O PAGADOR DE IMPOSTOS por sérgio da costa ramos / florianópolis
O ilhéu, assim como todo o povo brasileiro, cedo se acostumou a pagar o quinto, o dízimo, a parte de César, chame-se César de Visconde de Barbacena, Marquês de Pombal, Lula ou Dário.
O IPTU engorda todo mês de janeiro, a uma taxa sempre superior ao IPCA. O preço das passagens de ônibus também se reajustam por um número cabalístico, quase sempre uma pancada de “dois dígitos”. O único interesse que não é consultado é o do “pagador”. Aquele deserdado que um dia, na cabine eleitoral, imaginou estar bem protegido, ao passar “uma procuração” ao presidente, ao governador, ao prefeito.
Que lógica preside a majoração de um imposto, de uma passagem de ônibus em nível muito acima da inflação? A lógica de uma tirania fiscal, como a que inspirou o Marquês de Pombal.
Os impostos chegaram ao Brasil com as caravelas, os selos, as taxas, os emolumentos e as obrigações reinóis – tudo compondo uma imensa carga fiscal, infligida aos súditos de uma monarquia tão cartorária quanto a portuguesa.
Próximo dos 40% do PIB, o volume de impostos sugados do brasileiro já beira os US$ 400 bilhões – algo como R$ 1 trilhão –, “tesouro” este retribuído em “magníficos” serviços, ótima assistência médica e previdenciária, excelente base educacional e impecável segurança, com direito a “apagões” periódicos.
Mas até mesmo a Metrópole hoje se constrangeria em admitir que, entre 1790 e 1795, criou “impostos” especialmente dirigidos à Vila do Desterro, “para ajudar na reconstrução de Lisboa”, arrasada por um terremoto em 1755.
Toda a “baixa” Pombalina, junto ao Tejo, foi reconstruída com as gotas do nosso suor, num momento em que a vila padecia de endêmica pobreza.
É como registra mestre Oswaldo Cabral, em sua saborosa Notícia de Nossa Senhora do Desterro:
“Equivalia a, nada mais, nada menos, do que retirar o couro de quem já perdera a camisa…”
A mesma autoridade que comunicou o “imposto para Lisboa”, o vice-rei, Conde de Resende, não satisfeito com a “féria”, mandou à Câmara da vila uma pesada crítica ao povo desterrense, exatas 3.757 almas:
“Parece-me útil dizer a vosmicês que, sendo de sua obrigação cuidarem do bem comum e da utilidade desse povo, não o perca de vista para o apartar do ócio em que vive, obrigando-o, ao menos, à plantação dos mantimentos de sua subsistência.”
Além de colocar a mão no bolso dos ilhéus, o vice-rei – certamente um “trabalhador” – ainda chamava o povo de “vadio”. E o mandava plantar mais batatas…
Sábio, o desterrense não teve medo de perder o pescoço, como Tiradentes. E boicotou o “quinto” de Lisboa, guardando os seus parcos caraminguás.
A vila enfrentou a escassez praticando a desobediência civil – e festejando como podia. Durante a “grande fome”, Desterro possuía 666 casas, 18 lojas de fazendas e… 44 tavernas.
Se não havia muito o que comer, a turma se esmerava em encher a caveira. Só na Rua Menino Deus – caminho obrigatório para quem fosse rogar a bênção do Senhor dos Passos – havia 11 botecos com alambiques próprios, onde a “caninha” rolava solta.
Como aperitivo, a “raça” se virava com carne de macaco, um petisco para a época de vacas magras, saboreado com os “carás” e os “inhames” fritos.
As pestes não eram incomuns – a febre amarela, o cólera, a sífilis bubônica –, mas a visita mais temida era a das caravelas de sua majestade, trazendo impostos.
Fora essa “peste tributária”, a vida na Vila do Desterro podia ser vagarosa e despreocupada, do tipo “ganha-se pouco, mas é divertido”.
O ATEU D’ARCAIS por hamilton alves / florianópolis
O filósofo ateu Paolo Flores D’Arcais submeteu-se a uma entrevista, intermediada por um jornalista, Gad Lerner, com o Papa Bento XVI. Naturalmente, sem querer resvalar à parcialidade, no cômputo geral de que um e outro disseram pode-se concluir, sem muita dificuldade ou esforço intelectual, que o Papa Bento XVI passou-lhe à frente folgadamente.
