como esta que ocorrerá dia 14 de agosto. diante de uma administração indolente, equivocada e incompetente (talvez por outros interesses), os moradores da ilha tomam a dianteira e fecham o cerco à propósitos escandalosos discutindo e apresentando soluções para a sua real preservação.

PARTICIPE VOCÊ TAMBÉM !

TONICATO MIRANDA e sua poesia III : “dois botões de camisa e um patuá”, “fuga pictórica opus 2002-8” e “meus mortos”

DOIS BOTÕES E UM PATUÁ

.

para todas as mulheres palavreiras da hora

.

preciso de você para coisas simples

tomar café às seis da tarde com pão fatiado

contar como fui idiota de manhã

e como posso ser um adorável tolo ao seu lado

.

preciso de você para pedir a toalha

após o banho, após o amor

coisa simples e tão essencial

coisas que não sobem de elevador

.

preciso de você para comentar com o olhar

todas estas paisagens pintadas de cinzas

e sonhar apagado porque no meu cinzeiro

já não mais se põem dos cigarros as cinzas

.

preciso de você para correr ladeira abaixo

puxando-a pelo meu pescoço e pela correia

alegria de cachorro solto na alegria em estar

aqui, ali, no rio, no sol, na chuva, sem cadeia

.

preciso de você para ser dor e o amor

cortina balançando ao vento na janela

lençóis macios amarfanhados

seu beijo sabor de madrugada e siriguela

.

quem mais precisa mais gasta a caneta

não produz versos econômicos ou haikais

a paixão consome horas e papéis

cem folhas para um solitário dó e muitos ais

.

guardo muitos tarecos numa latinha amarela

dois botões de camisas, moedas antigas, um patuá

contas e miçangas formando estrelas para esquecer

um retrato velho seu que teima em não amarelar

.

gaivotas passam sobre mim

conduzindo minha memória prisioneira

vou das montanhas às lembranças do capim

atravesso a baía na barca da Cantareira

.

preciso de você para abrir estas caixinhas

bem cedinho de manhã, comer bolo com café

aos passarinhos lançar muitos miolos de pão

à minha alma um só sentido para ainda estar de pé

.

preciso de você para sobreviver

mas também para dar gargalhadas

mas se isto não for possível

preciso de você para construir novas jornadas


.

FUGA PICTÓRICA OPUS 2002 – 8

.

para Lilia Alcântara

e Moana Miranda

.


acordei e encontrei o dia assim: sol aberto, luz radiante – domingo

ontem foi dia de finados e levaram flores assassinadas aos mortos

hoje tem feira na praça, as barracas estão silenciosas à distância;

os filhos da cidade, barulhentos, dormem e que fiquem nesse dormir

H. Hancock, com seu piano, num afro-jazz, provoca o clarinete a subir

ao limite do arrebatamento, onde cabe somente mais um único pingo

.

dias assim trazem e levam distâncias temporais, frases que vem e vão

defronte dos meus olhos, gerânios numa rua interna de um convento

a foto é de Arequipa, e no meio do branco salpicam pontos vermelhos

são tantos e tão vivos que mesmo o hábito das freiras nada lhes fenece

a alegria de se mostrarem completos para a luz, independente da prece

crescem sobre pedras cortadas após o esfriamento da lava do vulcão

.

em dias assim Curitiba é linda, também o verde da grama de Brasília

depois da chuva, depois de tantos meses de seca, quase fim de ano

preso à memória, meus caminhos e daqueles que com eles cruzaram

foram tardes e noites passadas dentro de prédios de concreto olhando

a curva abatida no horizonte, longe: vazios e mais vazios até um quando…

hoje, o cerrado ocupado vai apagando marcas do tempo, a fantasia da ilha

.

Herbie Hancock incansável, dedilhando o piano, para-ra-ra-raram

o Convento e os gerânios ainda diante de mim, agora mais vivos

o Sol na manhã já vai alto, de Curitiba segue para Brasília no oeste

apenas 10 segundos separam sua passagem do meu olhar até lá

vai o sol vencer as nuvens, secar lagoas, alegrar pardais, aquecer o ar

lá, onde moram amigos, a filha querida e, depois da chuva, muitas rãs

.

