Arquivos Diários: 20 julho, 2008

EM NOME DO PAI & DA PALAVRA – de jairo pereira

 

Em nome do pai, do filho e do espíritho santo da poesia. A palavra tem esse dom, de concentrar energias, q. nossos sentidos não conseguem identificar. O signo e suas sadias espirithações, como já disse na apresentação do meu livro-poema Espirith Opéia. A gente vai e volta, na mesma questão: a palavra será capaz de manter-se no tempo, como signo majoritário à poesia do futuro!? Não tenho dúvidas q. sim. Partícula mínima das linguagens escritas, a palavra, oferece a possibilidade do processo de conhecimento. Ciências, philosophias, éticas e estéticas, tornam-se acessíveis pelas linguagens escritas. Assim, o conhecer se dá diretamente pelo manuseio da língua e da palavra q. a compõe. Ninguém vai muito longe, guiando-se só por signos visuais, símbolos ou ideogramas, no processo do cognocer. Ainda mais por ícones expressos numa tela de computador.

Instrumento criado por Deus, a palavra, não poderia ser diferente, nas suas qualidades numinosas, ou seja: ser simples, direta, como água de fonte, e ao mesmo tempo ensejando complexas variações, na formação das mais diversas linguagens. E, não só isso: o exercício pleno e libertário das linguagens (compostas de palavras) opera o milagre da comunicação, numa primeira instância. Em segunda e terceira instância, nas mãos do artista, (poetas e escritores) A PALAVRA, alcança o estágio de elevação espirithual, também realizando outro grande milagre: a criação livre de author. A obra e seu lugar no espaço-tempo. A voz da linguagem, é nua e pura, em estado bruto. E, a linguagem da voz, após a intelecção (quando a linguagem não tem como escopo principal a comunicação direta) se traduz, na criação poético-ficcional. Entendo assim, sponte própria, nos meus parcos conhecimentos lingüísticos. Na realidade meus conhecimentos lingüísticos, são mais de poeta, manejador diuturno dos signos. A intimidade com a palavra é q. nos dá a compreensão do fenômeno e grandeza, dessa alma (palavra) aparentemente simples e impotente. Muitos governos ruíram, em face da palavra. O Poder da palavra, é maior de q. muitos poderes instituídos pelos homens. Não à toa, alguém contemplava reverencialmente, as inscrições nas pedras, no deserto. A palavra corroendo a pedra do tempo, e sempre mantida nas intempéries. Muitas vozes romperam fronteiras, trazendo na palavra novas ideologias. A palavra registra a vida, costumes, atos, fatos, idéias, projetos, realizações. A sã convicção do sujeito no dizer a palavra, vale mais q. muitos livros escritos, repousados nas grandes bibliotecas, como mortos em sarcófagos subterrâneos. Cristo, é exemplo paradigmático, quando se trata da força da palavra nos tempos. Gosto daquela belíssima sentença, ou duas conjugadas, na forma como aparecem: Eu vos deixo a paz. Eu lhes dou a minha paz. É de se perguntar aos sábios lingüistas, onde está, nos ditos acima, a voz da linguagem e a linguagem da voz?? Creio, comporem as presentes sentenças, conjugadas como estão, uma só linguagem e uma só voz. Portanto una, a linguagem da voz e a voz da linguagem. Prescindível, qualquer intelecção humana à emissão sígnica, acima expressa, o que retira de antemão a linguagem da voz. O que isso tudo tem a ver com poesia?! Pense o q. quiser pensar. Tem tudo e nada ao mesmo tempo. Primeiro porque a poesia tem o poder de instituir-se da mesma forma q. a palavra nathuralmente, num processo de simples fala, quando se trata de poetas sem a dita cultura civilizada. Segundo porque os deuses excêntricos da criação, com suas extravagâncias, de conduta, mentem muito e em prestidigitações inumeráveis, enganam o sujeito/criador. A relação sujeito x objeto x prismas de análise, tríade, originária de toda arte, fulgurações no céu, acidentes da língua, fala e consciência, são determinantes do produto final: a obra. O que era simples palavra no início, na abordagem primária dos objetos, torna-se com ação e esforço ou acidente dos sentidos, composto singular, complexo nos meios e fins, ao ponto de o emissor dos signos, esquecer q. aquilo tudo fora constituido pela simples palavra, q. encanta e ilumina. Não gosto dessa coisa, de ficar procurando símbolos arbitrários no computador, (embora já tenha feito isso) ou nos diversos outros meios eletrônicos, a fim de compor um poema, um conto, uma criação