Houve um momento em que, por exemplo, na discussão do aborto, D,Arcais mostrou as unhas de nihilista materialista:
– “A mim, por exemplo, parece até repugnante a ideia de considerar um aborto como homicídio; nunca, jamais o consideraria equivalente, e até acho – eu, pessoalmente – imoral quem sustenta uma coisa dessas”.
O Papa Bento XVI lhe deu o troco:
– “Flores D’Arcais disse que quem considera o aborto um homicídio comete um ato imoral. Não aceito isso”.
Em outra ocasião desse debate, que poderia ter sido mais brilhante se D,Arcais estivesse um pouco mais à altura do Papa Bento XVI, procurou-se situar o momento decisivo em que o aborto devesse ser praticado.
Para D,Arcais nos dezesseis primeiros dias o embrião não está sequer constituído… são células indiferenciadas. Ora, como aceitar que, para uns, o homicídio se caracterize desde a concepção.
A essa objeção novamente as palavras do Santo Padre foram, a meu ver, perfeitas:
“Para Santo Agostinho e espero que para todos nós, é absolutamente certo que, se alguém é homem, é intocável. Depois, vem a outra questão, que é: a partir de que momento se é um homem?”.
E concluiu:
“Segundo meus conhecimentos de biologia, na realidade, esse ser leva consigo, desde o primeiro momento, um programa completo do ser humano, que mais tarde se desenvolve. Mas o programa já está lá, e por isso se pode falar de um indivíduo”.
Seria oportuno lembrar-se que todos os códigos penais da grande maioria dos países civilizados, inclusive o do Brasil, inclui o aborto como crime por estar envolvido o problema da violação do direito à vida do feto, que não pode ser de modo algum interrompido, seja qual for a fase em que se encontrar.
Pretender demarcar, por exemplo, como quer o Sr. D,Arcais, em que momento se pode dar a eliminação do feto, que Aristóteles, em sua doutrina, dizia poder-se falar da existência de uma alma entre os três até seis meses, como querendo dizer que antes disso não existe a formação de um ser humano, é uma teoria que não vinga mais em nosso tempo – e hoje se consagra tal crime independentemente de saber-se o estágio do embrião.
Mas para o Sr. d,Arcais é até imoral quem pense em termos de homicídio no caso do aborto. E, assim, com ele, se alinham todos os ateus materialistas, certamente.
O que, em última análise, revela a diferença abismal entre a posição cristã relativamente à materialista sobre um tema que ainda agora tem sido longamente debatido pelas mais diferentes correntes de pensamento.
Rumorejando (Que pena que o apagão não apagou os políticos, lamentando). – por juca (josé zokner) / curitiba
Constatação I (Sem apelar…)
E quando a pobre da mulher vinha se aproximando do bar para bronquear e levar o marido pra casa que, naquelas alturas, como de praxe, já estava com o “caco cheio”, ele se agarrou na ponta da mesa e, pseudohaicaimente, se pôs a gritar:
Lá vem a miss bocona,
A bocuda!”
Constatação II (Passível de mal entendido).
“Ela estava com o Chico”.
Constatação III (De conselhos úteis, óbvios).
Para curar a sua dor de garganta, minha senhora, não tome a medicação indicada pelo seu médico com água gelada. De nada !
Constatação IV (De conselhos úteis, não tão óbvios).
Nunca subestime o teu interlocutor. Afinal, o vigarista que passa o conto do pacote ou o do bilhete premiado se faz de bobo para ser “enganado” e passado para trás pelos “espertos”, ou melhor, pelos incautos. De nada!
Constatação V
Rico fala das condições meteorológicas; pobre, do tempo.
Constatação VI
Não se pode confundir receio com recheio, muito embora quando se come um pastel sempre se tem receio de que o recheio seja de vento e, com isso, arrisca de, já na primeira mordida, se apanhar um resfriado, gripe, ou algo desagradavelmente similar.