é primavera, jamais vi tanto sol e flor; Herbie e os gerânios, tudo cintila

bobagem estúpida, a primavera não está fora ela mora dentro

da alma de quem escreve, nas ruas e jardins das casas de Curitiba

está no riso de orgulho do pai com o filho, no enfeite da feirante das batatas

no vento nas árvores, nos vestidos das meninas, no reflexo do sol nas latas

no trumpete do amigo do Herbie, mora na minha sala, nas flores da família


.

Meus Mortos

para Carlos Eustáquio


.

ouvindo Romeu e Julieta de Tchaikovsky

choro copiosamente sem soluços e águas

elas que sobram lá fora na chuva lavadeira de janelas

seguindo pelas sarjetas e calhas, lavando-me mágoas

choro meus mortos deixados na infância distraída

choro meus mortos porque sinto esta culpa traída

pois deixei-os intactos no barco da saudade

deles tenho uma só lembrança: os sorrisos eternos

sem viagens nas rugas do tempo, na dobra da coluna

este é meu pequeno gesto de imortalidade a eles


Investigado por assédio sexual, presidente da HP pede demissão

Em nota, a empresa disse que houve violação ao código de conduta.
Hurd afirmou que esta é “uma situação muito dolorosa”.

O presidente da Hewlett-Packard, Mark Hurd, pediu demissão do cargo por causa de uma investigação por praticar assédio sexual contra uma ex-prestadora de serviço da companhia.

Em nota publicada nesta sexta-feira (6) no site da empresa, a HP afirmou que a investigação concluiu que a política da empresa sobre assédio sexual não foi violada, mas houve quebra das normas do código de conduta.

Hurd disse no comunicado nota que, durante a investigação, ele percebeu que houve situações nas quais ele não seguiu “as normas e princípios da verdade, respeito e integridade”, e acabou “expondo a HP”. O executivo acrescentou que “esta é uma situação muito dolorosa”, mas que seria difícil continuar como líder da companhia.

Um novo CEO e presidente será selecionado, mas, interinamente, quem assume o cargo é a diretora financeira Cathie Lesjak, de 51 anos. A executiva acumula 24 anos de experiência na HP.

g1.

COMENTÁRIO:

no Brasil é  igual, a única diferença é que os nossos  executivos assediam sexualmente as funcionárias antes de terem saído da empresa, prometem casamento e transam com elas, as vezes à força, depois negam-se a fazer o exame do DNA e renegam a criança, se ela insistir no exame e na pensão: matam-na ! simplesmente ! e continuam na direção da empresa !

ANIMAL de jairo pereira / quedas do iguaçu.pr

ANIMAL

Comer da tua carne lamber teus

ossos os nervos beber o

sangue sorver a seiva de tua alma

telúrica

beijar teus olhos os cabelos a

tépida tez rubra de teus encantos

fulgir poemas novos no céu da

tua boca compilar ensaios de

vidamorte salvação nos teus

silêncios

trançar oníricas redes conceitos

mapas

sempiternas guias na tua pele

gerir em teu sexo minhas artes de

corpo inteiro compor brinquedos

semlimites

variações de intenso

prazer

Visceral teogônico

antropocêntrico o ato animal

Tomar-te toda como objeto

anímico e desigual.

O POUSO DO PASSARINHO – de guilherme cantídio / natal

No tape-deck alternavam-se Tim Maia, Rita Lee, Barry White…ora um rock agitado, ora um som pra se dançar mais agarradinho. Dessa vez a festinha era no apartamento de Magnólia, colega de trabalho, divorciada, sem filhos, um pouco mais velha do que a média dos convivas mas, sem dúvida, a mais animada; sorriso aberto, gargalhada fácil…a simpatia em pessoa.

Aquele tipo de festa íntima entre amigos era tradicional em Brasília. Se é que alguma coisa  podia ser considerada tradicional na ainda jovem Brasília do final dos anos setenta. A escassez de opções de diversão, combinada com a privacidade proporcionada, dava um toque todo especial às “festinhas”, como eram conhecidas pelos candangos.

“Cheguei pra terapia” foi a saudação de Ivo, ao lhe ser aberta a porta pela anfitriã. Referia-se, jocosamente, a um relacionamento amoroso recentemente terminado, e que havia durado pouco mais de três anos, deixando-lhe emocionalmente bastante abatido, cheio de sentimentos conflitantes no coração: saudades, ciúmes, sensação de liberdade e, por fim, uma vontade incontida de divertir-se para, se não curar, pelo menos  esquecer-se daquele turbilhão de sentimentos.