livre de author. Todos os conflitos étnicos, fatos philosóphicos, antropológicos, místicos e religiosos, estão contidos na simples palavra. O bom dia (esse simples cumprimento) diz mais q. muitas teses de lingüistas eméritos da USP e outras grandes universidades brasileiras. O q. interessa ao poeta é o q. interessa à poesia: milagre de luz na criação q. comunica e expande o signo/palavra. É muita tese, pra pouco resultado prático. O q. buscam eles, os “gênios” da lingüística?! Só deus sabe. E, o acúmulo inócuo de teses é imensurável. Nós os poetas, podemos prescindir da tese e atingir o nirvana com a simples palavra q. ilumina. Comer o pão pela manhã e servir-se da palavra no todo dia. A palavra como ente sagrado, inesgotável na sua tridimensionalidade de significação, combinações infinitas, etc. Um mundo, dois mundos, três mundos, multimundos se erigem com a simples palavra q. ilumina. Uma benção, indescritível esse poder, q. não é conquistado à força, não é vendido, nem leiloado pelos trogloditas tecnocratas. Q. a força de minhas palavras na esteira crística, pastoreiem belas imagens, a fim de compor minha poesia. Uma poesia de força de investimento nos atos, fatos, pensamentos. Os governos detém a palavra como instrumento de PODER, falseando-a, em verdade, ética e impondo estéticas de horror. A própria palavra nos parlamentos, vinga-se dos ordinários. Anjos poliglotas vigiam, o bom uso da língua e os desideratos singelos da santa palavra. Não se iluda. Tua sanha de poder e asco, nada pode contra os atributos do signo verbal. O poeta, procura extrair da palavra o seu poder sacrossanto, criônico, e de revelação da vida. Andar pelas veredas impostas pela palavra e descobrir os mundos novos, q. o imaginário propicia, é dos melhores prazeres terrenos. Minhas mulheres, idealizadas nas palavras. Minhas utopias, projeções de mundos ideais, relações cordiais e profícuas criações. A mãe sabe disso: a mãe provedora universal, a linguagem de minhas verdadeiras palavras. A poesia, nunca irá trair o desiderato da pobre e glorificada palavra. Aos monstros, a subversão deletéria dos signos. Como liberdade de expressão, ético-estética, o poeta também pode fazer isso, e o faz, mas num plano de criação livre, embalado pelas musas e os amplos horizontes de confirmação do talento, chuvas de facas e fumacear de gases tóxicos. O dramaturgo, o cineasta em seus roteiros, o ficcionista em sua prosa, idem nas especulações/projeções fantasiosas com os signos. A questão é manter o respeito e render-se aos milagres q. o signo/verbal nos oferece. Esta a nossa grande estrela, poetas, (a palavra) oferecida no céu da lira entusiasmada, como majoritário instrumento da criação. Todo signo, símbolo, ideograma, ícone e módulos de significações semióticos, fotópticos & afins, serão bem vindos ao processo da poesia do futuro. Mas jamais, podemos prescindir da palavra, língua e linguagens, no processo de conhecer e ser conhecido, decodificar e ser decodificado, megassêmico cosmos do dizer e ser dito. Há de se ter destreza com a palavra, sim. Destreza, interesse, razão, emoção, projeção, pontos importantes, aos compostos do alto espíritho. Minhas palavras, meus sopros, meus gritos, meus nervos, minha intelecção, minha construção de mundo, minha philosophia, minha práxis e ideologia. Quem é capaz, de descartar em sua vida o esplendor da palavra? Na lúdica jogada do viver e fazer poesia, a palavra é como santinha de igreja, de se carregar no bolso. Falta nos água, mas não palavra, falta nos o pão, a mesa posta, mas não palavra. Falta nos o sonho, mas não a palavra, mesmo sendo essa a Senhora esplendorosa do sonho. Um não-sonhar, é só quando a palavra solipsia, e o sujeito criador, se deixa levar pelo baixo espíritho. As negras presenças invisíveis, cerceiam, caçam e prendem a palavra. Um poeta, estar sempre em guarda, na liberdade plena e irrestrita da palavra. Ela a deusa do dizer, conhecer, compor, nos levará aos mundos da razão e des-razão, aos elevados/enlevados da alma dos tempos. Mesmo os loucos-loucos nos manicômios, rendem-se aos ruídos da alma (proto-palavras, palavras), a denotar seus estados de ser, sentir e estar no mundo. Os loucos e as palavras tem tudo em comum: vertentes de significados difusos, quando é preciso, monólogos longos ao caminho do nada, q. é perder-se e encontrar-se na própria palavra.    

