POEMA de ANTONIN ARTAUD – 1896/1948*

“Quem sou eu?
De onde venho?
Sou Antonin Artaud
e basta que eu o diga
Como só eu o sei dizer
e imediatamente
hão de ver meu corpo
atual,
voar em pedaços
e se juntar
sob dez mil aspectos
diversos.
Um novo corpo
no qual nunca mais
poderão esquecer.
Eu, Antonin Artaud, sou meu filho,
meu pai,
minha mãe,
e eu mesmo.
Eu represento Antonin Artaud!
Estou sempre
morto.
Mas um vivo morto,
Um morto vivo.
Sou um morto

Sempre vivo.
A tragédia em cena já não me basta.
Quero transportá-la para minha vida.

Eu represento totalmente a minha vida.

Onde as pessoas procuram criar obras
de arte, eu pretendo mostrar o meu
espírito.
Não concebo uma obra de arte
dissociada da vida.

Este Artaud, mas, por falta do que fazer…

Eu, o senhor Antonin Artaud,
nascido em Marseille
no dia 4 de setembro de 1896,
eu sou Satã e eu sou Deus,
e pouco me importa a Virgem Maria.

 

 

 

12 Respostas

  1. Geancarlo Lemos da Silva | Responder

    Artaud, Antonin Gênio do teatro e da poesia moderna, surrealista por excelência em sua criação artística pertence a um seleto grupo de intelectuais que ousaram questionar o estabelecido como padrão artístico e comportamental. Então, neste quisito reside o seu caráter e valor literário e pessoal, além disso, o seu virtuosismo, emociona, choca, faz questionar, proporciona sensações ambivalentes e principalmente faz pensar. A poesia de Artaud é para aqueles que querem ser libertos “das galés da razão”, e são capazes de questionar a autoridade de ” Deus ou do Diabo” (o certo e o errado e o seu maniqueismo e bipolaridade).

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  2. Só Artaud pra trazer a tona meu espírito que dita palavras:
    Não quero mais a superficialidade a poucos centímetros abaixo da pele. Um respirar curto……..travado. Busco cheia de medos a profundidade da alma que vai além da supefície dos poros.
    Cerro minha boca ao alcool e meu nariz aos cheiros. Mergulho na angústia, na dor e nas dores do mundo. Enfrento meus medos,minhas raivas. Afundo no BARDO que está minha vida e só assim sairei leve como o Pássaro e forte como a Águia liberta com suas asas enormes ao vento.

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    1. Loucomotiva

      Ah essa tal auto sabotagem
      Esclarece o trecho da passagem
      e conduz o ritmo da viagem.
      Nessa locomotiva não pode haver orgulho nem arrogância no coração do maquinista. A locomotiva segue adiante, por sobre os trilhos nada é tão perto nem tão distante.
      O louco motiva, inspira, fascina desperta, Inquieta incomoda quando passa.
      O loucomotiva não tem pretensão ele é tenso quando pisa e desperta o seu tesão Com ou sem um copo de whisky na mão.

      Vozes do Bardo
      Joseph Syghor

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  3. Lendo Artaud sinto-me como uma alma sendo lida por outra.

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  4. artaud faz a cabeça e tudo. magnifico

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  5. Eu não separo a minha arte da minha vida !

    Artaud

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  6. Demais!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Dá-lhe Saramago.Dá-lhe Artaud!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  7. Artaud, não é o ataúde das artes, e sim, o protoplasma da combinação antagônica do eu e do outro no duplo de uma voz mantida pelo alerta duvidoso dos eletrochoques…

    Morrer com um sapato na mão. E o dedo no espaço entre o amanhecer citadino. Há evolução, sei, no infinito dentro de cada um…Artaud era isso. E mais a anarquia que protagonizava o exílio. primeiro: da palavra. depois do teatro sem vertigens…

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  8. abaixo todas as religiões!

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  9. Extremamente absoluto este poema de Artaud. Esta impregância do mais alto valor da vivência subjetiva se apodera destes versos de maneira sublime!!!!!

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  10. é sempre um prazer conhecer um poeta tão expressivo e verdadeiro. pena que no Brasil não o divulguem tanto. realmente, quem não tem acesso a internete está desconectado do mundo. muito obrigado mesmo!

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