A gargalhada de Magnólia se fazia ouvir a intervalos cada vez menores e contagiava a todos, que passaram a imita-la em coro, cada vez que ecoava pela sala. O ambiente não podia estar mais animado.

Ivo estava saindo da cozinha de volta para a sala, quando a campainha tocou, no momento em que se encontrava bem defronte à porta de entrada. Como tinha certa intimidade com a anfitriã, fez as honras da casa. Abriu a porta para dar as boas vindas aos novos convivas.

– Oi! É você? – perguntou Laura, com um sorriso de orelha à orelha, e um ar de surpresa indisfarçável. Laura era mais uma colega de trabalho que já havia dado em cima de Ivo um sem número de vezes, sem ter sido correspondida. Na verdade, nem mesmo Brigitte Bardot, em seus melhores momentos dos anos sessenta, teria conseguido fazer com que Ivo cedesse à uma cantada, nos últimos três anos. Estava acompanhada de uma linda morena. Magra, pouco menos de um metro e setenta e um olhar maroto, quase insinuante, segundo pareceu a Ivo.

– Eu mesmo. Tudo bem? Não vai apresentar?

– Ah, claro! Essa é a Mille, minha amiga.

Se o olhar da morena pareceu insinuante, a atitude confirmou. Com o braço esquerdo enlaçou Ivo por sobre os ombros, puxando-o carinhosamente para aplicar os dois beijinhos tradicionais de apresentação. No primeiro, displicentemente o beijo escorregou da bochecha para o canto da boca; o segundo foi um selinho sem disfarce algum, dessa vez com a ativa colaboração de Ivo que, ato contínuo, abraçava-a pela cintura.

Enquanto entravam sala adentro Ivo não pôde deixar de notar um ar de reprovação por parte de Laura. Ciúmes, nada mais. Até mesmo Magnólia que se aproximou para dar as boas vindas, acompanhada de um sujeito bem estranho, de cabelos rastafári,  percebeu que ali havia se formado um triângulo amoroso e conseguiu captar, como uma especialista, tanto o ciúme de Laura como o clima de “love is in the air” que envolvia Ivo e Mille. Espirituosa, do tipo que perde o amigo, mas não perde a piada, encarou Ivo e falou:

– Sua terapia está indo muito bem, mas cuidado com algum efeito colateral! –  enquanto pronunciava “algum efeito colateral” retorceu a boca em direção à Laura.

Mais uma risada retumbante de Magnólia se fez ouvir. Todos imitaram. Atravessaram a sala e sentaram-se no chão, em um dos cantos, próximo da janela. Laura, ainda exalando ciúmes, teve sua oportunidade de ouro de dar a volta por cima ao aceitar, de pronto e entusiasticamente, o convite pra dançar que recebeu de um sujeito bem apessoado, um dos poucos desconhecidos, provavelmente convidado de algum colega de trabalho. Com a área livre, Ivo e Mille se entendiam cada vez melhor e formavam um casal simpático e apaixonado.

– Sabe, MIlle, estava me sentindo desambientado aqui na festinha, embora conheça quase todos aqui. Mas no momento que abri aquela porta e nos vimos pela primeira vez a sensação que tive foi de um lindo passarinho pousando suavemente bem aqui, na palma de minha mão.

– Interessante você dizer isso. Olha só…fazia bastante tempo que não me divertia…muito trabalho, muito estudo. Hoje, antes de vir pra cá disse para mim mesma: hoje estou pronta pra voar. Passarinhos voam, né? olha só onde vim pousar…

– Aqui, na palma de minha mão.

Um beijo apaixonado selou aquele momento romântico de pura poesia.

Todos se divertiam, inclusive Laura. Estranhamente, apenas Magnólia estava com um semblante de preocupação. Agachou-se de joelhos onde estavam sentados Ivo e Mille e disse, com jeito de preocupada e decepcionada:

– Ivo, temos um probleminha básico aqui: faltou bebida. Você está de carro aí?

– Claro, conte comigo.

– Ótimo! Estou fazendo uma vaquinha e já te passo a grana…mas, – olhou no relógio de pulso, que marcava 01:15 hs. – será que tem algum lugar aberto a essa hora?

– Deixe essa parte comigo. Tenho um amigo que é gerente de um Pub aqui perto. Em meia hora devo estar de volta com os “birinaites”. Uma grade de cerveja e duas vodcas. Acho dá.

Ivo convidou Donato pra ajudar na “estiva” que, bem acompanhado de uma loura lindíssima, declinou. Donato era um bonachão, sempre com um sorriso no rosto e uma piada para contar.