A palavra vã, em suas vestes pobres, milagreira da imagens: identidade e contradição, silêncio e ruído, realidade e imaginação, todas antinomias, na sua órbita de entendimento. Mãe dos entes concretos e abstratos, a palavra, pisa todos os caminhos, navega todos os mares, e nunca se dá por vencida na sua missão de nos revelar a vida. O homem q. habita na palavra está em sintonia com o cosmos. É espelho da alma contrita do signo lêtrico, navega, configura e expande o dicionário universal. Resido de há tempos, nesse ente numinoso, bem coletivo, supercomum a todos os homens. Em seus canais de significação, interpreto a vida, crio meus poemas, ensaio, ficciono, produzo a estética e philosophia de minha grande verdade. Sou portanto, inquilino vitalício da palavra, e o aluguel q. pago, sopro vital, meu entusiasmo diante do objetário q. me cerca, reflete na minha nathureza (consciência e inconsciência) e é devolvido em texto pra esse mesmo mundo e realidade. Viva a vida, sempre renovada, no interior da palavra. E viva a poesia q. emana da sua lavra preciosa, mina inesgotável de um dos minérios mais caros, ao homem: o sublime.

 

hErMes lUcAs pErê

Autor de Anemoria (poesia),

Poie-açu (poesia) e Arroz, feijão e philosophia

(multiprosa), inéditos, a serem publicados

no ano 2010, por editora do Asteróide

ZIPHSK 333, da Órbita Savagé.

 

 

 

sem crédito. ilustração do site.

Rumorejando (Quanta gente da coluna social para a policial passando) – por josé zokner (juca)

PEQUENAS CONSTATAÇÕES, NA FALTA DE MAIORES.

 

Constatação I (De uma dúvida crucial. Não deste assim chamado escriba).

E como ponderava o obcecado em suas – dele – lucubrações: “Não vejo mal algum no que aconteceu entre o Bill Clinton com a Mônica Levinski. Será que alguma alma piedosa, caridosa e beatífica poderia me explicar o porquê de tanta celeuma?

Constatação II (Dúvida crucial via pseudo-haicai).

É um xereta sexual

Também

O voyeur virtual?

Constatação III

Rico fala com convicção; pobre, enrola.

Constatação IV

Quem não lê, não tem assunto. Consequentemente, ficando falando dos outros. E, evidentemente, em condição (a)normal de pressão e temperatura, só mal…

Constatação V (Dúvida crucial, via pseudo haicai).

Foi o jacaré que ‘seliconou’

A sua – dele – “poupança”

E se sentou?

Constatação VI (De diálogos matrimoniais).

