Na minha casa
não tem compartimento secreto
nem lugar proibido.
Minha casa é um livro aberto
Com meus amigos divido.
Na minha casa tudo combina
Com qualquer clima, qualquer astral.
O chinelo havaiana não reclama
De morar debaixo da cama
Com um velho sapato social.
As fotos dos filhos estão por toda parte
Exibo sim, são minhas obras de arte
Não importa que partam
Sou porto,
São partes de mim.
Uma erva daninha nasceu na floreira
E cresceu trepadeira, não posso arrancar
Um pé de gerânio abriu a cortina
E na surdina deixou o sol entrar.
Lá em casa tem creme pra cabelo seco,
molhado, pixaco, loiro, ruivo e preto.
Tem óleo, toalha e escova de dente
vá que alguém de repente resolva pernoitar.
Os livros povoam a sala, banheiro,
armários, gavetas e estantes.
São meus companheiros,
eternos amantes
nunca vão me abandonar.
Na parede não tem uma rede,
Mas tem um desenho de lápis de cor
Feito por minha mãe, num papel almaço.
Tem muito mais valor
Do que qualquer obra do Picasso.
Tenho tudo que preciso
No meu Cinema Paradiso:
Poderoso Chefão, Telma e Louize
Chico, Betania, Cartola e Gil
A Rita está ali, mas o Milton sumiu
Na cristaleira não tem taça de cristal
Mas tem cachaça, tequila e mescal
Um vinho barato, licor de pequi
E uma última dose de bacardi.
Na minha casa
Não tem compartimento secreto
Nem lugar proibido.
Minha vida é um litro aberto
que trago com meus amigos.
.
ilustração da autora.
Amigos Tonicato e Manoel
Eu nem sei se o que escrevo é poesia…
Sou vadia que nem Clementina
Se tiver que “trabalhar” o poema, to fora.
Agora, se ele brota eu colho.
Se é joio ou trigo, não ligo.
Desde que flua, sorvo.
Se me estorva, vomito.
Escrevo no grito, no instinto.
As vezes sinto.
As vezes, Toni, capto
(as vezes essa mentecapta aqui,
mente descaradamente)
Outras vezes, Maneco, peco
propositadamente.
Cometo verdadeiras heresia textuais.
Depois me penitencio
Jurando nunca mais escrever.
E é isso… sigo tropeçando nas palavras,
Sem compromisso nem pretensão.
Obrigada aos dois, pelo carinho, pela leitura, pelo comentário poético (vocês sim, escrevem poesia!)
Um abração e saibam que minha humilde morada está sempre aberta.
Marilda
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Marilda…
Chego a essa tua morada,
pra perguntar com meu canto,
pela poesia , mais nada
e pra beber seu encanto.
Aonde achas teus versos?
como nasce a inspiração?
teus apetrechos, diversos,
inscritos no coração…
Não quero a escova de dente
só a amante das poesias…
esse astral de namorada,
e que digas, a mim somente,
em que fonte te sacias
pra cantar tão inspirada.
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Marilda,
Quanto mais te leio mais te glorifico.
Pouco te conheço e quase já te conheço.
Este poema…Ah este poema.
O que dizer que não está dito?
Por isto mesmo agora repito:
Marilda quase te conheço.
Por que demorei tantos anos assim?
Em quais mundos paralelos voavam minhas asas?
Para não ver tuas janelas cheias de frestas.
Grande poema, Marilda.
“Lá em casa tem creme pra cabelo seco,
molhado, pixaco, loiro, ruivo e preto.
Tem óleo, toalha e escova de dente
vá que alguém de repente resolva pernoitar.”
Que coisa linda, Marilda.
Grande Abraço, palavreira.
TM
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