– Me dê um motivo pra eu largar esta loura quentíssima aqui e me agarrar com vinte e quatro louras geladas que não falam, não beijam não abraçam…

– Nossa amizade – bradou Ivo, entrando no clima de humor de Donato, – é um bom motivo.

– Não basta! bote mais peso no prato dessa balança.

Nesse ponto da conversa tudo já tinha se tornado um teatro. Inclusive com plateia. Os convivas rodeavam Ivo e Donato às gargalhadas, conhecedores que eram da fama que Donato conquistara de humorista nato, e que agora tinham oportunidade de presenciar uma apresentação ao vivo, por assim dizer, sem ensaios nem scripts a seguir.

– Tá bom, Donato – ponderou Ivo, dando prosseguimento ao jogo de cena que Donato desencadeou – reconheço que sua loura é muito mais agradável de se olhar e muito mais apetitosa, mas só da boca até a garganta. Daí pra frente (ou pra baixo, melhor dizendo), as lourinhas geladas que vamos buscar vão nos alegrar muito mais.

Agora tudo parecia mais um duelo de cantadores violeiros de improviso. A turba se contorcia de tanto rir.

– Ivo, você é um tarado. Deixe minha loura de fora dessa que por dentro eu cuido, né bem?

– Eu, hein! – disse a loura, encabulada. – você e seus trocadilhos…

– Donato – interrompeu Ivo – você não percebe que trata-se de uma questão de utilidade pública? olhe para essas pobres criaturas carentes de alegria e emoção que esperam que nós  cumpramos a missão nobre de adquirir combustível para alegrar a todos nós.

– Agora eu me emocionei. Estou quase convencido. Me dê o argumento final.

– OK, está aqui: vamos agora mesmo porque se você não vier vou lhe encher de porrada.

Enquanto ia falando aproximou-se de Donato e fez o gesto de pega-lo no colo, mas antes de consumar o ato Donato, de puro improviso, jogou-se no colo de Ivo e assim saíram os dois, como recém-casados adentrando a alcova, porta afora, sob os assobios e aplausos dos convivas.

Ivo calculou bem o tempo da empreitada. Em menos de quarenta minutos estava de volta. Enquanto acomodava as bebidas na geladeira Magnólia, mais uma vez com ar de preocupada, relatou que enquanto estivera fora aconteceram duas coisas chatas.

– Bom, primeiro, – começou Magnólia – você ainda não foi na sala pra ver que quase metade das pessoas foi embora. Mas o pior não é isso…é que …sabe a menina com quem você estava?

– Sim.

– Pois é…dê uma olhada lá. O cara que estava comigo está lá conversando e dando em cima dela desde que você saiu. Estava aqui pensando se não tinha uma maneira de nós dois darmos um jeito nisso.

– Vou lá. Vamos ver no que vai dar. Xi! o rastafári é grande, hein?

Ivo pegou uma cerveja e dois copos e dirigiu-se à sala. Estavam lá dois casais sentados em círculo, além de mais umas dez pessoas, entre homens e mulheres. Sentou-se, atrevidamente, entre o rastafári e Mille. Beijou-a e foi beijado de volta. Encheu um copo de cerveja, entregou-lhe; encheu o outro e por pouco não o esvaziou de um só gole; completou o copo, olhou para o lado esquerdo e lhe pareceu ver sair fumaça das tranças do rival; olhou para baixo e completou o copo dele com cerveja.

– Pô! tou bebendo vodca

– Ops, desculpa aí, cara! tem mais vodca aí. Acabou de chegar.

– Cara mais desligado…que merda!

O rastafári grandão saiu reclamando e falando palavrão. Foi direto para a cozinha, onde estava lhe esperando Magnólia, cheia de amor pra dar. Dez minutos depois foram para o quarto de casal. Entraram e menos de um minuto depois Magnólia sai, sozinha, em direção a Ivo e lhe diz no ouvido: “Você salvou meu dia. Se precisar do outro quarto a chave está na fechadura, pelo lado de dentro”. Voltou correndo para o lugar de onde tinha vindo, toda sorrisos.

