MEIO de TARDE poema de joanna andrade
No balanço de um blues
Pra lá e pra cá
O cenário de hotel
A cadeira e o guarda sol
A fumaça do cigarro e o cinzeiro lotado
A água da piscina
O gim e a tônica da solidão.
O RETORNO de DARIO poema de jairo pereira
Dario em seu retorno de quinta ou sexta vez
está mais velho e lívido os grisalhos nevados
a tez feliz de quem já viu-viveu quase-tudo
Dario o das palavras: estar ficar nada-fazer
as unhas bem feitas os óculos finos a testa alta
Dario o aristocrata descido de brancas nuvens
o andar preciso o sorriso aberto no ouro do dente
Dario o da mulher ausente os filhos por re-conhecer
no sétimo retorno de Dario a voz consente
da razão escolher assento nas Quedas do Iguaçu
onde o Dr. Jairo é o louco bom q. chuta postes
e a maneira dos gaúchos de culotes
fere a noite no tropel de seu cavalo monet
oferecido a vida e a morte por mero deleite.
CONTRA-CANALHAS poema de joão batista do lago
Quanto tempo ainda restará
Para conviver com os canalhas?
Vive-se um tempo de batalha: a
Virtude é pura moeda rara!
Perdeu-se a vergonha da cara;
Falta coragem de usar a navalha.
Ó, República da vagabundalha,
República de miserável sorte,
Rasgaram-te as vestes da Ética (e)
Curvaram-te ante essa estética
Sangram-te, ó mãe, os canalhas!
Arrancar-te o Direito do peito é
Tudo que deseja a vagabundalha:
Nação inerte; prostrada ao leito.
Sangram-te, ó mãe, os canalhas!
Mas haverá dia que todo malfeito
Restará findo… restará morto…
A nação cativa se levantará do jugo
Então aí – o povo –, plebe ignara,
Tomará as rédeas do desatino e
Fará da nação cativa seu destino:
República de Virtude, Ética e Direito.
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