Constatação VII
E como dizia, pseudo-haicaimente, aquele operário, salário mínimo, que passou sua vida sem amealhar um p. centavo, depois de se politizar por esforço próprio, naturalmente:
“Do trabalho, o fruto
Resulta pra outrem
O usufruto”…
Constatação VIII
Não se deve confundir talento com tá lento, muito embora muita gente de talento viva escutando: “Tá lento”.
Constatação IX
Não se deve confundir gama com cama, muito embora exista uma gama de tipos e modelos de cama para todos os gostos. Ressalte-se, ainda, a bem da verdade, que a finalidade de todas é – mais ou menos: mais menos do que mais, ou, talvez, até mais, mais do que menos – a mesma, isto é, dormir. Creio, caro leitor, que ficou mais ou menos claro essa tão didática explicação.
Constatação X (Ah, esse nosso vernáculo).
Súplice,
A tréplica
Do cúmplice,
Embestou.
Não contestou
A réplica.
DÚVIDAS CRUCIAIS
Dúvida I (Cuja resposta é de transcendental importância para o futuro da Humanidade…)
Tem gente que, quando espirra, não diz “atchim”, como é de praxe, mas apenas “atchi”, suprimindo o “m”. Seria o que se pode chamar de um espirro capenga ?
Dúvida II
Sob condição
Normal
De pressão
E temperatura,
Ela, afinal,
É candura,
E ternura,
Quando carente,
Somente
Na posição
Horizontal ?
Dúvida III (Via pseudohaicai).
Urdiu uma trama
Pra levá-la*
Pra cama ?
*A coberta, prezado leitor, apenas a coberta. Não o que o prezado leitor estava pensando. Aliás, prezado leitor, vamos parar de pensar só naquilo, tá ?
Dúvida IV
Quem será que inventou essa mentira de “quem com ferro fere, com ferro será ferido” ? E também aquela outra: “Quem semeia ventos, colhe tempestades” ?
Dúvida V
Os candidatos que se apresentam na televisão são atores – alguns maus; outros péssimos – e nunca se deram conta disso ?
Dúvida VI
-“Opa!
Cadê a sopa ?
Será que enfurnou
O cozinheiro ?
Ou, por ser ligeiro,
O caldo entornou ?”
Observação: Em certos países, as palavras “sopa” e “cozinheiro” podem ser substituídas por outras mais condizentes com a situação local.
Dúvida VII (Via pseudo-haicai).
Fazer regime,
Em dia de festa,
É, de lesa-pátria, um crime ?
Dúvida VIII (Via pseudo-haicai).
Orgulhosa, impávida,
Foi a invicta
Que apareceu grávida ?
Dúvida IX (Via pseudo-haicai).
Preciso do seu préstimo:
Daria para me fazer
Um pequenino empréstimo ?
Dúvida X (De cultura geral, via pseudo-haicai).
Foi o Tarzan
Que esgrimou com o pirata ?
Ou foi o Peter Pan ?
Dúvida XI
Rumorejando está constituindo um concurso para ver qual foi o político que mais mudou de partido em termos mundiais, Brasil, Paraná, etc. Quem você acha que ganha ? (Cartas à redação). Como prêmio, o vencedor fica dispensado de assistir o programa de propaganda política.
Dúvida XII
Sinceramente, o que é que você pensa do motorista que não te agradece quando você “cede o passo”, o deixando passar na sua frente ao sair duma garagem, entrar na preferencial, ou algo assim ?
Dúvida XIII
Para que é que serve mesmo a bomba atômica ?
Dúvida XIV
Plutocrata é o sujeito que só assiste desenho animado do Pluto ?
Dúvida XV
Quem afirma que até hoje não perdeu um texto que havia batido no computador é um refinado mentiroso ?
Dúvida XVI
Foi o Homem das Trevas que, ao ver pela primeira vez a luz do sol, não só ficou ofuscado como, também, levou um baita susto da sua própria sombra ?
Dúvida XVII
O suspeito era um cidadão confiável. Tava acima de qualquer suspeita ?
Dúvida XVIII (Lucubrativa).
Você não acha, prezado leitor, que a palavra “porciúncula”, que quer dizer pequena porção, porçãozinha, por ser polissilábica, deveria significar grande porção, porçãozona ?
Dúvida XIX
Por que será que tem tanta gente com cara de caricatura ?
Dúvida XX
Será que não foi um disco voador que provocou o apagão?
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