Ivo se levantou e ajudou Mille a fazer o mesmo. Tomou-a  nos braços e sem trocarem palavra, foram ao quarto. Com certeza Mille havia escutado o sussurro de Magnólia e adorou a idéia. Trancaram a porta e começaram a dançar, ao tênue som que vinha da sala, na voz sensual de Rita Lee cantando Mania de Você”. Em cinco minutos o chão ao redor do casal acumulava, aleatoriamente espalhados, um par de sapatos, um par de sandálias, uma camisa, uma blusa, duas calças…

No centro de toda essa bagunça batiam dois corações loucos de paixão, no ritmo acelerado, típico das circunstâncias. Mas não eram só os corações que batiam. A porta também batia. Ou melhor, alguém batia freneticamente na porta.

– Mille!, Mille! – chamava insistentemente Laura, pondo uma ducha de água fria no clima de romance tórrido, prestes a se consumar.

– O que aconteceu, Laura?

– Vamos embora, Mille. Agora, por favor. – completou, chorosa.

– Só mais um pouco e já vamos, Laura. Tenha paciência.

Nem Mille nem Ivo sabiam o que tinha acontecido na sala, mas desconfiaram: Laura, de alguma forma, tinha se dado mal com seu par. Uma mulher com ciúmes, sabe-se, é capaz dos atos mais desvairados; uma mulher com ciúmes e, ainda por cima, ferida em seus brios de mulher pode protagonizar atitudes ridículas, como essa que agora presenciavam.

– Mille, por favor. Lembre-se do que combinamos quando viemos pra cá.

– Que foi isso? – indagou Ivo, baixinho, a Mille.

– É verdade, confessou Mille. Antes de sairmos combinamos que sairíamos juntas e voltaríamos juntas. Além disso ela vai dormir lá em casa.

Nocaute. Não havia nada a fazer. Lentamente cataram suas peças de vestuário. Abriram a porta. Laura chorava. Ou fingia. Nunca saberão.

Ivo acompanhou-as até o elevador, sem proferir palavra. Antes de entrar Mille tornou-se para Ivo, com os olhos úmidos. Com dificuldades pronunciou apenas uma palavra, quase inaudível, que traduzia vergonha e decepção:

– Desculpe.

Duas lágrimas rolaram então de seus olhos e, sem conter-se, levou as mãos ao rosto enquanto o elevador seguia seu curso.

Ivo voltou ao apartamento onde, no tape-deck, ouvia-se John Lennon cantando Norwegian Wood (This bird has flown).

Só então percebeu que seu passarinho tinha voado.

Textos íntimos de Marilyn Monroe revelam uma poetisa desconhecida / new york

Obra “Fragmentos” reúne dezenas de escritos da estrela de Hollywood

Textos pessoais, cartas e poemas totalmente inéditos de Marilyn Monroe, que serão publicados em um livro a ser lançado em outubro próximo, levantam um véu sobre uma faceta desconhecida de um dos grandes ícones do século XX: sua alma de poeta.

Intitulado Fragmentos, o livro editado pelo francês Bernard Comment e o produtor de cinema americano Stanley Buchthal, reúne também 33 fotos pessoais da trágica e sedutora artista, assim como trechos de seus diários íntimos, que revelam seu extraordinário amor pela literatura e os livros.

— Dezenas de livros foram escritos sobre Marilyn, mas esta é a primeira vez que se publica um livro com textos dela — explicou Comment à AFP, enfatizando que, pela primeira vez, é possível “inteirar-se de seu universo mental”, através de seus próprios escritos.

— Ninguém suspeitava que no interior de seu corpo vivia a alma de uma intelectual e poeta — escreve o italiano Antonio Tabucchi no prefácio do livro, que chegará às livrarias entre 7 e 12 de outubro em vários países.

Fragmentos reúne dezenas de reproduções desses textos íntimos, escritos desde 1943 até às vésperas da morte da estrela, na madrugada de 5 de agosto de 1962.

A estrela loura em alguns de seus textos evoca o irlandês James Joyce

Intitulado Fragmentos, o livro editado pelo francês Bernard Comment e o produtor de cinema americano Stanley Buchthal, reúne também 33 fotos pessoais da trágica e sedutora artista, assim como trechos de seus diários íntimos, que revelam seu extraordinário amor pela literatura e os livros.

Segundo Comment, a maior parte do livro diz respeito aos anos 1950, “no momento em que a estrela deixa Hollywood, onde triunfou, para instalar-se em Nova York”, onde se matricula no mítico Actor’s Studio, fundado por Lee Strasberg, que foi o herdeiro da fortuna de Marilyn.

