Arquivos Diários: 1 fevereiro, 2008

MEIO de TARDE poema de joanna andrade

Meio de tarde
No balanço de um blues
Pra lá e pra cá
O cenário de hotel
A cadeira e o guarda sol
A fumaça do cigarro e o cinzeiro lotado
A água da piscina
O gim e a tônica da solidão.

O RETORNO de DARIO poema de jairo pereira

Dario em seu retorno de quinta ou sexta vez
está mais velho e lívido os grisalhos nevados
a tez feliz de quem já viu-viveu quase-tudo
Dario o das palavras: estar ficar nada-fazer
as unhas bem feitas os óculos finos a testa alta
Dario o aristocrata descido de brancas nuvens
o andar preciso o sorriso aberto no ouro do dente
Dario o da mulher ausente os filhos por re-conhecer
no sétimo retorno de Dario a voz consente
da razão escolher assento nas Quedas do Iguaçu
onde o Dr. Jairo é o louco bom q. chuta postes
e a maneira dos gaúchos de culotes
fere a noite no tropel de seu cavalo monet
oferecido a vida e a morte por mero deleite.

CONTRA-CANALHAS poema de joão batista do lago

Quanto tempo ainda restará
Para conviver com os canalhas?

Vive-se um tempo de batalha: a
Virtude é pura moeda rara!
Perdeu-se a vergonha da cara;
Falta coragem de usar a navalha.

Ó, República da vagabundalha,
República de miserável sorte,
Rasgaram-te as vestes da Ética (e)
Curvaram-te ante essa estética

Sangram-te, ó mãe, os canalhas!
Arrancar-te o Direito do peito é
Tudo que deseja a vagabundalha:
Nação inerte; prostrada ao leito.

Sangram-te, ó mãe, os canalhas!
Mas haverá dia que todo malfeito
Restará findo… restará morto…
A nação cativa se levantará do jugo

Então aí – o povo –, plebe ignara,
Tomará as rédeas do desatino e
Fará da nação cativa seu destino:
República de Virtude, Ética e Direito.