Disse o marido recém casado pra mulher:

-“Um pedido teu pra mim é uma ordem”.

Respondeu a mulher:

-“Eu jamais faço pedido. Eu apenas dou uma ordem”.

-“Ah bom, quer dizer, ah ruim, quer dizer, ah bom mesmo”.

Constatação VII

A cera técnica no jogo de futebol pode fazer falta no final para quem estava todo o tempo fazendo. Mal comparado, às vezes, é o tipo do tiro (de meta ou de falta) que saiu pela culatra (chutado contra o próprio arco).

Constatação VIII

A gente pode não ter ganhado um Prêmio Nobel, mas tem o fato de sempre estar inovando no nosso sistema democrático, representado pelo Executivo, Legislativo e Judiciário. Principalmente nas incongruências…

Constatação IX

Em homenagem ao Dia Mundial do Rock’n’roll passei o dia escutando chorinho, mas com o pensamento respeitoso aos adeptos desse ritmo. Se houver um Dia Mundial ou, ao menos Brasileiro, do Chorinho vou passar o dia escutando os mesmos chorinhos para lembrar a minha homenagem ao Dia Mundial do Rock’n’roll…

Constatação X (Reminiscências…)

O engenheiro Karlos Rischbieter lançou no dia 1° de abril deste ano o livro Fragmentos de Memória, abordando, dentre outros, aspectos da sua vida profissional. Nele, há referência a sua participação na vinda da Volvo para Curitiba. O que me suscitou a lembrança de um fato, com relação à fábrica de ônibus e caminhões sueca que ocorreu quando eu era empregado do BADEP – Banco de Desenvolvimento do Paraná S. A. Vamos a ela, pois:

Lá pela década de 70 fui instado a atender dois funcionários, ligados à comunicação social da Volvo sueca, que chegaram, após passar por São Paulo, a Curitiba. Do aeroporto Afonso Pena levei-os para a Cidade Industrial de Curitiba, a fim de mostrar o terreno aonde iria se localizar a fábrica, como de fato veio a acontecer. Também para que vissem as indústrias já implantadas ou em fase de implantação. Na volta, passamos pela CEASA – Centrais de Abastecimento do Paraná S.A., o terminal abastecedor de alimentos, onde foi explanado como uma provável fonte supridora para o refeitório da empresa. Quando estávamos circulando pelo pátio da CEASA, os suecos se puseram a gritar: “Um caminhão Volvo! Um caminhão Volvo!” Saltaram do carro e começaram a tirar fotos de todos os ângulos possíveis e imagináveis de um caminhão Volvo, modelo da década de 50, que se encontrava estacionado. Copiaram o número do motor, do chassi, da placa, do certificado de propriedade. Abriram o capô, examinaram por cima e por baixo. Fizeram mil perguntas ao proprietário. Após solicitar que fosse posto em movimento, auscultaram o ritmo do motor. Enfim, fizeram um estardalhaço tal que até o guarda em serviço veio ver o que estava acontecendo. Também ele não deixou de levar sua lembrancinha da Volvo, àquela altura distribuída em profusão. Mormente ao dono do caminhão que já estava ficando tonto com toda aquela inesperada atenção.

Em certo momento, o proprietário – um catarinense dono de uma simplicidade e simpatia irradiantes – me chama ao lado e me pergunta:

-“Mas afinal, quem são esses caras aí?”

-“Esses ‘caras aí’ são funcionários da Volvo. Não sei se o senhor sabe, a Volvo vai implantar uma fábrica de caminhões em Curitiba”.

-“Ah é? E vai demorar muito?”, tornou a perguntar.

-“Não. Acho que daqui a dois anos deverá estar pronta”.

-“Então será que o senhor poderia perguntar se, quando os caminhões estiverem prontos, eles me dariam um novo de presente?”

E-mail: josezokner@rimasprimas.com.br

 

            a fenomenal barriga do “fenômeno.” sem crédito. ilustração do site.