— Seus textos mostram como Marilyn busca nela mesma sua própria verdade, para dar vida a seus melhores papeis, e para enfrontar os grandes textos — acrescenta Comment.

A literatura está muito presente nos textos de Marilyn, assim como os escritores que ela admirava.

Apesar de não fazer muitas referências diretas a escritores, a estrela loura em alguns de seus textos evoca o irlandês James Joyce, a quem descobriu em seu começo no Actor’s Studio, ao interpretar, aos 26 anos, o mítico monólogo de Molly.

Ela também cita o grande poeta americano Walt Whitman, o dramaturgo irlandês Samuel Beckett e, é claro, Arthur Miller, outro dramaturgo com quem se casou depois de ter sido apresentada pelo prórpio Strasberg.

Marilyn Monroe possuía uma imponente biblioteca, onde estavam presentes todos os grandes escritores, recordou Comment.

Essa admirável biblioteca foi dispersada em um grande leilão da Christie’s em 1999, em benefício de uma associação de caridade para escritores carentes.




NEVA em SÃO JOAQUIM e outros municípios de SANTA CATARINA, ontem, hoje e …

CORPOS NÃO IDENTIFICADOS de sylvia beirute / portugal


amam-se os nossos corpos mortos.

amam-se num amor subterrâneo: os nossos corpos mortos.

amam-se os nossos corpos mortos num muro transparente

por onde vejo ainda: os nossos corpos mortos.

amam-se na ressonância do amanhecer que desperta

leve e docemente sobre a vitamina F que os seus cabelos
conservam: os nossos corpos mortos.

amam-se na respiração limpa dando caminho a uma

contemplação de cristais, a uma porta que ora:
os nossos corpos mortos.

amam-se no sonambulismo do primeiro acto, próximo

de uma prova contrária à sede que a nuvem rejeita:

os nossos corpos mortos.

amam-se numa súbita vontade que crucificou

a metamorfose do dia de hoje: os nossos corpos mortos.

amam a emulação palpável dos presentes na
cerimónia fúnebre: os nossos corpos mortos.

porque só depois do amor, descansa a morte.

H I S P A N I D A D de francisco álvares hidalgo / colombia



“Abominad la boca que predice desgracias eternas,

abominad los ojos que ven sólo zodíacos funestos,

abominad las manos que apedrean las ruinas ilustres,

o que la tea empuñan, o la daga suicida”.

(Rubén Darío, Salutación del optimista)

Hombres de Hispanidad, en dos riberas,

tended sobre el azul del mar las manos;

venid, auténticos americanos

de las llanuras y las cordilleras.

No os amedrente sombra de gigante

que en su altivez os ha robado el nombre,

ni anglosajón del norte, ni emigrante,

por hablar en inglés será más hombre.

Nos une mucho más que nos separa,

romped los moldes que fraguó el pasado,

el troquel de la Historia está gastado,

y un nuevo amanecer nos da en la cara.

Ayer hubo rencillas familiares,

y hoy hemos de sentarnos a la mesa;

tornemos los insultos en cantares,

las divisiones en común empresa.

Sólo el enano necesita ruinas

para alcanzar significante altura;

en nuestros propios pies hay estatura

para estar al nivel de las colinas.

Que el Maya y el Azteca consideren

sangre y color, mezcla de casco y pluma;

y que la herencia que desde hoy prefieren

sea en común Cortés y Moctezuma.

El Inca en Machu Pichu se asegure

la robustez de sus ciclópeos sueños,

y al mismo tiempo logre que perdure

el recuerdo de un grupo de extremeños.

En el extremo austral, junto a la orilla

del Mar del Sur, reviva el araucano

su ayer heroico, y se confiese hermano

ya de Caupolicán como de Ercilla.

Y el gaucho de las pampas, que al becerro,

a caballo persigue en la llanura,

reconozca que en parte es su cultura

Juan de Garay y en parte Martín Fierro.

Amazonas, hermano de los Andes,

río de sambas y de carnavales,

portugués o español, somos iguales,

multitud somos ya, seamos grandes.

Gentes del Orinoco y la sabana,

Bolívar y Miranda no han arado

sobre el agua del mar; hay un legado,

vivo y común que a todos nos hermana.

Poeta o guerrillero colombiano,

cubano del exilio o del bloqueo,

emigrante a la caza de un empleo,

no te llames latino, eres hispano.

Y al otro lado del azul profundo

romana Mérida, Granada mora,

Toledo visigótico, Zamora,

Burgos, León…somos el mismo mundo.

Repudiemos el odio y el rechazo,

olvidemos la sombra y los errores,

mezclemos esperanzas y sudores,

y abramos la sonrisa y el abrazo.

Que una familia somos, todos uno,

y al mismo tiempo todos diferentes,

cien civilizaciones, tantas gentes,

a una mesa en que no sobra ninguno.

CENTRO EUROPEU de CURITIBA, convida para a exposição “SENTIMENTOS”

Mostra fotográfica Sentimentos

Exposição reúne imagens que revelam os principais sentimentos humanos

Entre os dias 06 de agosto e 02 de setembro, o Centro Europeu de Curitiba irá receber a exposição fotográfica Sentimentos, mostra que reúne imagens que retratam os mais variados sentimentos humanos. Captadas por mais uma turma de formandos do curso Fotografia da escola, as 15 fotografias formam um universo de dores, dúvidas, alegrias e paixões responsáveis pelos encantos da vida.

Para a fotógrafa Charly Techio, coordenadora do curso de Fotografia do Centro Europeu, a exposição consegue revelar detalhes comuns das nossas vidas e, ao mesmo tempo, extremamente peculiares para cada individuo. “A mostra Sentimentos se torna curiosa a partir do momento em que analisamos a diferente forma que as pessoas ‘encaram’ os mesmos sentimentos”. Além disso, Charly destaca a qualidade das fotografias. “O resultado destes trabalhos foi muito satisfatório para todos os envolvidos na formação desta turma. Os alunos aproveitaram a liberdade para criação e utilizaram técnicas muito interessantes”, completa.

A abertura oficial da exposição Sentimentos vai acontecer nesta sexta-feira, dia 06 de agosto, a partir das 19h, no Espaço Centro Europeu (Rua Brigadeiro Franco, n°1700). A entrada para a mostra é gratuita e os trabalhos poderão ser visitados de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, e nos sábados, das 8h às 17h. Mais informações pelo telefone (41) 3222-6669 ou no site www.centroeuropeu.com.br.


Serviço:
Mostra fotográfica Sentimentos

Local: Espaço Centro Europeu (Rua Brigadeiro Franco, n°1700)

Data: De 06 de agosto a 02 de setembro

Horário: De segunda a sexta-feira, das 8h às 22h, e nos sábado, das 8h às 17h

Informações: (41) 3222 – 6669 ou www.centroeuropeu.com.br

ATENDIMENTO À IMPRENSA

Lide Multimídia – Assessoria de Imprensa

Eduardo Betinardi

Email: redacao10@lidemultimidia.com.br

Fones: (41) 3016-8083 ou 8803-6070

www.lidemultimidia.com.br

Conversa sobre a teoria da evolução com um gato – de solivan brugnara / quedas do iguaçu.pr

Do que adianta

sua elegância e graciosidade

construídas em milênios sobrepostos

de fina evolução gato?

Eu estou no topo

e posso matar o tigre e o guepardo

porque sou homem,

e nós fizemos a escolha certa.

Não perdemos tempo

atrás de força e agilidade.

Muito menos com asas,

ou tecendo belas plumagens,

nem com sentidos apurados.

Em vez dessas delicadezas

escolhemos

a brutalidade da inteligência.

PAI por zuleika dos reis / são paulo

Tenho muito de ti em mim, sou muito de ti em mim, mas, não encontro neste instante linguagem certa, senão alguma coragem para falar de ti, coragem feita de fragmentos, de quase nada de coisas precisas, de coisas com algo de ordem, palavra que fale dos mistérios da tua alma, dos teus interiores, certamente mistérios que nós, teus filhos e tua mulher, parentes, amigos, os teus  companheiros de luta política não conseguimos atingir nem plenamente compreender, talvez por inércia, por comodismo, talvez porque romper com os modos óbvios de ti, de agir, de dizer, de calar, nos obrigasse a uma análise funda também dos nossos modos de calar, de dizer, de agir e isso nos seria doloroso em demasia e nos forçaria a mudanças difíceis, dessas mudanças fundamentais cuja empreitada não se quer enfrentar.

Pai que trabalhava todo o tempo; com os cabelos e as barbas que cortava tecia, sozinho, nossa sobrevivência de cada dia; nas outras horas trabalhava para a Revolução que viria para resgatar os destinos da Espécie, a Revolução que jamais veio nem virá.

Pai que monopolizava as responsabilidades e isso, erro grave julgado acerto, criou-nos uma dependência e uma irresponsabilidade perigosas: difícil criar-se a si mesmo quando se tem alguém tão onipotente por perto, por dentro, junto de nós todo o tempo. Desta onipotência também  padecia  nossa mãe, na ação em seus próprios territórios, os territórios interiores do lar.

Pai com o qual, a despeito das diferenças de temperamento, tive sempre fundíssimas afinidades eletivas, quase nunca expressas em palavras. Guardo tantas cenas de nós dois, cenas nossas!

Eu, meninazinha e tu já me dizendo da Revolução pela qual darias a vida não fora a existência de nós, teus filhos e tua mulher, algo que eu compreendia intuitivamente, sem que  me dissesses. Para comemorá-la, a Revolução, compraste um champanhe especial que, certo dia, alguém indevidamente bebeu antes do tempo que jamais viria nem virá.

Lembro-me de nós dois assistindo aos Festivais de Música Popular Brasileira. Tu, silencioso e atento, participando a seu modo; eu, com toda a euforia daqueles anos de início de adolescência.

Lembro-me de teus olhares inquisitivos… desaprovadores… diante de qualquer deslize nosso; lembro-me do teu olhar cheio de orgulho quando entrei na Faculdade de Letras, na USP.

Lembro-me de mim, muitos anos depois, saindo da PUC, onde estudava Filosofia, voltando às pressas para casa, sem necessidade aparente – hoje sei que por pura premonição – a  tempo de ver os sintomas iniciais da trombose cerebral que te levaria de nós menos de duas semanas depois.

Era como se tivesses escolhido teu tempo de partir. O diabetes se aguçara muito e te recusaste a tratamento. Tu, para quem a religião sempre fora “o ópio do povo”, tinhas visões. Tu, tão cristão nos teus atos, no sentido da justiça que aprendi contigo. Tu que, tantas vezes enganado, jamais enganaste ninguém. É verdade que o que mais víamos de ti era a dominação, certo despotismo mesmo, nas palavras, no olhar, nos gestos. Era o óbvio, o imediato de ver, o fácil; não era o teu tudo, o fundo escondia as enormes riquezas de sentimento, o amor incomensurável.

De ti, meu pai, quero ter sempre diante da alma e dos olhos a herança que nos deixaste: o senso de honra, o desejo de justiça, o cumprimento às vezes tão difícil das coisas do dever. Neste momento de suprema angústia, por sentir e saber que deixo de existir no interior de outro homem por mim muito amado, amado para sempre como tu, pai, o és em mim, um outro homem amado há anos demasiados, de repente, semelhando um desconhecido, quero deixar aqui um pálido testemunho dos teus sonhos, dos sonhos de um Tempo Novo para os homens, do sonho de um bom futuro para os teus filhos.

Ah, as coisas que nunca nos disseste, tua timidez, tua aversão aos derramamentos emocionais! No entanto, à tua revelia, talvez, quanta carência deves ter carregado de abraços fundos, de lágrimas de emoção, de lágrimas tuas, pai, ser nascido e fruto de um tempo em que tais coisas não cabiam bem aos homens.

Pai, só posso te dizer que nesses 20 anos da tua partida tenho feito o que posso, o que consigo para manter a herança interior e exterior que nos deixaste. É verdade que tenho falhado muito, pai. Falhado como irmã, falhado  como filha de minha mãe,  falhado como mãe de minha mãe; falhado no que se refere aos meus sonhos como mulher, como cidadã, como profissional. Tenho falhado muito, pai. Apesar disso, tenho procurado não te trair, pai, não trair a confiança depositada no caráter que plantaste em mim. Tento, pai, ser-te fiel, todos os dias, eu te dou minha palavra de honra; ser-te fiel, pai, apesar dos erros, dos equívocos, dos fracassos.

Não tenho claro em mim se algo conquistei efetivamente nesta vida, pai. Não tenho claro se ainda virei algo a conquistar. A ti, que me conheceste, que do algum lugar onde estiveres sei que permaneces me conhecendo para além de toda e qualquer aparência, perdoa-me por tudo o que não cumpri segundo a tua expectativa. Perdoa-me, pai.

Agradeço aos Poderes Superiores por tê-lo tido e por tê-lo como pai e peço a esses mesmos Poderes pela tua Paz, por tua sempre Evolução aí, no Plano onde agora estás, onde sei que estás.